Habitação social e moradia foi o tema de fórum realizado na Câmara de Vereadores, na quarta-feira, dia 13. Com o plenário lotado, um cenário de preocupação foi aberto nas manifestações do público. Terrenos caros, aluguéis altos, aliados às dificuldades em conseguir um financiamento, estão entre os problemas citados.
O encontro teve a participação de Makelly Benetti, contemplada em 2019 no sorteio do Loteamento Carazal. “Estou sendo expulsa da minha cidade, me sinto assim. Estamos tendo que cada vez migrar para outros lugares, porque ninguém olha para nós para falar de habitação. Mas a gente só trabalha e trabalha para pagar aluguel”, afirma.
“Sou casada e tenho quatro filhos. É muito difícil ter casa própria em Gramado para quem é trabalhador. Há, pelo menos, dois anos trabalho em dois empregos”, conta.
Atualmente, ela mora no Piratini. “Além de não ter aluguéis, cada vez está mais difícil se não for por imobiliária. E por lá, é criterioso, precisei dar três meses de caução. Uma casa com três dormitórios não acha por menos de R$ 3 mil”, pontua. Conforme último levantamento do IBGE, Gramado possui pouco mais de 24 mil domicílios. Deste número, 30% são destinados para locação temporária.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Hotelaria e Gastronomia de Gramado (Sintrahg), Rodrigo Callais, afirma que realizou uma pesquisa recentemente com os trabalhadores para entender as principais preocupações da categoria.
“Justamente o que identificamos foram relatos como o da Makelly, grande parte dos profissionais submetidos a uma lógica que chamamos de ‘escravos de aluguel’, onde precisam ter dois empregos, um para pagar o aluguel e outro apenas para sobreviver”, diz e complementa, “qual a qualidade de vida de uma pessoa que precisa sair 7 horas da manhã para trabalhar e voltar meia-noite?”.
Políticas públicas e programas disponíveis
O chefe de Gabinete da Secretaria Estadual de Habitação e Regularização Fundiária, César Augusto Ribas, não pôde estar presente. Com isso, os vereadores Rodrigo Paim (MDB) e Professor Daniel (PT) o substituíram. O parlamentar petista trouxe informações sobre o programa Minha Casa, Minha Vida.
“Pela questão econômica da cidade, há um problema. Com o valor destinado à casa, muitas vezes aqui não compra o terreno. Se não houver uma intervenção do poder público, subsidiando parte do custeio, não tem como operacionalizar o programa”, justifica Professor Daniel.
O vereador ainda aponta a atenção sobre ter moradias em locais já urbanizados. “É muito mais viável verticalizar essas construções em áreas que já tem o posto de saúde, o mercado, o transporte público”, coloca.
Para ele, uma discussão ainda poderia ser feita, novamente, em alteração do Plano Diretor quanto ao número de andares em prédios, em determinados bairros – como Moura, Dutra e Piratini -, para que se abra um leque de possibilidades de baixar os valores dos apartamentos.
Já Paim lembra que o governo do Estado também possui políticas que podem auxiliar na melhoria do déficit habitacional na cidade, como o A Casa é Sua, direcionado para famílias com até três salários mínimos, onde o Estado repassa 70% do valor conveniado. “Temos que ter uma união dos poderes e ver onde podemos fazer”, diz.
União de poderes e um possível empreendimento
Um movimento comunitário foi criado para achar soluções. Segundo os parlamentares, há décadas Gramado não conta com políticas vindas de governos estaduais e federais. Entre possíveis soluções apontadas no fórum estão a união com a iniciativa privada – que também apresenta falta de mão de obra e precisa contratar profissionais de fora do município.
Ainda, a utilização de terrenos que são da administração municipal como subsídio para programas. O secretário da Assistência Social, Ilton Gomes, esteve presente e contou que conversas vêm sendo realizadas nos últimos anos com construtoras e incorporadoras.
“Talvez seja uma das maiores angústias das famílias ter sua casa própria. Tentamos buscar parcerias no ramo imobiliário, mas as empresas que estão em Gramado não vão fazer moradia popular. Mas se há empresários, gostaríamos de contar com essa parceria. Precisamos buscar imóveis de R$ 300 mil até R$ 350 mil.”
Ainda, revela uma proposta que poderá auxiliar num futuro próximo. “Em breve, estaremos falando de um projeto que está sendo protocolado pela iniciativa privada, que seguramente vai chegar até R$ 350 mil. E assumo compromisso com quem foi sorteado no Carazal, as primeiras pessoas que serão beneficiadas serão vocês”, finaliza.
LEIA TAMBÉM
- Categorias
- Tags