Buscar alternativas para garantir o protagonismo e o desenvolvimento da maior escola técnica da região. Essa é a missão que um grupo de ex-alunos, convocados pela direção da Fundação Liberato Salzano Vieira da Cunha, recebeu durante a 39ª Mostratec-Liberato.
O encontro já surtiu resultados e um levantamento sobre as possibilidades legais de buscar recursos é realizado. Além disso, outros nomes devem ser convidados a participar do grupo que deve atuar como um conselho consultivo.
Dentre as situações que a instituição de ensino enfrenta estão a falta de professores ocasionado pela não realização de concurso público, solicitação já entregue ao governo do Estado, e falta de recursos financeiros para melhorias.
Do encontro participaram André da Rocha, Luciano Enzweiler, Georgio Raphaelli, Gustavo J. Weyh, Gustavo Semensatto, João Pedro Barbosa, Robinson Klein e Giuliano Hoffmann, que dialogaram com o diretor-executivo José de Souza, o secretário-executivo Josimar Dias da Silva e o ex-diretor Leo Weber.
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Conforme o ex-aluno e vencedor da 1ª Mostratec realizada em 1985, Robinson Klein, presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos, o objetivo de todos é auxiliar a Liberato nos seus pleitos.
Em especial, encontrar mecanismos de financiamento e a contratação de professores. Inclusive, Klein encaminhou por meio da ACI uma pesquisa sobre o arcabouço jurídico, ou seja, quais são as leis, decretos e outros atos normativos que impactam na administração de uma fundação de educação.
“Queremos saber quais são os benefícios que podem ser concedidos para a educação, as leis de incentivo”, explica, lembrando que na cultura, por exemplo, tem a Lei Rouanet.
Segundo Klein, a Liberato precisa de um apoio contínuo e não algo pontual. “Precisamos impulsionar a inovação e o desafio da inovação é a educação. Nada mais justo que se faça um trabalho conjunto, com reforço político e de financiamentos”, defende.
Em 2023, por questões burocráticas, a emenda parlamentar conquistada pela Fundação no valor de R$ 3,7 milhões acabou sendo empenhado pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc) para aquisição de nove ônibus escolares. Com isso, a instituição não conseguiu realizar melhorias em uma subestação de energia.
O empresário Gustavo Semensatto, 40 anos, formou-se em 2004, ganhou três Mostratec e participou de feiras internacionais levando o nome da Liberato. Hoje é proprietário de uma empresa voltada à inovação tecnológica e já ministrou palestrar para os alunos da Liberato.
“Fui honrado com este convite deles. Entendi como um pedido ajuda de matéria humana para pensar fora de caixa”, avalia.
De acordo com ele, essa comissão, que deverá receber mais integrantes, tem a missão de devolver o prestígio que a escola sempre teve. “Resgatar o passado e visar o futuro”, diz. Além da busca de parcerias, o ex-aluno destaca também a necessidade de um novo concurso para contratação de professores, de modo a suprir as vagas em aberto e também permitir que docentes antigos possam se aposentar.
“Eu sou muito grato pela instituição. A educação é um instrumento de transformação dos problemas sociais e para formar bons cidadãos”, declara.
Já o empresário Giulano Hoffmann, 46 anos, conta que ganhou a Mostratec em 1997 e foi para Isef em 1998, Feira Internacional de Ciências e Engenharia realizada nos Estados Unidos. “Isso pesou quando, com a minha empresa, no ano de 2000, assinei um contrato de parceria com uma multinacional americana”, comenta.
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Hoffmann salienta que o grupo de ex-alunos convidados para o movimento em prol da Liberato são prova de que a escola foi um diferencial em suas trajetórias.
Estado não se manifesta sobre concurso público
O diretor José de Souza confirma que o grupo tem o objetivo fomentar o diálogo e buscar parcerias e apoio que contribuam para o desenvolvimento da fundação e dos estudantes.
Souza lembra que os professores atuam nos dois turnos, o que demanda muito esforço para manter a qualidade e a continuidade do ensino em todos os períodos. “Contudo, a falta de docentes tem se agravado com a saída de alguns profissionais devido a aposentadorias e outras circunstâncias. Nesse sentido, a realização de um concurso público é imprescindível”, afirma.
A reportagem fez contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), questionando sobre quando será publicado o edital de um novo concurso, já que o último ocorreu em 2014, mas não recebeu retorno.
Recuperação de alunos para os cursos noturnos
Souza destaca que a renovação da mão de obra docente é que vai garantir a continuidade do projeto de revitalização dos cursos noturnos.
No final de outubro, a ocupação de vagas da formação noturna da Liberato foi assunto na Câmara de Vereadores. Kurt Joaquim Luft, membro do Conselho Técnico Deliberativo da Fundação Liberato, ocupou a tribuna e pediu que os parlamentares divulguem e incentivem os jovens a se inscreverem nos cursos noturnos da instituição.
De acordo com ele, em algumas modalidades ofertadas a realidade é de um professor para 12 alunos no período da noite, o que torna difícil a continuidade da opção de horário.
A cada semestre, a Liberato oferta 306 vagas para cursos noturnos em Design de Interiores, Eletrônica, Eletrotécnica, Informática para Internet, Manutenção Automotiva, Mecânica, Química e Segurança do Trabalho.
Conforme o diretor-executivo, atualmente há 724 alunos matriculados nos cursos noturnos, que tem duração mais curta, entre dois e três anos. O perfil destes estudantes inclui trabalhadores de diversas áreas, muitos casados e responsáveis pelo núcleo familiar, e residentes em 28 municípios próximos.
A maioria dos matriculados já está inserida no mercado profissional e biscar qualificação técnica para melhorar de carreira.
“Após os impactos da pandemia, observamos um desafio na recuperação do número de alunos, principalmente no período noturno”, pondera.
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Desde 2020, a média de inscritos nestes cursos é de aproximadamente 320 por semestre, o que reduziu o tamanho médio das turmas, que fica em torno de 12 alunos.
No entanto, Souza garante que a situação tem apresentado melhora, sendo que para o edital do segundo semestre deste ano, foram 672 inscrições. “Estamos otimistas para o processo de 2025/1, que já mostra indícios de uma retomada gradual”, projeta.
Além disso, ele informa que para garantir a qualidade e a continuidade dos cursos noturnos, há um projeto de revitalização dos cursos noturnos em andamento.
Apesar das dificuldades, ele garante que nenhum curso será encerrado. “Os cursos noturnos são importantes e estratégicos para a formação de mão de obra qualificada e continuarão a ter seu espaço na Fundação”, finaliza.
Quem quiser saber mais informações sobre as inscrições, basta consultar no site da fundação.