As primeiras horas de funcionamento do free flow na região trouxe um emaranhado de dúvidas entre os motoristas que usam as rodovias concedidas à Concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG).
Desde a meia-noite deste sábado (30), a cobrança automática de pedágio, nos dois sentidos, ocorre no quilômetro 4,6 da RS-122, em São Sebastião do Caí, no valor de R$ 12,30; e no quilômetro 31, da RS-240, em Capela de Santana, com tarifa de R$ 9.
Apesar da intensa divulgação e notícias sobre o tema, ainda tem gente que não entendeu como funciona, como paga e quais as consequências de não quitar a dívida. Inclusive, tinha condutor procurando por cancelas junto aos pórticos para poder pagar a tarifa no momento que passava pelo pedágio.
Por conta disso, as bases da CSG, localizadas às margens das rodovias, registraram movimento intenso neste sábado. Segundo funcionários, se na semana passada a procura de usuários pelo serviço era de seis pessoas por dia, até 10 horas deste sábado (30), já passava de 40 atendimentos no posto de Capela de Santana, na RS-240.
Além disso, a desativação da praça de pedágio de Portão, na RS-240, também causou incertezas. Na manhã deste sábado, havia três cancelas liberadas, uma para o fluxo da RS-240 e duas para o fluxo da RS-122, enquanto funcionários da CSG trabalhavam na remoção das demais.
Mesmo com o trânsito livre e a cobertura com lonas de plásticos que indicavam a cobrança, teve condutor que desceu do carro com dinheiro na mão para pagar tarifa. Também houve quem passasse com velocidade reduzida, desconfiado de que a cancela pudesse ainda estar ali, e motorista que passou buzinando, comemorando o fim do pedágio.
Aliás, o prefeito de Portão, Kiko Hoff, festejou o fato nas redes sociais da prefeitura. “Depois de 30 anos, um belo presente de Páscoa para Portão”, disse. Segundo ele, agora vai cobrar para que o valor da tarifa seja revisto.
Apesar de a praça não ter cancelas de cobrança, o movimento no desvio do agora antigo pedágio de Portão foi intenso na manhã deste sábado, semelhante ao que ocorria quando era obrigatório o pagamento de tarifa no município.
Uma placa foi instalada na principal rua de acesso ao desvio, mas a sinalização passou despercebida por muita gente e filas de veículos se formaram. Já outros motoristas, que liam o aviso em cima da hora, quando se aproximavam do cruzamento, mudavam a rota e voltavam a andar na RS-240.
O montador de móveis Adriano Maciel, 41 anos, mora na esquina com a Rua Otávio Juventil da Rosa, no desvio do antigo pedágio. Segundo ele, não foram poucas as vezes em que a família foi acordada com sustos durante madrugada, em função de veículos que passavam “voando” pelo trecho. “Para nós é uma boa [a desativação da praça]. Isso aqui era muito barulho”, comenta.
Já na RS-240, sem acesso à Internet ou afinidade com aplicativos de celular, o motorista de caminhão João Aderildo Souza, 60, fez o pagamento em dinheiro aos funcionários na base da CSG de Capela de Santana. Essa opção foi disponibilizada pela concessionária de modo provisório nas primeiras semanas de operação do free flow.
Souza mora em Montenegro e precisou se deslocar até Portão. No entanto, ele só conseguiu pagar a tarifa da ida. O pedágio de retorno ainda está em aberto, pois não há base da CSG depois dos pórticos do quilômetro 31, no sentido Vale do Sinos-Vale do Caí. “Não sei usar Internet, aplicativo. Não sei como vou fazer pra pagar. Meu filho mora em Santa Catarina e lá não tem isso. Este negócio ficou muito complicado”, queixou-se.
Morando em São Leopoldo, mas com a mãe vivendo em Montenegro, o funcionário público Roberto Rivelino Rodrigues, 52, parou na base e decidiu instalar uma tag, que era ofertada por uma empresa especializada junto à base da CSG. “Aqui não tem desvio. Então vou ter que pagar”, disse.
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Em direção à RS-122, o morador de Portão Rosalvo da Rosa, 56, passou pela Estrada do Passo da Taquara na manhã deste sábado para escapar da tarifa de ida de volta de R$ 24,60. A via tem 5,7 quilômetros e liga o quilômetro 9,6 da RS-122, em São Sebastião do Caí, ao quilômetro 21 da RS-240, em Capela de Santana.
