RECLAMAÇÕES DA COMUNIDADE
Após constantes episódios de falta de água, Corsan afirma que está duplicando sistema de abastecimento em Gramado
Problemas foram acentuados no final de 2024. Obras estão sendo realizadas e devem levar mais um ano para serem concluídas; entenda a situação
Última atualização: 10/01/2025 08:27
Os últimos meses têm sido de constantes reclamações dos moradores de Gramado pela falta de água na cidade. Os problemas se acentuaram no final de dezembro do ano passado, devido à maior movimentação turística. Caminhões-pipa foram acionados para tentar atender a demanda.
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Problemas mecânicos no motor do sistema de bombeamento de água tratada, no de captação da água bruta, consertos de tubulações rompidas, furtos de cabos. Essas foram as explicações da Corsan pelas constantes faltas de água no município.
O superintendente da Corsan da Regional Nordeste (Surne), Lutero Cassol, reforça que foram essas intercorrências que agravaram o desabastecimento de água. “Nós passamos, talvez, uns 15 anos sem investimento em Gramado. O sistema que temos hoje atende minimamente a demanda, no sufoco, mas conseguimos”, reforça, citando que os aportes financeiros na cidade voltaram a acontecer depois que a Aegea assumiu o controle da então estatal.
Lutero explica que o sistema leva até cinco dias para recuperar a totalidade do abastecimento, tempo que pode ser ainda maior quando o consumo está elevado, ou seja, nos períodos de maior movimento de turistas.
“Nós sabemos que temos que dar as condições necessárias para o abastecimento de água e os investimentos voltaram a ser feitos, mas, para termos uma resposta positiva para o que está sendo construído, precisamos concluir as obras”, acentua. O intuito da Corsan é, em um ano, concluir a duplicação do sistema na cidade.
“Azar e irresponsabilidade”
“E isso fez com que ficássemos totalmente comprometidos”, frisa. “Estávamos ‘pegando fôlego’ e acontecia de novo”, complementa. O gestor adianta que a Corsan ingressou com uma ação contra a RGE, devido aos episódios.
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Em nota, a RGE informou que está realizando obras de modernização da rede elétrica em Gramado e Canela, mas que segue “rigorosos protocolos de segurança e planejamento técnico”. “A empresa reitera que, até o momento, não recebeu notificação formal de ação judicial sobre o tema e, caso ocorra, prestará os devidos esclarecimentos”, diz o pronunciamento.
Já a parte de “azar” relatada por Lutero é por falhas mecânicas. No dia 15 de dezembro do ano passado, houve o rompimento de uma tubulação de grande porte dos sistemas de bombeamentos da estação de Canela. O equipamento, chamado de “Y”, é uma peça de 500 milímetros em aço e que rachou. Foi realizado um conserto emergencial e, dias depois, a substituição.
Por fim, no dia 1º de janeiro deste ano, criminosos furtaram cabos de energia elétrica no sistema de bombeamento de água entre a divisa de Gramado e Canela. No dia 3, uma nova ação prejudicou novamente o abastecimento.
“Sabemos que não é uma justificativa, mas é a explicação do que aconteceu. Se não tivesse dado nenhum tipo de intercorrência, nós teríamos tido o abastecimento em dia, porque a nossa vazão está adequada. Nós temos condições de abastecer. Foi um misto de azar e irresponsabilidade”, argumenta.
Comprometimento
Desde meados de 2023 que a Corsan está atuando para ampliar a rede de abastecimento de água na cidade, bem como trabalhando para duplicar o sistema da adutora de água tratada em Canela. Até o final de janeiro, Gramado deve receber mais 30 litros por segundo de água, chegando a 300 litros por segundo.
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Dando continuidade na distribuição, a projeção é construir um reservatório com capacidade para 1 milhão de litros de água, localizado no Expogramado, chegando até um novo reservatório, de mesma capacidade, que será construído no bairro Carazal. A obra está com parte concluída, restando o trecho entre Canela e o Expogramado.
No ano passado, um deslizamento de terra atingiu o local traçado para a tubulação, no entorno da Rua Emílio Leobet. Com isso, a intervenção precisou ser paralisada. Entretanto, Lutero diz que teve autorização do Executivo para prosseguir com as obras.
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“Estamos totalmente comprometidos em executar a obra o mais rápido possível. O interesse é total, tanto do usuário, que quer ter água nas torneiras, quanto nosso. Mas para isso não tem mágica, não tem fala bonita, é obra”, ressalta, apontando que os investimentos no setor devem ultrapassar R$ 150 milhões.
Mais agilidade na recuperação
Com a chegada de 300 litros de água por segundo em Gramado, Lutero afirma que os sistemas terão mais celeridade na recuperação. “Uma coisa é certa, nós nunca tivemos tanta água no sistema como temos agora”, corrobora.
“Sabemos que é difícil a gente falar para as famílias que estão sem água, mas somos solidários e estamos fazendo as obras necessárias. Reafirmo o nosso compromisso de duplicar o sistema”, acrescenta.
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Prefeitura notificou a empresa
A Prefeitura de Gramado, através da Secretaria do Meio Ambiente, destaca que encaminhou, ainda em dezembro do ano passado, um documento solicitando à Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) para que adotasse medidas para garantir o abastecimento de água de forma regular em todos os bairros do município.
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Isso porque estava recebendo inúmeras reclamações de instabilidade ou completa interrupção no fornecimento de água em diferentes bairros, fato agravado com o aumento da movimentação turística em virtude do Natal Luz.
De acordo com o Executivo, a Agergs notificou a Corsan em caráter de urgência, no dia 27 de dezembro, a fim de “melhor compreender as razões técnicas ou operacionais do desabastecimento em Gramado”, informando que fará uma visita técnica ao município ainda neste mês de janeiro.
A pasta ambiental também já havia notificado a Corsan, nos meses de novembro e dezembro de 2024, “como forma de fiscalizar e acompanhar as condições estabelecidas no contrato de concessão firmado com a prestadora dos serviços”.
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“Além disso, o Executivo de Gramado vem buscando apoio junto ao Ministério Público e a Defensoria Pública e realizando reuniões periódicas com a concessionária, com o intuito de cobrar a normalização do serviço dentro das medidas cabíveis necessárias”, finaliza a nota.