Há 65 anos. Era 20 de janeiro de 1959 quando a Volkswagen oficializou no Brasil a fabricação de um dos modelos mais queridos da marca.
Por isso, a data é celebrada até hoje como o Dia Nacional do Fusca. Os modelos icônicos e que foram paixão nacional ainda podem ser vistos pelas ruas, desfilando. Um deles é o cinquentão da moradora de Canela Maria Helena da Silva Pereira, de 43 anos.
Ter um Fusca era um sonho de infância da professora de costura criativa, para resgatar as memórias que tinha dos carros da família. Mas um detalhe era importante: precisava ser rosa. A realização ocorreu há cerca de 15 anos. Desde lá, a garagem da casa foi se tornando pequena. Ela e o marido, o construtor José Luis, de 46 anos, colecionam, no total, cinco fusquinhas. O xodó, claro, é o rosa, de 1970.
“Era um desejo da juventude. Depois que comprei, fiz a pintura e comecei a customizar. O interior já foi de oncinha, gosto de ficar renovando. É minha relíquia, nem pensar em vender ele”, conta Helena, ao falar sobre o Elvis, como o carro é chamado.
Depois dele veio o Ringo, de 1980, uma homenagem ao baterista dos Beatles. E todos os fuscas têm nome. Há, ainda, o Inácio, de 1974, o Cascão, de 1967, e o Velhinho, de 1966. No mais antigo, a ideia é restaurá-lo para que fique o mais original possível. Quem está fazendo esse trabalho é José, um “mexânico”, como descreve Helena.
Atualmente, o carro do dia a dia da Helena é o Ringo, o Elvis fica para os passeios do final de semana, exposições e para a locação para fotos. Ela ressalta as ótimas lembranças que tem com os carros. “Viram da nossa família”, atesta. Uma das mais recentes foi quando foi com o Elvis levar uma noiva até o altar.
“Cada Fusca tem sua própria mania”
A professora destaca que adora dirigir. “Nos dá uma liberdade, uma independência de poder sair sem precisar de ninguém”, declara. E ela frisa também as diversas histórias que possui ao lado de suas máquinas. Com o Elvis, já perdeu uma das rodas no Centro de Canela. “Quando percebi, vi um turista segurando a roda. Parei o trânsito, literalmente”, brinca. “Se não passar perrengue é a mesma coisa que não ter saído de casa”, ressalta em tom bem-humorado.
Entre as diferenças de pilotar os fuscas e outros carros mais modernos, ela cita que a maior dificuldade é a falta de ar-condicionado. “Cada Fusca tem a sua própria mania. São como pessoas mesmo. Tenho cinco e um é diferente do outro, tem um jeitinho de engatar a marcha aqui ou ali”, frisa. Isso sem contar a direção, que não é hidráulica. “A gente já faz um treino de braços”, pondera.
Clube para reunir os amantes de carros antigos
Os fuscas também proporcionaram para Helena e José muitos amigos. Desde 2015, eles participam do Das Antigas Volks Club, um grupo de moradores de Gramado e Canela que são apaixonados por carros antigos. De forma recorrente, eles se reúnem.
“Fazemos eventos e passeios como uma forma de manter a tradição do automobilismo, realizamos ações solidárias. É uma amizade que se fortalece por causa dos carros antigos em geral. É muito legal também quando fazemos as exposições e vemos que o público mais jovem participa e gosta. As crianças adoram”, acentua.
O evento mais longe que já participaram foi um encontro em Pomerode, Santa Catarina. Os mais de 500 quilômetros são percorridos em cerca de 12 horas. “Não dá para ter pressa, vamos devagar, parando em alguns pontos”, lembra.
Projetos para carros futuros
O amor da Helena pelos modelos está eternizado na pele. Ela tem dois tatuados no antebraço. “A ideia era tatuar todos, mas ia faltar espaço. Então parei por aqui”, comenta. Mas engana-se quem acha que a frota de fuscas do casal vai terminar por aí, eles ainda querem comprar o modelo Itamar, dos anos 1990. “Assim vamos completando as décadas”, diz.
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Como amantes da Volkswagen, pretendem adquirir uma Kombi para transformá-la em uma casa sobre rodas para viajar. “Queremos fazer um passeio longo para celebrar os nossos 50 anos”, prospecta.
Encontro no sábado
Como uma forma de celebrar o Dia Nacional do Fusca, o Das Antigas Volks Club está organizando um encontro noturno. O evento será realizado no estacionamento do Museu do Automóvel de Canela, no sábado, dia 20, a partir das 19h30. “Todos são bem-vindos”, declara Helena. Os eventos e encontros do grupo são divulgados pela página no Facebook @dasantigasvw.
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