A passeio para Bom Princípio, Rosa preferiu andar por cerca de três quilômetros na estrada de chão batido. “A parte do começo da estrada não é muito boa. Mas vou usar aqui todas as vezes, com certeza, para não pagar o pedágio”, comentou.
Com 1,8 quilômetro pavimentado, a prefeitura de São Sebastião do Caí anunciou que vai asfaltar mais 1,7 quilômetro, faltando 1,8 quilômetro que pertence a Capela de Santana.
O agricultor Paulo Ricardo Hilgert, 64, mora à beira da Estrada do Passo da Taquara, em Capela de Santana. Por conta da poeira, ele diz que passa “90% do tempo” com a casa fica fechada. Situação que deve se agravar a partir de segunda-feira, quando Hilgert aposta o aumento considerável do movimento por causa do valor do pedágio.
Como pagar o pedágio free flow?
São quatro formas diferentes de pagar a tarifa: tag, APP, site da CSG e nos totens, que são terminais de autoatendimento, localizados nas bases da CSG. O prazo para quitar o valor da tarifa é de 15 dias em qualquer modalidade de pagamento. Quem não fizer, está sujeito à multa.
1- Tag
A tag, etiqueta eletrônica colada no para-brisa do veículo, não é vendida pela CSG, mas por empresas especializadas (algumas comercializam em postos de combustíveis) e em instituições financeiras.
A tag só funciona se tiver saldo suficiente, caso contrário é bloqueada e o pagamento precisa ser realizado de forma manual (nas bases da CSG). As tags podem ter custo de manutenção, o que varia conforme o prestador de serviço.
2- Aplicativo
No celular, é possível baixar o aplicativo, disponível para modelos Android e iOS. Diferentemente da tag, onde há uma taxa de manutenção na maioria dos modelos, o app é gratuito. Para que a ferramenta funcione, é preciso fazer o cadastro do motorista, cadastro do veículo (informando placa, marca, modelo e cor) e adicionar saldo, por meio de Pix ou cartão de crédito.
Se o app tiver saldo suficiente na hora da passagem pelo pórtico, a cobrança é feita automática. Caso não haja saldo, não adianta adicionar depois com a intenção de fazer o pagamento. Nesta situação, é preciso pagar manualmente.
As passagens pelos pórticos podem demorar até 30 minutos para estarem disponíveis para pagamento. É possível cadastrar quantos veículos quiser por cadastro. Vale lembrar que os dispositivos da CSG valem somente para rodovias concedidas à empresa. A free way, por exemplo, é administrada pela CCR Via-Sul.
3- Cadastro no site
Para quem não usar o app e nem a TAG, ainda há a opção do site freeflow.csg.com.br. O cadastro feito no site, com dados do motorista e dos veículos, é o mesmo utilizado pelo app. É preciso ter saldo disponível para que o pagamento do pedágio seja efetivado.
4- Bases da CSG
Nas bases da CSG, o motorista vai encontrar totens (terminais de autoatendimento) e, após digitar a placa do veículo, clicar em “buscar débitos” e selecionar o modo de pagamento. Aqui não há desconto, pois o pagamento é feito sem necessidade de cadastro, e também não é emitido extrato de passagem.
Por enquanto, será possível pagar o pedágio em dinheiro nas bases da CSG diretamente para os funcionários.
Na região, as bases estão localizadas em quatro pontos:
– Capela de Santana, na RS-240, quilômetro 24,8, cerca de cinco quilômetros depois dos pórticos no sentido Montenegro-Portão, com atendimento diário, das 8 às 18 horas;
– São Sebastião do Caí, na RS-122, nos quilômetros 1,6 (próximo à Praça de Pedágio de Portão, instalada no sentido Caí-Portão) e 15 (próximo à Klasscar, no sentido Caí-Bom Princípio), com atendimento diário, 24 horas por dia;
– Bom Princípio, na RS-122, no quilômetro 36,1, próximo ao limite com São Vendelino, no sentido Bom Princípio-Carlos Barbosa, com atendimento diário, das 8 às 18 horas.
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