Resgatar para contar a história do município que há quase oito décadas foi emancipado de Taquara. A proposta de servidores públicos da Prefeitura de Canela para valorizar objetos históricos da cidade se transformou em um acervo público.
O espaço, que conta com quadros, documentos, fotografias e até rolos de filmes do antigo cinema Marabá, estão disponíveis em uma ala criada e montada para apresentar à comunidade como o município canelense nasceu e se desenvolveu até completar 79 anos, nesta quinta-feira, dia 28 de dezembro.
Abertura
O acervo fica junto ao Departamento de Cultura, na Rua Danton Corrêa da Silva, número 747. A inauguração oficial do espaço ocorreu no dia 13 de dezembro. Contudo, o acervo começou a ser montado há cerca de quatro meses e segue em atualização, a partir de buscas e pesquisas da comissão formada pelos servidores Eduardo Macedo, Marcelo Wasem Veeck, Moisés de Souza, Sabrina Corsa e Solange Aguiar.
Conforme a diretora do Departamento de Cultura, Solange, a ideia de criar o acervo partiu de uma união de esforços, em recuperar itens que estavam guardados em diferentes secretarias municipais. “Pensamos em juntar tudo isso, encontramos objetos que não estavam sendo aproveitados ou em exposição”, pontua.
Entre itens históricos que podem ser conhecidos na localidade, estão troféus, a caixa número um de documentos da Prefeitura, com recibos e folhas de pagamento, além da primeira placa de veículo oficial do prefeito.
“A gente fica até com medo de mexer, pois são artigos de 1945. Tem livros- -caixa da administração também, o primeiro protótipo da bandeira de Canela, selo comemorativo dos 70 anos da cidade pelos Correios, o relógio-ponto fabricado pela Serraria Corso, de 1956, que era usado pelos funcionários na época”, conta Solange.
Modernizar
A ideia é colocar totens pelo acervo público, assim como gerar QRCodes junto aos itens históricos, para que o público possa conhecer a história daquele objeto através do redirecionamento de links no celular.
“O que queremos fazer é juntar esses documentos e criar uma legislação para que esse acervo seja mantido, independente do governo. Também seria preciso termos um arquivista ou museólogo e fazer a recuperação ou restauração de alguns quadros”, explica a servidora.
História
Uma parede histórica apresenta quadros de todos os prefeitos da cidade e do considerado fundador de Canela, o coronel João Ferreira Corrêa da Silva, que fez a primeira movimentação e formou o núcleo urbano, em 1903.
Em 1924, o então distrito recebeu a primeira locomotiva de Maria Fumaça. Com a ferrovia, houve expansão econômica e desenvolvimento turístico. Em 28 de dezembro de 1944, o município foi criado pela Lei Estadual nº 717. O primeiro prefeito foi Nelson Schneider.
Já o nome, conforme historiadores canelenses, provém de uma árvore, chamada de Canela. Na época, ela estava localizada na área central, em ponto hoje conhecido como Praça João Corrêa e servia como local de encontro.
Referência anos atrás com teatro de bonecos, a cidade da Serra é conhecida por suas belezas naturais, como a Cascata do Caracol, além de ter eleita uma das sete maravilhas do Brasil em 2010, a Catedral de Pedra, construída em 1932.
“Que seja preservado”
“Esse é o primeiro passo. Queremos que isso seja preservado, que o espaço se mantenha e a qualidade seja cada vez melhor. Nosso sonho é ter um espaço antigo, misturado ao moderno, como o trem, que completa 100 anos em 2024”, exemplifica a servidora.
“É muita história, temos historiadores em Canela que conhecem e relatam, e aqui, o acervo permite a experiência visual, até para as escolas, que podem visitar e obter diferentes tipos de conhecimentos e conferir as exposições”, justifica Solange.
“Muitos ensinamentos são gerados e transmitidos por esse acervo. É conviver com a arte, com a história, descobrir nossas origens, que alguém fez aquilo, por que fez, quem era aquela pessoa. Da onde veio, porque estamos aqui e aonde queremos chegar, é esse o objetivo”, complementa.
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Para 2024, exposições especiais devem ser montadas para os 80 anos, como de roupas e acessórios das rainhas e princesas das festas coloniais. O acervo municipal também recebe empréstimos de objetos para mostras e doações de itens históricos da comunidade.