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Fundado em 1890, jornal Diário Popular de Pelotas encerra as atividades

Edição desta quarta é a última dos 133 anos de história do jornal; edição digital também chega ao fim

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Publicado em: 11/06/2024 às 21h:06 Última atualização: 11/06/2024 às 22h:23
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O Diário Popular de Pelotas, terceiro jornal mais antigo do Brasil, com 133 anos, anunciou nesta terça-feira (11) que está encerrando suas atividades. A edição desta quarta-feira (12), que já está disponível no site, é a última. A versão digital do DP também vai deixar de ser atualizada.

Topo da capa da última edição do jornal Diário Popular, de Pelotas | abc+



Topo da capa da última edição do jornal Diário Popular, de Pelotas

Foto: Reprodução

Fundado em 27 de agosto de 1890, o Diário Popular sempre foi um dos principais jornais do Rio Grande do Sul, com forte penetração em Pelotas e região. Desde o início da enchente que atinge o Estado, o DP foi impresso somente aos fins de semana, o que na avaliação da diretora-superintendente, Virgínia Fetter, “foi uma tentativa que não deu certo”.

Em um texto publicado na última edição ela diz que “questões envolvendo serviços terceirizados acabaram ruindo com as finanças da empresa, somados aos prejuízos causados pela catástrofe climática de maio. Estamos até hoje pagando caro o preço desses problemas”, resumiu, citando ainda o baque da pandemia de Covid-19 nos negócios.

Arquiteta de formação, ela dedicou os últimos 28 anos à condução do jornal, dando sequência à administração de seu avô, Adolfo Fetter, e de seu pai, Edmar Fetter. “Apesar dos esforços dos últimos anos, a situação se tornou insustentável, obrigando o fim da publicação, que estava há três gerações na família”, disse a empresária.

A decisão de encerrar as atividades do jornal faz parte de um processo de autofalência que se inicia. O escritório MSC Advogados, que tem operação em Novo Hamburgo, vai tocar o processo, “a fim de buscar maneiras de encerrar as atividades de forma responsável e respeitosa”, informou o texto que consta na última edição.

Segundo o escritório MSC, “um ativo que está sendo disponibilizado para a quitação dos débitos é o prédio que hoje abriga todos os setores da empresa, com valor estimado de R$ 2,9 milhões”.

“Esse processo permite que a própria empresa encerre suas atividades de forma controlada, tendo como objetivo liquidar seus ativos e quitar suas dívidas. Isso irá beneficiar tanto a empresa, que consegue encerrar suas atividades de maneira regular, quanto os credores, que têm a chance de receber o que é devido. É uma atitude responsável e que encerra com dignidade uma história de mais de um século”, diz Guilherme Caprara, sócio do escritório MSC.

“Legado de liberdade de imprensa”, diz governador Eduardo Leite

O governador Eduardo Leite (PSDB), que é de Pelotas, postou nota lamentando o fechamento do jornal. “Cresci lendo o Diário Popular. Logo cedo, nas primeiras horas da manhã, aguardava com ansiedade ele ser colocado debaixo da porta da casa dos meus pais. Aliás, disputava com meu pai quem pegaria o jornal para ler primeiro”, lembrou.

“Lamento profundamente o encerramento das suas atividades, deixando um vácuo no jornalismo e na sociedade gaúcha. Foram 133 anos dedicados a relatar, com credibilidade, ética e independência, os acontecimentos que moldaram a história de Pelotas e da Zona Sul. O Diário Popular deixa um legado de liberdade de imprensa, transparência e pluralidade, valores que certamente influenciarão outras publicações”, escreveu o governador.

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