CRIME COMPLEXO
GOLPE DO FALSO 0800: Como estelionatários se passam por telemarketing de bancos para tirar milhares de reais de clientes
Delegada Luciane Bertoletti afirma que vítimas chegaram a perder até R$ 130 mil em ação dos golpistas
Última atualização: 14/12/2023 12:26
Ação integrada da Polícia Civil do Rio Grande do Sul e de São Paulo cumpriu nesta quarta-feira (25), 25 mandados de busca e apreensão, além de 19 prisões temporárias, sendo 15 bem sucedidas.
A operação ocorreu em Guarulhos, na grande São Paulo. Conforme a delegada Luciane Bertoletti, titular da 3ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas, o objetivo era combater um grupo criminoso praticante do crime de estelionato.
Conhecido como golpe da “Falsa Central” ou “Golpe do falso 0800”, trata-se de uma artimanha onde os golpistas se passam por funcionários da instituição financeira da vítima. “É uma fraude eletrônica que visa obter as senhas e dados pessoais do usuário”, relata a delegada.
Inicialmente, a vítima recebe uma mensagem de texto enviada por um “short code”, que são números de cinco a seis dígitos, normalmente utilizados por grandes empresas. Com o nome do banco em posse, os estelionatários alegam que uma transação foi autorizada, solicitando a ligação para o número 0800.
“Tudo parece verídico, mas, na verdade, trata-se de um golpe que vem crescendo e levou bancos de todo o País a alertarem seus usuários.”
Números alterados
Luciane afirma que para tornar o crime ainda mais convincente, os golpistas usam softwares para alterar os números de telefone. Eles mascaram os dígitos através da ajuda de plataformas eletrônicas. Assim, as vítimas acreditam que, de fato, a sua instituição financeira está entrando em contato, pois o número é o mesmo que consta no canal oficial dos bancos.
No entanto, segundo a Polícia Civil, estes softwares criam um cruzamento de números e redirecionam a chamada para os criminosos. Deste modo, quando a pessoa entra em contato com o 0800, o golpista induz a vítima a fornecer informações ou executar alguma ação, normalmente para obter senhas, números de cartões de crédito e tokens de autenticação para operações financeiras.
“Investigação complexa”
De acordo com a delegada, o grupo começou a ser investigado em setembro de 2022. “Foi uma investigação complexa que expôs um esquema em vários estados no País, desafiou a equipe e exigiu uma investigação qualificada que ultrapassou fronteiras.”
Luciane confirma que durante as investigações, 25 vítimas foram identificadas, a grande maioria de Canoas, Esteio e outros municípios da região metropolitana. “A vítima com maior prejuízo é moradora de Esteio, temos um dos casos em que a pessoa perdeu R$ 160 mil e conseguimos que ela fosse restituída em R$ 30 mil”, completa.
Durante a operação foram apreendidos inúmeros aparelhos celulares, cartões de contas bancárias utilizadas nos golpes e dinheiro em espécie. “A complexidade do golpe do 'falso telemarketing' chama atenção, trazendo uma falsa realidade de difícil percepção. Estamos atentos a este tipo de ação criminosa e especializando nossas equipes para que mais investigações alcancem os responsáveis”, reiterou Cristiano Reschke, diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana.