“Aprendizado, humildade, respeito”. Esses são os principais ensinamentos que o canelense Felipe Vargas, de 16 anos, aprendeu com o pai, Jonas Vargas. A sua principal companhia para os rodeios pelo Rio Grande do Sul afora não está mais presente fisicamente, mas será lembrado em todos os momentos.
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Em uma tragédia, Felipe perdeu cinco membros da família. No dia 5 de outubro de 2023, um grave acidente de trânsito ocorreu na RS-235, em São Francisco de Paula. A caminhonete conduzida por Jonas se chocou contra um caminhão. Além do pai, Felipe perdeu a mãe Leide Camelo, o irmão Diego de Andrade, que tinha apenas 7 anos, a avó Joana de Andrade e a prima Kauany Domingos. “Minha prima estava organizando a festa de 15 anos. Era para eu estar junto. Entrei no carro naquele dia, mas sai”, relata o jovem.
Carregando o tradicionalismo gaúcho desde o avô, toda a família de Felipe gosta de rodeios. Ele ainda era bebê quando foi inserido nesse meio. Tomou gosto pelo laço e hoje é um dos atletas destaque da região, considerado, em 2019, o melhor laçador do Estado em sua categoria.
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Mesmo abalado com tudo o que aconteceu, o adolescente continua o legado, principalmente pelo pai. “Eu só sigo porque eles gostavam muito, acho que se não fosse por isso já tinha parado”, desabafa, ao relembrar das vezes que laçou junto com Jonas e com tristeza ao dizer que nunca conseguiu competir ao lado do irmão.
Como uma forma de homenagear essa história, o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Manotaço convidou Felipe para abrir o 44º Rodeio Crioulo Nacional de Gramado, na quinta-feira, dia 8. Ele foi o primeiro a entrar na cancha e fazer sua armada na principal categoria do evento, a força A do Astro do Laço.
“A modalidade reúne os melhores laçadores e o Jonas faz parte disso. Uma homenagem pelo que a família representa para o tradicionalismo e para o tiro de laço. O Felipe é a continuidade dessa história”, destaca o patrão do CTG, Fernando Gusen.
Mesmo com os 300 inscritos, Felipe, que representa o Piquete Lago Verde, sente-se confiante em vencer sua categoria e frisa que nem fica nervoso nesses momentos. “Acostumado já”, brinca. Na força B, tem um troféu conquistado em Gramado. Neste ano, participará do evento com o cavalo que era do pai.
Atualmente, o jovem mora com um primo em uma fazenda de São Francisco de Paula, na localidade de Várzea do Cedro. No final do mês, ele iniciará o Ensino Médio em uma escola agrícola de Caxias do Sul e estuda com o sonho de se tornar veterinário.
Expectativa de público maior
Para a 44ª edição, o CTG espera que o rodeio supere o número de público do ano passado, que girou em torno de 12 mil pessoas. O sucesso do evento já pôde ser medido antes mesmo da abertura oficial, quando na terça-feira, dia 6, já tinha gente acampando na sede campeira, que fica no bairro Mato Queimado. O evento segue até o domingo, dia 11, com entrada gratuita. O estacionamento custa R$ 20.
Durante toda a quinta-feira, ocorreram as classificatórias do Astro do Laço, que terá a final disputada no domingo. A partir desta sexta, iniciam as outras modalidades do rodeio. No evento, serão distribuídos R$ 100 mil em prêmios.
Para o patrão Fernando, o rodeio é um momento de confraternização e de exaltar a cultura gaúcha. Ele destaca também o trabalho que é realizado durante todo o ano pelo CTG, proporcionando aulas de dança e de laço para a criançada.
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