RELAÇÃO FAMILIAR
Casal mora dentro de um hotel em Gramado há mais de 30 anos
Jersi e Vitória, de 84 e 80 anos, transformaram o lar em empreendimento
Última atualização: 29/12/2023 16:40
Para muitos, morar em um hotel aparenta ser um sonho. Serviço de quarto, café da manhã e disponibilidade de serviços são uma gama de benefícios que são oferecidos aos hóspedes, quando costumam reservar um quarto para ficar no local durante determinado período.
Já para o casal Jersi e Vitória Bertoluci, de 84 e 80 anos, a realidade é diferente. Proprietários do Hotel Bertoluci, eles residem no empreendimento há mais de 30 anos.
A residência deles se tornou uma casa hoteleira, com uma suíte especialmente arquitetada para a família. Nas últimas três décadas, envolvem-se em atividades e tarefas cotidianas do local. Com princípios de acolhimento, a ideia é que o visitante se sinta no seu próprio lar. Inclusive, o hóspede pode ser surpreendido por gatos ou cachorros andando pelo local, pets da família.
História
A família, descendente de italianos, iniciou os negócios com uma pousada, com apenas 11 quartos. Ao longo dos anos, foram ampliando a estrutura, conforme o aumento da demanda. Antes de transformar todo o terreno em um hotel, a área abrigou a churrascaria Quatro Rodas, por cerca de 26 anos.
Hoje, o estabelecimento possui 64 apartamentos, sendo um temático, e o café da manhã possui receitas da "nona" Bertoluci. Bolos caseiros e as geleias se tornaram carros-chefes do local.
Escolha por morar
O nome do empreendimento foi uma homenagem às gerações familiares anteriores, que fundaram o primeiro hotel do município.
"Pai e a mãe sempre foram de trabalhar e constituir bens. Hoje queremos contar a história de como começaram e voltar lá na geração do primeiro hotel Bertoluci, com nossos antepassados", justifica a filha Maiara Bertoluci.
A escolha por morar também reflete no atendimento oferecido e na observação por detalhes. "É um conjunto, onde o pai e a mãe conversam com meus irmãos. O papel do pai é cuidar do pátio. Aí a mãe já brigamos porque não quer emprestar as orquídeas para ajudar na decoração do hotel. É uma casa grande, vai ter brigas, vai ter risadas", revela Maia.
A moradia também trouxe incomodações. "Já foi motivo de brigas na família, dizíamos que eles tinham que sair, morar em outro lugar. Mas hoje já não conseguimos enxergar isso acontecendo, porque eles fazem parte, são essência do hotel, são o hotel, foi através deles que começou."
“Extensão da casa”
Quando questionados se gostam de morar no hotel, são enfáticos e afirmam sem titubear. “Gosto, o que eu mais gosto de fazer é ficar em casa e cuidar das minhas plantas”, conta Vitória.
Para a filha Maiara, residir também se torna um desafio para os pais. “Tudo é dividido, mas uma coisa só. A porta da casa deles não é a porta que podem chavear. É entender que a casa deles é no apartamento, mas aqui, no salão, recepção, também é a extensão da nossa casa”, afirma.
E o pai Jersi tem uma rotina diária em relação a cuidados junto aos funcionários. “Todo dia pergunto se tem coisas na rua, se levou o lixo, se chavearam bem a porta atrás, se não esqueceram de ligar a luz”, complementa.
A suíte do casal é adaptada para as necessidades deles. “Eles tomam café na casa deles, mas o pai vem e confraterniza com os hóspedes pela manhã. No inverno, oferece pinhão na chapa e vinho que ele faz. A cachorra deles, a Bilinha, desce e os hóspedes enxergam ela. Apesar da limitação da casa, eles são os proprietários. Eles não estão mais a frente, mas estão presentes”, diz Maiara. “Eu ainda bato o martelo”, brinca Jersi.
Homenagear e compartilhar
Para os filhos, existem eixos que permanecerão sempre na administração. “Uma coisa que perpetua aqui dentro do hotel e não pode mudar é a essência, a construção e a presença da família. Em relação às gostosuras, principalmente os doces, que vêm da minha mãe, da minha irmã”, argumenta Maiara.
Como um marco pelos 30 anos do Hotel Bertoluci, uma parede, repleta de fotografias e imagens históricas, foi montada. “Sempre foi muito contada a história do pai, de como ele veio da colônia e construiu tudo. Agora, estamos resgatando a memória do que o hotel era, na época da Pierina, com a história do novo hotel Bertoluci, com a família do Jersi. Somos únicos, independentes e estritamente familiar”, pontua a filha.
“Só Pai do Céu sabe o quanto agradeço, nunca imaginei isso quando trabalhava na roça, na Linha Nova. Em 35 anos, nunca tirei um domingo para passear, sempre vivi junto dentro de onde trabalhava, a cabeça não deixava”, relembra Jersi.
