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Apae de Gramado lança cartilha para entender o autismo na prática

Prevalência da condição está crescendo e é preciso compreender o transtorno que atinge uma em cada 44 pessoas no mundo

Mônica Pereira
Publicado em: 06/04/2023 às 19h:17 Última atualização: 01/03/2024 às 08h:53
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Uma em cada 44 pessoas no mundo possui o Transtorno do Espectro Autista (TEA), de acordo com dados do Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos. Com o aumento da prevalência do diagnóstico, as informações sobre a condição precisam ser disseminadas. Por isso, a Apae de Gramado, através do programa estadual TEAcolhe, criou a cartilha O Autismo na Prática.

Nicolas é uma das crianças com autismo que é atendida pela Apae de Gramado



Nicolas é uma das crianças com autismo que é atendida pela Apae de Gramado

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Em uma linguagem acessível para todos os públicos, o material conta com explicações sobre o que é o autismo, os graus da condição, como agir em casos de crise e como identificar uma pessoa com o transtorno.

Com apoio da Câmara de Vereadores, a cartilha foi lançada na terça-feira, dia 4, como parte da programação da Semana de Conscientização do Autismo. Os parlamentares destinaram recursos para a impressão de mil exemplares, que estão sendo distribuídos principalmente em treinamentos. O conteúdo também pode ser acessado de forma on-line em gramado.rs.leg.br.

Diagnóstico


Juliane



Juliane

Foto: Divulgação


Causado por um transtorno no neurodesenvolvimento, o autismo é caracterizado por dificuldades na interação social e na comunicação, bem como em comportamentos específicos e repetitivos. Conforme a coordenadora da Apae Gramado e do TEAcolhe da macrorregional Serra, Juliane Zalamena, o diagnóstico se dá entre 1 e 3 anos de vida.

“Quanto mais precoce, mais fácil a intervenção”, destaca a coordenadora, explicando que não existe um tipo de exame específico capaz de identificar o autismo. “Isso é feito somente através de um exame clínico, baseado no comportamento da criança como, por exemplo, atraso na fala e não atender quando é chamada pelo nome”, reforça.

Segundo a neuropsicóloga, o autismo não é uma doença e não tem uma causa única. “São vários os fatores. Tem a questão genética, alimentação, uso de agrotóxicos. Estudos que ainda estão sendo feitos apontam também como causa o uso de drogas e álcool na gestação”, pondera a profissional.

Indo do grau 1, que é mais brando, até o 3, o mais severo, o autismo não tem cura. Contudo, com o tratamento adequado, evita-se o agravamento do quadro. Na Apae de Gramado, pessoas com autismo encontram atendimento especializado. Uma equipe multidisciplinar atende esses pacientes colocando em prática um plano terapêutico para desenvolvimento das habilidades individuais.

Uma vida praticamente normal


Nicolas é uma das crianças com autismo que é atendida pela Apae de Gramado



Nicolas é uma das crianças com autismo que é atendida pela Apae de Gramado

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL


O pequeno Nicolas Bernardo Moraes da Silveira, de 6 anos, é um dos usuários dos serviços oferecidos pela Apae de Gramado. Diagnosticado com autismo logo depois dos dois anos, ele frequenta o espaço duas vezes por semana, com a terapia ocupacional e a cinoterapia, que é realizada com cães.

“Isso aqui é maravilhoso. A Apae que dá esse suporte para a gente. Sem a Apae, o que seria dos nossos filhos? Porque pagar as terapias é humanamente impossível. Sem a Apae, possivelmente, ele não teria a evolução que tem”, descreve a mãe, Juliane Moraes, de 38 anos.

Com grau 1 da condição, a empresária destaca que o filho leva uma vida praticamente normal. “Apesar das dificuldades sensoriais e individuais, ele vai para a escola, faz as atividades. Ele tem as particularidades dele, mas é uma vida normal”, conta Juliane.

Programa

Pioneiro no Brasil, o TEAcolhe foi criado para fazer o mapeamento e monitoramento dos dados sobre autistas no Rio Grande do Sul. Foram mapeadas até março deste ano 1.468 pessoas com autismo na regional da Serra. Um dos trabalhos é a capacitação de profissionais que atuam na rede básica – seja saúde, assistência ou educação, para que se possa ampliar as informações sobre a condição. “A partir do trabalho com os profissionais, tivemos a ideia de criar a cartilha para que mais pessoas tenham acesso ao básico”, destaca Juliane.

Destaques

A cartilha destaca também como agir diante de uma pessoa com autismo, com dicas como: Seja direto e claro, utilize frases simples, faça apenas uma pergunta por vez; cumprimente evitando o contato físico; se possível, ao falar, utilize recursos visuais para facilitar a compreensão; dê previsibilidade, avise-a antes dos acontecimentos; aguarde um tempo para que a pessoa responda a sua pergunta, se ela não responder, repita; conduza a pessoa para lugares tranquilos; não espere contato visual para iniciar a interação; tenha paciência e empatia, mantenha a calma; tente falar o mínimo possível, fale somente o necessário.

No manual, há informações sobre a confecção da carteira de identificação da pessoa com autismo (Ciptea). O documento tem o objetivo de garantir prioridade no acesso aos serviços públicos e privados. A Ciptea deve ser solicitada através do site faders. rs.gov.br e possui validade de cinco anos. Qualquer pessoa com autismo que more no Rio Grande do Sul tem direito à carteirinha

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