AMOR PELA CULTURA GAÚCHA
Após perder cinco membros da família em acidente, jovem morador da Serra quer continuar legado do pai no tiro de laço
Felipe Vargas, que tem 16 anos, foi convidado para abrir o rodeio de Gramado, como forma de homenagear os entes queridos
Última atualização: 09/02/2024 12:11
"Aprendizado, humildade, respeito". Esses são os principais ensinamentos que o canelense Felipe Vargas, de 16 anos, aprendeu com o pai, Jonas Vargas. A sua principal companhia para os rodeios pelo Rio Grande do Sul afora não está mais presente fisicamente, mas será lembrado em todos os momentos.
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Em uma tragédia, Felipe perdeu cinco membros da família. No dia 5 de outubro de 2023, um grave acidente de trânsito ocorreu na RS-235, em São Francisco de Paula. A caminhonete conduzida por Jonas se chocou contra um caminhão. Além do pai, Felipe perdeu a mãe Leide Camelo, o irmão Diego de Andrade, que tinha apenas 7 anos, a avó Joana de Andrade e a prima Kauany Domingos. "Minha prima estava organizando a festa de 15 anos. Era para eu estar junto. Entrei no carro naquele dia, mas sai", relata o jovem.
Carregando o tradicionalismo gaúcho desde o avô, toda a família de Felipe gosta de rodeios. Ele ainda era bebê quando foi inserido nesse meio. Tomou gosto pelo laço e hoje é um dos atletas destaque da região, considerado, em 2019, o melhor laçador do Estado em sua categoria.
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Mesmo abalado com tudo o que aconteceu, o adolescente continua o legado, principalmente pelo pai. "Eu só sigo porque eles gostavam muito, acho que se não fosse por isso já tinha parado", desabafa, ao relembrar das vezes que laçou junto com Jonas e com tristeza ao dizer que nunca conseguiu competir ao lado do irmão.
Como uma forma de homenagear essa história, o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Manotaço convidou Felipe para abrir o 44º Rodeio Crioulo Nacional de Gramado, na quinta-feira, dia 8. Ele foi o primeiro a entrar na cancha e fazer sua armada na principal categoria do evento, a força A do Astro do Laço.
"A modalidade reúne os melhores laçadores e o Jonas faz parte disso. Uma homenagem pelo que a família representa para o tradicionalismo e para o tiro de laço. O Felipe é a continuidade dessa história", destaca o patrão do CTG, Fernando Gusen.
Mesmo com os 300 inscritos, Felipe, que representa o Piquete Lago Verde, sente-se confiante em vencer sua categoria e frisa que nem fica nervoso nesses momentos. "Acostumado já", brinca. Na força B, tem um troféu conquistado em Gramado. Neste ano, participará do evento com o cavalo que era do pai.
Atualmente, o jovem mora com um primo em uma fazenda de São Francisco de Paula, na localidade de Várzea do Cedro. No final do mês, ele iniciará o Ensino Médio em uma escola agrícola de Caxias do Sul e estuda com o sonho de se tornar veterinário.
Expectativa de público maior
Para a 44ª edição, o CTG espera que o rodeio supere o número de público do ano passado, que girou em torno de 12 mil pessoas. O sucesso do evento já pôde ser medido antes mesmo da abertura oficial, quando na terça-feira, dia 6, já tinha gente acampando na sede campeira, que fica no bairro Mato Queimado. O evento segue até o domingo, dia 11, com entrada gratuita. O estacionamento custa R$ 20.
Durante toda a quinta-feira, ocorreram as classificatórias do Astro do Laço, que terá a final disputada no domingo. A partir desta sexta, iniciam as outras modalidades do rodeio. No evento, serão distribuídos R$ 100 mil em prêmios.
Para o patrão Fernando, o rodeio é um momento de confraternização e de exaltar a cultura gaúcha. Ele destaca também o trabalho que é realizado durante todo o ano pelo CTG, proporcionando aulas de dança e de laço para a criançada.