O Football Club Esperança não tem mais time de futebol em atividade em Novo Hamburgo, mas a sua história permanece registrada em fotos, uniformes, documentos e nas memórias de ex-jogadores, ex-dirigentes e torcedores que até hoje reverenciam essa agremiação. Um dos simpatizantes é Daniel Rönnau, que pesquisa a fundo a história da equipe e defende que a história não seja esquecida. Além de guardião do acervo histórico do clube, ele é o idealizador de uma exposição que segue até a próxima sexta-feira (23) na Secretaria Municipal da Cultura – Avenida Doutor Maurício Cardoso, 132, no bairro Hamburgo Velho, em Novo Hamburgo. A visitação pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas, com entrada gratuita. O acesso é livre para turmas de escolas, qualquer pessoa ou família.
A “Exposição Esperança” reúne registros históricos dos áureos tempos. “Muitas pessoas têm um carinho gigante pelo Esperança e ainda guardam valiosas recordações. Precisamos fazer com que essa memória seja registrada”, destaca Rönnau.
Durante um evento especial para inaugurar a exposição, o público conferiu o material exposto e também assistiu um vídeo com trechos de uma partida de futebol disputada.
Durante as pesquisas, Rönnau também conseguiu localizar um álbum com letras e partituras do hino histórico do Football Club Esperança. “No dia do evento que chamamos de Sessão Esperança, apresentei o hino do clube, nunca gravado, escrito na década de 1940. Além das fotos, falei da história do clube, da ligação com a origem alemã, do vídeo com cenas da partida de 1948, da exposição das réplicas de camisetas usadas pela equipe profissional”, destaca o pesquisador.
Rönnau reforça que além do futebol, o Football Club Esperança também manteve um grupo teatral, que era o mais antigo de Novo Hamburgo e um dos primeiros do Rio Grande do Sul.
Breve histórico
O início das atividades futebolísticas do Football Club Esperança ocorreu em maio de 1914, na localidade de Hamburgo Velho, no atual município de Novo Hamburgo. A cidade ainda não estava emancipada de São Leopoldo naquela época.
A equipe era rival do Esporte Clube Novo Hamburgo – chamado por algum tempo de Floriano. O auge da rivalidade e do clássico chamado de Flor-Esp foi durante a década de 1940.
No futebol, o ponto alto com o time profissional foi na temporada de 1945, quando o Esperança ficou em 3º lugar no Gauchão. O Inter foi campeão e o Pelotas o vice.
De 1952 a 1960, segundo Rönnau, não houve clássicos Flor-Esp porque o Floriano (ou Esporte Clube Novo Hamburgo) foi convidado a disputar o Citadino de Porto Alegre. “A Federação exigia que houvesse uma disputa na cidade e o campeão seria o representante no Campeonato Gaúcho da Primeira Divisão”, explica.
Em 1964 ocorreu novamente o confronto entre os dois times hamburguenses e o Esperança foi vitorioso dentro de campo. “Era o ano do cinquentenário do clube. O Esperança conseguiu montar um bom time e foi campeão naquele ano. O Esperança jogou profissionalmente até o ano de 1968 e jogava a Segunda Divisão, que hoje seria a Série B do Campeonato Gaúcho. Até 1968, jogou com profissionais. Até 1973, jogou com as categorias de base, infantil e juvenil. Depois, houve o leilão do Estádio 10 de Maio e aquela área foi loteada. Com o valor, foi comprada uma nova área de terras no bairro Rondônia”, destaca Rönnau.
Segundo o pesquisador Daniel Rönnau, a última sede do Esperança foi palco, além dos jogos de futebol, de outras atividades. “Tinha pedana de tiro, bicicross, piscina, boate, pista de motocross, CTG e o campo de futebol.”
Categorias de base no futebol foram reativadas em meados da década de 1990. “Até 2001 jogou a categoria juvenil e se destacou. Inclusive saíram bons jogadores para jogar no Inter, no Grêmio, no Juventude e outros clubes, até de fora do Estado”, conta Rönnau.
O clube encerrou as atividades no ano de 2004.
Recentemente, as obras para um novo condomínio fez ressurgirem as “ruínas” das antigas piscinas do Football Club Esperança.
Mesmo sem time em atividade, o clube continua a mobilizar simpatizantes, que lutam para preservar a historia gloriosa e afetiva construída ao longo de décadas.
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