CLIMA

HISTÓRIA: Relembre a chuvarada que causou 94 mortes em duas cidades do Rio Grande do Sul

Chuvarada que atingiu as cidades de Sobradinho e Candelária é uma das maiores tragédias do Estado

Publicado em: 20/06/2023 11:07
Última atualização: 01/05/2024 18:18

Com um triste saldo de 15 mortos, o ciclone extratropical da semana passada ficará na história como causa de uma das grandes tragédias climáticas do Rio Grande do Sul. Nesta segunda-feira (19) foi classificado pelo governo do Estado como a maior.

No entanto, o caos dos últimos dias no litoral norte, região metropolitana e vales do Paranhana, Sinos e Caí está longe de ser o maior em número de óbitos.


Em setembro de 1959, uma chuvarada deixou 94 mortos nas cidades de Candelária e Sobradinho, no Vale do Rio Pardo Foto: Reprodução/Gazeta do Sul

Em setembro de 1959, uma chuvarada deixou nada menos que 94 mortos nas cidades de Candelária e Sobradinho, no Vale do Rio Pardo. Era madrugada de domingo, dia 26 de setembro, quando após horas de chuva torrencial o nível do Rio Pardo subiu rapidamente e levou tudo o que havia em suas margens em uma região de relevo acidentado. A combinação de solo encharcado com chuva em excesso provocou uma das maiores tragédias da história gaúcha.

Famílias inteiras que moravam perto do Rio Pardo e de seus pequenos afluentes, que também inundaram, acabaram morrendo. Segundo resgate histórico do jornal Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul, publicado em janeiro de 2015, oficialmente foram 94 mortes, sendo 54 em Candelária e 40 em Sobradinho.

"No entanto, o número pode ser maior porque várias pessoas desapareceram e nunca mais foram vistas", relatou o jornal. Entre os mortos havia muita criança e idoso. Naquele episódio, o número de flagelados chegou a 316.

As localidades mais atingidas pelo temporal de setembro de 1959 foram Serra Velha, Costa do Rio, Quilombo, Linha do Rio, Picada Karnopp, Salso, Passa Sete, Facão, Arroio Grande, Rebentona e Faxinal. Hoje, parte dessa região pertence ao pequeno município de Passa Sete, que fica no caminho entre Candelária e Sobradinho.


Em setembro de 1959 uma chuvarada deixou 94 mortos nas cidades de Candelária e Sobradinho, no Vale do Rio Pardo Foto: Reprodução/Gazeta do Sul

Na publicação de 2015, a Gazeta do Sul contou a história da costureira aposentada Odete Lopes Steffanello. Na época da tragédia, ela tinha 11 anos e morava em uma casa de madeira com os pais em Linha Costa do Rio, perto do arroio Lajeado Sobradinho.

"Como não havia luz elétrica, todos dormiam cedo. Por volta das 3 horas da madrugada, os pais a tiraram da cama, porque a casa balançava", relembra a reportagem.

"Saímos com a água na cintura e nos abrigamos no galpão. Ficamos rezando até clarear o dia", disse Odete. Felizmente, o chalé dos Lopes resistiu. Mas vizinhos não tiveram a mesma sorte e ela conta que ainda pela madrugada já começaram as buscas por mortos e desaparecidos. "Jamais alguém poderia imaginar que o arroio onde as crianças pescavam e tomavam banho no verão poderia causar tamanha catástrofe", disse ela.

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