O grupo canoense de “De Pernas pro Ar” apresenta o espetáculo teatral “A Última Invenção” nesta quinta-feira (18), às 19 horas, na Sala Carlos Carvalho, localizada na Rua dos Andradas, 736 – Centro Histórico de Porto Alegre. Os ingressos variam de R$ 20 (meia) a R$ 40 e podem ser adquiridos na bilheteria física ou no site do Sesc-RS. A peça é uma das 37 atrações do 17º Festival Palco Giratório Sesc.
O lúdico, a poesia e a imaginação conduzem a história de um inventor que na velhice não recorda mais da vida que viveu. O homem então, por meio das criações animadas, começa a reviver situações passadas, suscitando reflexões filosóficas sobre nossa humanidade.
“Não há falas do personagem principal [inventor]. A única fala dita é pela Ginoide [máquina]. A história é contada sem verbalização, ela ocorre por meio das imagens, das movimentações e poética que as próprias máquinas trazem. Tudo ‘conversa’, a música, a iluminação, cada elemento tem uma função”, explica Luciano Wieser, inventor das maquinarias de cena, ator e diretor.
Luciano conta que esta será a primeira apresentação da peça em um palco de teatro. “No período da pandemia de Covid-19 fizemos uma gravação em vídeo do espetáculo. Embora seja trabalhoso transportar todas as dez máquinas que fazem parte da peça, nada substitui o palco de um teatro. Fizemos algumas apresentações em outros ambientes, agora é o início de uma nova jornada dentro do teatro”, diz.
O artista foi responsável pela construção de todas as máquinas feitas a partir de sucatas. “Fui garimpando itens em ferros-velhos. A ideia foi dar uma nova vida para os objetos. O intuito é que cada máquina desbloqueie uma memória afetiva”, destaca.
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Invenção, nomes e personagens da história
No espetáculo, as máquinas são personagens, todas possuem funções e nomes. São elas: Máquina de Lembranças, Máquina de Voar, Vestido Dançante, Dedalejo, Máquina de Sapateado, Máquina de Recordar, Semeadora de Nada, Ginoide Fracionada, Víspora entre o Coração e o Cérebro e o Gaito Valvuloso – a máquina de ronronar.
“As máquinas foram criadas primeiro. O roteiro da peça foi escrito em cima delas. A Semeadora de Nada, por exemplo, foi criada em cima de uma semeadora da década de 1930. Era uma máquina que muito já tinha trabalhado e foi ‘libertada’ para ser outra coisa, para semear o nada”, explica Luciano.
Na narrativa, o contato com as máquinas permite que o inventor reviva as histórias que viveu quando era mais jovem. A história tem como plano de fundo um relacionamento misterioso com uma mulher representada pelo rosto robótico da personagem Ginoide Fracionada.
Trabalho em família
“De Pernas pro Ar” é um grupo familiar criado pelo casal de dramatúrgicos Luciano Wieser e Raquel Durigon. “Nosso filho e nora trabalham conosco. No ‘A Última Invenção’ somos quatro pessoas que fazem tudo, da iluminação até a interpretação. Em outras peças temos mais pessoas que nos auxiliam, mas nessa não”, revela Raquel.
Recentemente, o grupo lançou o livro “Tem Ferrugem no Museu?”, obra (com distribuição gratuita) feita por meio de financiamento do Pró-Cultura RS, por meio do Fundo de Apoio à Cultura do Governo do Estado do Rio Grande do Sul (Fac).
Luciano explica que o teatro é uma arte que funciona no presencial. “Cada espetáculo é único. É impossível emular uma apresentação de forma idêntica. Percebemos que existe uma expansão do trabalho por meio das redes sociais, mas isso não significa que vai substituir o teatro. Usamos o Tik Tok para mostrar os bastidores e processos de montagem de nossas criações, por exemplo. É necessário que saibamos utilizar as ferramentas tecnológicas a nosso favor”, comenta o artista.
A peça “A Última Invenção” tem duração de 50 minutos. A classificação é livre.