REGIÃO
Futuro da rodoviária de São Leopoldo ainda é incerto
Empresários e usuários reclamam e Prefeitura diz que estuda a questão
Última atualização: 23/01/2024 13:56
Ao entrar na Estação Rodoviária Germano Hauschild, no Centro de São Leopoldo, é possível ver rachaduras na construção, postes descascando, pichações, grande parte das lojas fechadas, vidraças quebradas e o movimento de pessoas em situação de rua e usuários de drogas. O ambiente não parece um local seguro mesmo à luz do dia, mas é durante a noite que muitos não arriscam chegar no local.
"Acho que a estrutura poderia ser bem melhor. Devido ao pessoal do albergue, mais tarde não dá para ficar aqui. É bem perigoso, eu estou aqui porque agora é cedo, senão eu não venho pegar ônibus nesse terminal", disse a diarista Geane Dias, 42 anos, moradora do bairro Feitoria.
Para o motorista de aplicativo Josias Henrique de Oliveira Moura, 29, que mora em Portão, mas pega diversos passageiros na rodoviária com frequência, um dos grandes problemas são os usuários de drogas. "A rodoviária está abandonada, um terço é passageiro e dois terços são usuários de crack ou moradores de rua, principalmente durante a noite. Se você precisar usar um banheiro está em péssimas condições, os lojistas quase não sobraram mais nenhum, a estrutura na totalidade está bem sucateada, tudo sujo, pichado. Os passageiros que pego aqui reclamam bastante do povo pedindo dinheiro."
Impasse
Nadir Sbabo, comerciante que trabalha há 24 anos na rodoviária, participante da associação do terminal, relata que os empresários precisam pagar as contas de luz, pequenos reparos e limpeza, entre outros custos, do próprio bolso. Ele também mostra a situação da estrutura do prédio, com reparos que precisam ser feitos. "Nós mantemos isso aqui de pé com o condomínio, estamos sempre devendo o banco. Temos que pagar as pessoas para cuidar do banheiro, pagamos segurança, luz, consertos. O concessionário vendeu as lojas e a concessão, o que não pode. Se não fosse nós, isso aqui tinha caído no chão."
Segundo Sbabo, o concessionário da rodoviária de 1996 até 2017 só explorou os comerciantes, cobrando aluguel altíssimo. "Nós tivemos que fazer 24 pilares novos de ferro. O banheiro que eles fizeram foi mal feito; só pintaram o piso e os azulejos, em vez de trocar", reclamou o comerciante.
Ideia é remodelar a estação
O secretário-geral de Governo, Nelson Spolaor, afirma que a Prefeitura redimensionou o projeto e trabalha com a remodelação da rodoviária. “O projeto segue em estudo, incluindo os problemas estruturais, associado à questão de análise de investidores. A proposta prossegue dentro do contexto dos planos do Bicentenário (2024). Estamos trabalhando na permanência, mas temos consciência de que precisamos de uma rodoviária à altura.”
Projeção na busca da segurança
Spolaor acrescenta que a Prefeitura está com o projeto do novo prédio da Segurança Pública (que ficará ao lado da área da rodoviária) em andamento. Para ele, após a conclusão da obra, não apenas a rodoviária, mas toda a região próxima à ela, estará mais assistida em relação a segurança. “Vai dar uma outra qualidade para aquela região. A previsão são de 18 meses para a conclusão da obra.”
Entrevista Julio Lara / gerente da rodoviária de São Leopoldo
VS - Primeiramente, existia um plano de mudar a rodoviária de endereço. O que você acha disso?
Julio Lara - Essa mudança foi cogitada ano passado. Tinha esse projeto de tirar a rodoviária do Centro e levar para o bairro Rio dos Sinos, só que eles não analisaram a logística, com quase 600 ônibus por dia. Defendo que a rodoviária jamais pode sair daqui (Centro), pois ela não influencia no trânsito da cidade, o carro vem pela BR-116, cai dentro da rodoviária e sai ou sentido Porto Alegre ou indo para a Serra; ou seja, não influencia no trânsito.
VS - Quais os principais problemas na estrutura?
Lara - A estrutura se degradou. Foi feita a última grande reforma em 1996, e desde então não foi colocado um prego. O concessionário, que era da parte física, saiu em 2017 e essa concessão voltou para a prefeitura, só que a prefeitura simplesmente se isentou da responsabilidade dela, porque ela é a titular aqui do espaço físico. Nós somos um concessionário de venda de passagens, mas a parte física é de responsabilidade deles.
VS - Quem mantém a rodoviária, se não existe concessionária?
Lara - A limpeza, os pequenos reparos, a água, a luz, são mantidos por uma associação que fizemos aqui dentro, entre nós e alguns lojistas que sobreviveram após a pandemia, que mantém o terminal de pé. Para uma cidade de 200 mil habitantes, deveria ter um terminal rodoviário mais decente, mais estruturado, com um conforto maior, mas principalmente com mais segurança, que hoje é caótica aqui na rodoviária.
VS - Como está a questão da segurança?
Lara - Hoje nós temos o albergue do outro lado da ponte, então todo mundo que não consegue entrar no albergue de noite, fica na rodoviária. Eles cometem pequenos assaltos, durante a madrugada, quando os passageiros descem do ônibus, eles assaltam.
VS - Quais reformas são necessárias?
Lara - Teria que mexer na parte do trânsito interno, ser feita uma reforma para modernizar o espaço. A plataforma poderia ter espaço para uma variedade de lojas e restaurantes. Tem que ter mais conforto, mais segurança para a população. A rodoviária vem se degradando, nós pintamos ela internamente, vamos realizando alguns paliativos, o Sedettec disponibilizou sanitários novos, nós (empresários e concessionária de passagens) vamos conseguindo migalhas, para manter o lugar.
