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CATÁSTROFE NO RS: "Até duas semanas vivíamos nossa vida normalmente", diz moradora de Gramado que perdeu casa

Ylannia Lorena residia com a filha pequena, o marido e a sogra na Rua Guilherme Dal Ri, no bairro Piratini

Publicado em: 14/05/2024 17:12
Última atualização: 14/05/2024 18:10

 "A sensação é de impotência, até duas semanas atrás vivíamos nossa vida normalmente, adorava nossa casa e de uma hora para outra tivemos que abandonar tudo. Mas ficar vivo foi o único alívio que ficou." Esse é o relato de Ylannia Lorena, de 23 anos. Ela, junto do esposo, de 21, a sogra, de 39, e a filha de apenas 3 anos, perderam tudo no sábado (11). A casa onde residiam no bairro Piratini, em Gramado, colapsou e caiu.

Casas colapsaram com as chuvas do final de semana na Guilherme Dal Ri Foto: Arquivo pessoal

Naturais de Recife, são moradores da cidade da Serra gaúcha há cinco anos. A casa foi alugada fazia poucos meses - estavam desde fevereiro - e o terreno era dividido com outras duas moradias, na Guilherme Dal Ri, uma das vias que foi evacuada pela Defesa Civil. O pesadelo para a família iniciou no dia 2 de maio.

"Eu notei rachaduras na escadaria e na primeira casa. Liguei para a Defesa Civil que nos orientou a sair de casa. Fiquei uns dias em hotel e agora estamos na casa do meu irmão", afirma Ylannia. A sua residência era a dos fundos e no período, as chuvas ainda eram intensas na cidade. Foram quase 500mm de precipitação entre o final de abril e começo de maio.

Atualmente, a família permanece no bairro, agora na Rua Getúlio Vargas - outra localidade que também possui residências interditadas pelo Gabinete de Crise. A casa do irmão fica do outro lado da via que tem terrenos evacuados pela Defesa Civil. 

"De início não sabíamos que não iríamos voltar para casa, o meu primeiro sentimento foi de desespero porque achava que poderia desabar a qualquer momento com todos dentro", relembra.

Fé e a necessidade de recomeço

Ainda segunda a ex-moradora da localidade, havia esperança que com o cessar das chuvas pudesse retornar ou até mesmo retirar os pertences. "Quando a Defesa Civil começou a vistoriar a rua, íamos todos os dias saber a situação e não era possível entrar. Eles nos pediram para sair imediatamente pelo risco iminente de desabamento. A minha casa era a última do terreno, então eles nos deram um pouco de esperança de entrarmos se as chuvas parassem dois dias", explica. 

Contudo, a chuva não parou. O solo piorou. "Nunca presenciei tanta chuva. Se tornou impossível de entrar. Eu tinha comprado tudo a menos de quatro meses", comenta Ylannia, que saiu apenas com a roupa do corpo.

Casas colapsaram com as chuvas do final de semana na Guilherme Dal RiArquivo pessoal
Casas começaram a ceder na última semanaDivulgação
Ylannia residia na casa aos fundos; eram três no mesmo terrenoGoogle Maps

Incerteza é a palavra que define o momento e a vida dos familiares. A casa cedeu aos poucos, até ir completamente ao chão, junto de outras próximas. "Não sabemos o que vai acontecer, infelizmente não dá para saber, só esperar. Eu sinto que não posso fazer mais nada a não ser deixar ir e seguir a vida, mas isso é bem doloroso, porque eu deixei minha vida inteira lá", lamenta.

Ela ainda reitera que aguarda por ajuda do Executivo municipal na busca por um novo lar. "Ainda não sabemos dos próximos passos, nos informaram que o governo iria nos ajudar na nossa recuperação, mas não sei quando e como. Fizemos um cadastro na Assistência Social e estamos aguardando, mas acredito que não seja algo imediato", coloca.

Ylannia ainda complementa a pasta forneceu a eles água, cesta básica e apoio psicológico, se fosse necessário. O intuito, ainda, é buscar um outro imóvel para locar.

"Pretendemos ir para outro lugar, mas com tantos desabrigados, a procura de casas está bem complicado", preocupa-se a gramadense. Conforme o boletim da noite de segunda-feira (13), Gramado tem 1,1 mil pessoas desalojadas e desabrigadas.

"Não duvidem dos alertas"

Para Ylannia, a comunidade deve ficar forte e obedecer às forças de segurança, quanto aos pedidos de evacuação das casas. Para ela, estarem vivos é o que importa.

"Não duvidem dos alertas e não arrisquem, não fiquem em casa se eles pedirem para sair, isso pode custar muito caro. Agora precisamos seguir em frente e tudo ficará bem, o povo gaúcho é forte".

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