AGRONEGÓCIO

GRIPE AVIÁRIA: Criações não comerciais também estão no foco da vigilância

Ministro da Agricultura decreta estado de emergência zoossanitária em todo o País

Publicado em: 30/05/2023 08:00
Última atualização: 26/03/2024 16:21

Antes mesmo da confirmação de contágio por Influenza aviária no Rio Grande do Sul, caso confirmado na segunda-feira (29), pela Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Todo o território nacional já estava sendo de forma reforçada pelos sistemas de vigilância em saúde nos estados e municípios.

O esquema de reforço no controle do H5N1 começou a partir dos primeiros casos reportados no Brasil, primeiro no litoral do Espírito Santo, depois no estado do Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, a espécie conhecida como cisne-de-pescoço-negro foi recolhida na Lagoa da Mangueira, em Santa Vitória do Palmar.

Como medida de proteção aos rebanhos de aves, após a detecção de gripe aviária em aves marinhas, o ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, decretou estado de emergência zoossanitária em todo território. A medida, que está vigente desde o último dia 23, vale por 180 dias.

Nesse período, a vigilância permanece redobrada para evitar que o contágio do H5N1, causador da gripe aviária, atinja as criações comerciais.

Ocorrência de H5N1 foi detectada em aves migratórias conhecidas como Trinta-réis Foto: Adobe Stock

Pesquisador e professor do mestrado em Virologia da Feevale, Fernando Spilki explica que o estado de emergência zoossanitária permite a adoção de medidas extraordinárias como, por exemplo, a proibição de feiras com aves, como já tem ocorrido no Rio Grande do Sul.

Além disso, acrescenta Spilki, as fiscalizações abrangem criações não comerciais, como as de fundo de quintal. "A própria vigilância fica mais atenta, não só medidas em relação a uma questão de alocação de recursos, mas também medidas práticas que, a partir daí, todo o sistema de vigilância é viabilizado de maneira mais urgente."

O Brasil é o maior produtor de aves para fins comerciais do mundo. De acordo com dados do Mapa, no ano passado, a produção de carne de frango foi comercializada com mais de 150 nações, gerando uma receita de US$ 7,6 bilhões.

Pela importância econômica que a avicultura representa, governo e entidades do setor estão em constante monitoramento, desde os primeiros casos reportados na América do Sul, no início do ano. A constatação da doença em aves migratórias no início de maio só fez reforçar a vigilância.

Defesa sanitária gaúcha mantém fiscalização constante

No Rio Grande do Sul, onde há fluxo migratório, o governo do Estado montou um esquema de fiscalização que segue com ações permanentes. A Divisão de Defesa Sanitária Animal, vinculada à Secretaria de Agricultura, já realizou 2.295 ações de vigilância ativa.

Atualmente, os técnicos estão na região de Mostardas, onde há fluxo migratório de aves. Foram notificadas 72 suspeitas de Influenza. Dessas notificações, apenas cinco suspeitas foram fundamentadas e levadas para laboratório, mas nenhuma confirmada até agora.

Notificação de suspeita H5N1

A Secretaria de Agricultura do RS disponibiliza canais para comunicação de suspeitas de gripe aviária. Proprietários devem ficar atentos a sintomas nas aves, como dificuldade respiratória, secreção nasal ou ocular, espirros, diarreia e alta mortalidade. 

Na ocorrência desses sintomas, entre em contato imediatamente com a Inspetoria ou Escritório de Defesa Agropecuária do seu município ou notifique por meio dos seguintes canais: WhatsApp: (51) 98445-2033 e e-mail: notifica@agricultura.rs.gov.br.

Espécies marinhas

No litoral do Espírito Santo, onde houve os primeiros registros de gripe aviária, foram resgatadas duas aves marinhas da espécie Thalasseus acuflavidus (nome popular Trinta-réis-de-bando), uma localizada no município de Marataízes e outra no bairro Jardim Camburi, em Vitória. No fim da semana passada, o Estado do Rio de Janeiro registrou três casos de gripe aviária, também em aves silvestres marinhas, em São João da Barra e em Cabo Frio, no litoral.

A influenza aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta, principalmente, aves silvestres e domésticas. Atualmente, o mundo vivencia o maior surto de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) e a maioria dos casos está relacionada ao contato de aves silvestres migratórias com aves de subsistência, de produção ou aves silvestres locais.

O Mapa ressalta também que a depender da evolução das investigações e do cenário epidemiológico, novas medidas sanitárias poderão ser adotadas para evitar a disseminação de gripe aviária e proteger a avicultura com fins comerciais.

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CategoriasBrasilPaísRio Grande do Sul
Tagsemergência zoossanitáriaGrive AiváriaH5N1
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