Ao entrar na Estação Rodoviária Germano Hauschild, no Centro de São Leopoldo, é possível ver rachaduras na construção, postes descascando, pichações, grande parte das lojas fechadas, vidraças quebradas e o movimento de pessoas em situação de rua e usuários de drogas. O ambiente não parece um local seguro mesmo à luz do dia, mas é durante a noite que muitos não arriscam chegar no local.
"Acho que a estrutura poderia ser bem melhor. Devido ao pessoal do albergue, mais tarde não dá para ficar aqui. É bem perigoso, eu estou aqui porque agora é cedo, senão eu não venho pegar ônibus nesse terminal", disse a diarista Geane Dias, 42 anos, moradora do bairro Feitoria.
Para o motorista de aplicativo Josias Henrique de Oliveira Moura, 29, que mora em Portão, mas pega diversos passageiros na rodoviária com frequência, um dos grandes problemas são os usuários de drogas. "A rodoviária está abandonada, um terço é passageiro e dois terços são usuários de crack ou moradores de rua, principalmente durante a noite. Se você precisar usar um banheiro está em péssimas condições, os lojistas quase não sobraram mais nenhum, a estrutura na totalidade está bem sucateada, tudo sujo, pichado. Os passageiros que pego aqui reclamam bastante do povo pedindo dinheiro."
Impasse
Nadir Sbabo, comerciante que trabalha há 24 anos na rodoviária, participante da associação do terminal, relata que os empresários precisam pagar as contas de luz, pequenos reparos e limpeza, entre outros custos, do próprio bolso. Ele também mostra a situação da estrutura do prédio, com reparos que precisam ser feitos. "Nós mantemos isso aqui de pé com o condomínio, estamos sempre devendo o banco. Temos que pagar as pessoas para cuidar do banheiro, pagamos segurança, luz, consertos. O concessionário vendeu as lojas e a concessão, o que não pode. Se não fosse nós, isso aqui tinha caído no chão."
Segundo Sbabo, o concessionário da rodoviária de 1996 até 2017 só explorou os comerciantes, cobrando aluguel altíssimo. "Nós tivemos que fazer 24 pilares novos de ferro. O banheiro que eles fizeram foi mal feito; só pintaram o piso e os azulejos, em vez de trocar", reclamou o comerciante.
Ideia é remodelar a estação
O secretário-geral de Governo, Nelson Spolaor, afirma que a Prefeitura redimensionou o projeto e trabalha com a remodelação da rodoviária. “O projeto segue em estudo, incluindo os problemas estruturais, associado à questão de análise de investidores. A proposta prossegue dentro do contexto dos planos do Bicentenário (2024). Estamos trabalhando na permanência, mas temos consciência de que precisamos de uma rodoviária à altura.”
Projeção na busca da segurança
Spolaor acrescenta que a Prefeitura está com o projeto do novo prédio da Segurança Pública (que ficará ao lado da área da rodoviária) em andamento. Para ele, após a conclusão da obra, não apenas a rodoviária, mas toda a região próxima à ela, estará mais assistida em relação a segurança. “Vai dar uma outra qualidade para aquela região. A previsão são de 18 meses para a conclusão da obra.”
Entrevista Julio Lara / gerente da rodoviária de São Leopoldo
VS - Primeiramente, existia um plano de mudar a rodoviária de endereço. O que você acha disso?
Julio Lara - Essa mudança foi cogitada ano passado. Tinha esse projeto de tirar a rodoviária do Centro e levar para o bairro Rio dos Sinos, só que eles não analisaram a logística, com quase 600 ônibus por dia. Defendo que a rodoviária jamais pode sair daqui (Centro), pois ela não influencia no trânsito da cidade, o carro vem pela BR-116, cai dentro da rodoviária e sai ou sentido Porto Alegre ou indo para a Serra; ou seja, não influencia no trânsito.
VS - Quais os principais problemas na estrutura?
Lara - A estrutura se degradou. Foi feita a última grande reforma em 1996, e desde então não foi colocado um prego. O concessionário, que era da parte física, saiu em 2017 e essa concessão voltou para a prefeitura, só que a prefeitura simplesmente se isentou da responsabilidade dela, porque ela é a titular aqui do espaço físico. Nós somos um concessionário de venda de passagens, mas a parte física é de responsabilidade deles.
VS - Quem mantém a rodoviária, se não existe concessionária?
Lara - A limpeza, os pequenos reparos, a água, a luz, são mantidos por uma associação que fizemos aqui dentro, entre nós e alguns lojistas que sobreviveram após a pandemia, que mantém o terminal de pé. Para uma cidade de 200 mil habitantes, deveria ter um terminal rodoviário mais decente, mais estruturado, com um conforto maior, mas principalmente com mais segurança, que hoje é caótica aqui na rodoviária.
VS - Como está a questão da segurança?
Lara - Hoje nós temos o albergue do outro lado da ponte, então todo mundo que não consegue entrar no albergue de noite, fica na rodoviária. Eles cometem pequenos assaltos, durante a madrugada, quando os passageiros descem do ônibus, eles assaltam.
VS - Quais reformas são necessárias?
Lara - Teria que mexer na parte do trânsito interno, ser feita uma reforma para modernizar o espaço. A plataforma poderia ter espaço para uma variedade de lojas e restaurantes. Tem que ter mais conforto, mais segurança para a população. A rodoviária vem se degradando, nós pintamos ela internamente, vamos realizando alguns paliativos, o Sedettec disponibilizou sanitários novos, nós (empresários e concessionária de passagens) vamos conseguindo migalhas, para manter o lugar.