Os 200 anos da chegada dos primeiros imigrantes alemães a São Leopoldo, sua contribuição para a constituição e o desenvolvimento da cidade, além de discussões para o futuro, fazem parte dos debates do Congresso do Bicentenário, evento que começou ontem e segue até esta quarta-feira (27), no Auditório do Prédio H, nas Faculdades EST.
A abertura oficial da programação foi realizada na manhã desta segunda-feira (25), reunindo autoridades de diversos segmentos do governo e sociedade civil.
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Interseção
À reportagem, o diretor-geral das Faculdades EST, Valério Schaper, destacou o fato da instituição estar recebendo o Congresso e ressaltou que a instituição chegou com os imigrantes alemães à cidade e que “respira essa história”. “Estamos felizes e honrados em poder receber esse momento fundamental. Porque achamos que, além de ser uma memória do passado, é também uma oportunidade que a gente tem de se reencontrar com essa história e, eu diria, da gente se apropriar dela de forma cidadã. À medida que nós moradores, nos apropriamos dessa história, a gente também incorpora os valores e princípios que a marcaram, olhando agora pro futuro”, colocou. “É muito importante, bonito e maravilhoso poder estar nessa interseção entre o passado e o futuro da cidade”, completou Schaper.
Subproduto
Representando a Comissão História do Bicentenário, o Professor Doutor em História, Martin Dreher contextualizou a história da chegada dos imigrantes alemães que se fixaram em São Leopoldo e a sua contribuição, especialmente com a agricultura familiar, e o desenvolvimento da região. “Nós somos um subproduto, mas um subproduto no qual teve início, há 200 anos, um novo capítulo da história do Brasil. Isso é fundamental de se acentuar”, pontuou. “Desejo um excelente seminário, em que nossa história possa ser recuperada, lembrando os miseráveis que a fizeram e que aqui criaram as bases da industrialização no Brasil”.
Caráter acolhedor
Em sua saudação, o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, agradeceu a presença dos participantes e painelistas. O gestor disse que o município tem orgulho de sua história e do legado dos primeiros imigrantes, e que isto leva a fazer reflexões profundas sobre o futuro. “A gente precisa reconhecer, recuperar, viver, interagir com a nossa história, mas é preciso também nos desafiar para as questões que temos pela frente, que são muito importantes do ponto de vista estrutural, cultural e da humanidade”.
O prefeito Vanazzi ressaltou ainda o caráter acolhedor da cidade, que segue recebendo migrantes de vários países. “Queremos que efetivamente a cidade seja uma cidade de todos, que possa viver plenamente o sentido da vida, o sentido do amor, da fraternidade e do carinho entre nós, assim será uma grande cidade econômica, cultural e historicamente”.
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Painéis trazem fatos históricos
Entre os participantes estavam a presidente da Rota Romântica, Terezinha Marina Kuhn Haas, o presidente da Rota Romântica da Alemanha, Jürgen Wünschenmeyer, e o presidente da Associação Rio-grandense de Imprensa (ARI), José Nunes. Os palestrantes alemães que estarão na programação do evento nesta terça-feira (26) – Dr. Stephan Treuke, Dra. Uta Karrer e o sociólogo Klaus Lauck –, se fizeram presentes na abertura do Congresso, além de secretários municipais e a corte da São Leopoldo Fest 2023.
Visitantes também podem apreciar uma sequência de dez painéis, montada em frente ao prédio H da Faculdades EST, que traz uma síntese de fatos históricos dos 200 anos do município. O trabalho foi realizado com contribuição do secretário de Cultura e Relações Internacionais, Marcel Frison, e historiadores.
O Congresso do Bicentenário acontece até quarta-feira (27), abordando o tema “São Leopoldo: onde o passado, presente e o futuro se encontram”, e tem entrada gratuita. Basta se cadastrar pelo site www.est.edu.br.
História, política, governança e economia marcam primeiro dia
O Congresso do Bicentenário iniciou as apresentações com a mesa redonda abordando os temas de “História, Política e Governança”. A palestra foi moderada pelo Professor Mestre Osmar Witt e contou com o professor do IFSul Lajeado, Doutor Evandro Fernandes; com o historiador do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo (MHVSL), Rodrigo Luis dos Santos; com o historiador René Gertz; e com o engenheiro Everson Gardel de Mello.
Durante a tarde, o tema “Economia e produção mais limpa” foi debatido na segunda mesa redonda. A palestra foi ministrada pelo prof. Dr. Valério Schaper, e contou com o historiador e doutor em Filosofia, Arthur Blásio Rambo; a assessora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (Smed) e diretora do Núcleo de Educação para Sustentabilidade na Cidade (Nesc), Valéria Viel; a extensionista rural social da Emater RS, Adriana Conzatti, e a mestre em história, especialista em história agrária, fundiária, conflitos e relações de poder, Doris Rejane.
Programação:
Terça-feira (26)
– 9h30: Palestra com o neurocientista Miguel Nicolelis, na Sociedade Orpheu.
– 14h30: Palestra com Stephan Treuke
– 15h30: Uta Karrer (Museu da Francônia em Feuchtwangen: Preservação e Comunicação do Patrimônio Cultural)
– 16h30: Klaus Lauck – O que nos conecta em ambos os lados do oceano
– 18h30: Atividades culturais
Quarta-feira (27)
– 8h30 Mesa redonda – Eixo temático: Meio Ambiente, com Rosane Márcia Neumann (Terras, Colonização e Conflitos Sociais); Arno Kayser (Contribuição dos Descendentes Alemães na Evolução da Consciência Ecológica no Brasil); Márcio Linck (Ocupação Urbana e Gestão Ambiental em São Leopoldo); Joel Garcia Dias (A experiência leopoldense dos Parques sócio-ambientais). Moderação: Marli Brum.
– 10h Mesa redonda – Eixo Temático: Desafios da Governança local frente à inundação e a escassez hídrica, com Viviane Feijó (Cidades esponjas); Darci Zanini (Sistema de monitoramento de áreas protegidas). Moderação: Ximena Cardoso.
– 14h Mesa redonda – Eixo Temático: Educação, com Jorge Luiz da Cunha (A história da imigração e seu papel nas Praxis da Educação nas comunidades no sul do Brasil independente); Isabel Cristina Arendt (Os primórdios da educação em São Leopoldo: escolas e produção de material didático); Cristina Seibert Schneider (A educação patrimonial na ressignificação do valor simbólico: a ciência da mente e a memória). Moderação: Simone Imperatore.
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– 16h Mesa redonda – Eixo Temático: Religião, com Luiz Fernando Medeiros Rodrigues (Jesuítas no Sul do Brasil: atividades pastorais e imigração alemã); Wilhelm Wachholz (Luteranismo: histórias de uma identidade religiosa minoritária); Ricardo Willy Rieth (Memórias coletivas e contemporaneidade: considerações a propósito do Bicentenário da Imigração (1824- 2024). Moderação: Oneide Bobsin.