Para muitos, morar em um hotel aparenta ser um sonho. Serviço de quarto, café da manhã e disponibilidade de serviços são uma gama de benefícios que são oferecidos aos hóspedes, quando costumam reservar um quarto para ficar no local durante determinado período.
Já para o casal Jersi e Vitória Bertoluci, de 84 e 80 anos, a realidade é diferente. Proprietários do Hotel Bertoluci, eles residem no empreendimento há mais de 30 anos.
A residência deles se tornou uma casa hoteleira, com uma suíte especialmente arquitetada para a família. Nas últimas três décadas, envolvem-se em atividades e tarefas cotidianas do local. Com princípios de acolhimento, a ideia é que o visitante se sinta no seu próprio lar. Inclusive, o hóspede pode ser surpreendido por gatos ou cachorros andando pelo local, pets da família.
História
A família, descendente de italianos, iniciou os negócios com uma pousada, com apenas 11 quartos. Ao longo dos anos, foram ampliando a estrutura, conforme o aumento da demanda. Antes de transformar todo o terreno em um hotel, a área abrigou a churrascaria Quatro Rodas, por cerca de 26 anos.
Hoje, o estabelecimento possui 64 apartamentos, sendo um temático, e o café da manhã possui receitas da "nona" Bertoluci. Bolos caseiros e as geleias se tornaram carros-chefes do local.
Escolha por morar
O nome do empreendimento foi uma homenagem às gerações familiares anteriores, que fundaram o primeiro hotel do município.
"Pai e a mãe sempre foram de trabalhar e constituir bens. Hoje queremos contar a história de como começaram e voltar lá na geração do primeiro hotel Bertoluci, com nossos antepassados", justifica a filha Maiara Bertoluci.
A escolha por morar também reflete no atendimento oferecido e na observação por detalhes. "É um conjunto, onde o pai e a mãe conversam com meus irmãos. O papel do pai é cuidar do pátio. Aí a mãe já brigamos porque não quer emprestar as orquídeas para ajudar na decoração do hotel. É uma casa grande, vai ter brigas, vai ter risadas", revela Maia.
A moradia também trouxe incomodações. "Já foi motivo de brigas na família, dizíamos que eles tinham que sair, morar em outro lugar. Mas hoje já não conseguimos enxergar isso acontecendo, porque eles fazem parte, são essência do hotel, são o hotel, foi através deles que começou."
“Extensão da casa”
Quando questionados se gostam de morar no hotel, são enfáticos e afirmam sem titubear. “Gosto, o que eu mais gosto de fazer é ficar em casa e cuidar das minhas plantas”, conta Vitória.
Para a filha Maiara, residir também se torna um desafio para os pais. “Tudo é dividido, mas uma coisa só. A porta da casa deles não é a porta que podem chavear. É entender que a casa deles é no apartamento, mas aqui, no salão, recepção, também é a extensão da nossa casa”, afirma.
E o pai Jersi tem uma rotina diária em relação a cuidados junto aos funcionários. “Todo dia pergunto se tem coisas na rua, se levou o lixo, se chavearam bem a porta atrás, se não esqueceram de ligar a luz”, complementa.
A suíte do casal é adaptada para as necessidades deles. “Eles tomam café na casa deles, mas o pai vem e confraterniza com os hóspedes pela manhã. No inverno, oferece pinhão na chapa e vinho que ele faz. A cachorra deles, a Bilinha, desce e os hóspedes enxergam ela. Apesar da limitação da casa, eles são os proprietários. Eles não estão mais a frente, mas estão presentes”, diz Maiara. “Eu ainda bato o martelo”, brinca Jersi.
Homenagear e compartilhar
Para os filhos, existem eixos que permanecerão sempre na administração. “Uma coisa que perpetua aqui dentro do hotel e não pode mudar é a essência, a construção e a presença da família. Em relação às gostosuras, principalmente os doces, que vêm da minha mãe, da minha irmã”, argumenta Maiara.
Como um marco pelos 30 anos do Hotel Bertoluci, uma parede, repleta de fotografias e imagens históricas, foi montada. “Sempre foi muito contada a história do pai, de como ele veio da colônia e construiu tudo. Agora, estamos resgatando a memória do que o hotel era, na época da Pierina, com a história do novo hotel Bertoluci, com a família do Jersi. Somos únicos, independentes e estritamente familiar”, pontua a filha.
“Só Pai do Céu sabe o quanto agradeço, nunca imaginei isso quando trabalhava na roça, na Linha Nova. Em 35 anos, nunca tirei um domingo para passear, sempre vivi junto dentro de onde trabalhava, a cabeça não deixava”, relembra Jersi.
Já para o casal Jersi e Vitória Bertoluci, de 84 e 80 anos, a realidade é diferente. Proprietários do Hotel Bertoluci, eles residem no empreendimento há mais de 30 anos.