CAMPO BOM

Hora de reabrir as portas: a retomada dos negócios após a enchente histórica

Comércio e serviços locais enfrentam grandes perdas e desafios

Publicado em: 06/06/2024 14:43
Última atualização: 06/06/2024 14:59

No início de maio, enchentes devastadoras atingiram a região de Campo Bom, no Rio Grande do Sul, deixando um rastro de destruição em bairros mais próximos ao rio, como o Barrinha. 

Empreendedoras afetadas pela enchente em Campo BomGiordanna Vallejos/GES-Especial
Empreendedoras afetadas pela enchente em Campo BomGiordanna Vallejos/GES-Especial
Empreendedoras afetadas pela enchente em Campo BomGiordanna Vallejos/GES-Especial
Empreendedoras afetadas pela enchente em Campo BomGiordanna Vallejos/GES-Especial
Empreendedoras afetadas pela enchente em Campo BomGiordanna Vallejos/GES-Especial
Empreendedoras afetadas pela enchente em Campo BomGiordanna Vallejos/GES-Especial
Empreendedoras afetadas pela enchente em Campo BomGiordanna Vallejos/GES-Especial
Empreendedoras afetadas pela enchente em Campo BomGiordanna Vallejos/GES-Especial
Empreendedoras afetadas pela enchente em Campo BomGiordanna Vallejos/GES-Especial
Empreendedoras afetadas pela enchente em Campo BomGiordanna Vallejos/GES-Especial
Empreendedoras afetadas pela enchente em Campo BomGiordanna Vallejos/GES-Especial
Empreendedoras afetadas pela enchente em Campo BomGiordanna Vallejos/GES-Especial

Muitas empresas e serviços foram duramente afetados, mas a resiliência e a solidariedade mostradas pelas comunidades locais têm sido fundamentais na retomada das atividades.

Duas mulheres empreendedores de Campo Bom, do bairro Barrinha, que ficam a beira do rio, contam sobre os desafios e as esperanças que permeiam esse processo de reconstrução.

Luta do campo

Andréa Juliana de Oliveira, uma produtora rural da região, conta que desde o início das enchentes, no dia 1º de maio, a água começou a invadir sua propriedade.

“Primeiro foi aqui embaixo na casa, depois na dos meus pais, na minha irmã e no meu primo. A gente ergueu a tenda até certo ponto, mas não imaginamos que a água seria tão intensa.”, relata Andréa, descrevendo o início de uma série de eventos que culminaram na perda de parte significativa de sua produção.

Andréa e sua família não apenas perderam bens materiais, mas também parte de seus animais. “Perdemos umas dez cabeças de gado, que não morreram na água, mas devido às doenças depois. Tratamos, mas não conseguimos recuperar. Estimamos, ao total, 100 mil reais de prejuízo em toda a propriedade”, explica.

A leptospirose, potencializada pela água contaminada, foi um dos principais problemas enfrentados. “As vacas de leite ficaram sem condições. Ficamos sem luz, sem água por praticamente duas semanas”, lembra ela.

A ajuda veio de várias frentes, incluindo a prefeitura e voluntários. “Tivemos muito auxílio, a Emater nos deu feno, recebemos doações. Mas ainda estamos nos recuperando”, diz Andréa, que, junto com seu marido, está retomando a produção aos poucos. “No sábado passado, limpamos tudo e amanhã voltamos a trabalhar. Não dá para esperar pelo governo, tem que ir à luta”.

A produtora rural também destaca o impacto  nas vacas. “Elas estão magras e a produção de leite caiu pela metade. Tirávamos leite duas vezes por dia, agora só de manhã”, detalha. Além das vacas, Andréa menciona que muitos de seus cachorros também sofreram, reforçando o impacto geral na vida da família.

Reerguendo o salão de festas e a tenda colonial

Além da produção agrícola, Andréa e sua família possuem um salão de festas e uma tenda colonial. "A gente abriu o salão de festas há pouco tempo. E a tenda faz exatamente um ano agora em maio," comenta Andréa. O salão de festas, utilizado para eventos e celebrações, e a tenda colonial, onde vendem produtos como pastéis, sucos, linguiça e queijo, foram severamente afetados.

Os horários de atendimento na tenda colonial, para quem quiser apoiar um dos comércios afetados pela enchente, são de quarta a domingo, das 9h às 11h e das 14h às 18h. Nos finais de semana, o funcionamento é contínuo.

"Nosso foco é o final de semana. Vem as pessoas, tomam cerveja, comem picadinho, é um lugar muito descontraído," diz Andréa, enfatizando a importância do espaço para a comunidade local.

Perseverança e serviço à comunidade

Outro exemplo de superação é o Mercado da Mônica, gerido por Mônica da Silva, também no bairro Barrinha, em Campo Bom. Com mais de 35 anos de história, o mercado enfrentou uma enchente sem precedentes.

“Sempre entra água, mas bem pouquinho. Desta vez, estragou tudo, derrubou tudo. Perdemos quase toda a mercadoria”, conta Mônica. A água chegou a atingir um metro e meio no mercado, danificando geladeiras e equipamentos essenciais — além do estoque de comida.

Depois de 20 dias fechado, o mercado reabriu com dificuldades. “A gente começou a trabalhar devagarinho, comprando as coisas de novo lentamente. O prejuízo foi de aproximadamente de 80 mil reais”, estima Mônica. A enchente não afetou apenas o mercado, mas também a casa de Mônica, onde a água atingiu 80 centímetros, danificando carros e outros bens materiais.

A retomada das atividades no mercado tem sido uma combinação de trabalho árduo e apoio da comunidade. O local até se tornou um ponto de doação para ajudar outras famílias afetadas. “Teve gente que veio deixar coisas aqui para os outros pegarem. Virou um ponto de doação”, destaca Mônica.

Apesar do receio de investir novamente, Mônica permanece otimista. “Agora, a gente pensa duas vezes antes de recomeçar, mas temos que continuar. A gente nunca havia visto um estrago tão grande, mas temos que seguir em frente”, afirma.

Após 20 dias fechados, o Mercado da Mônica voltou a funcionar na semana passada, e agora atende a comunidade nos seguintes horários: de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, aos sábados das 8h às 18h, e aos domingos das 9h às 13h.

Ambas as empreendedoras entrevistadas reforçam a importância do apoio da comunidade e das compras locais. “Comprar no bairro é fundamental, ainda mais nos bairros atingidos pela enchente, essa também é uma forma de ajudar. O comércio dos bairros tem coisas boas, mais caseiras, que merecem ser valorizadas”, afirma Mônica.

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