Durante duas horas, moradores de São Sebastião do Caí e Portão protestaram neste sábado (2) contra o pedágio instalado no quilômetro 4 da RS-122, em São Sebastião do Caí. Segurando cartazes com as frases “Pedágio free flow deve ser pago por quem o aceitou” e “Governador nos dê o direito de ir e vir”, mais de 100 pessoas estiveram na manifestação.
Com a supervisão do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), o trânsito era bloqueado de tempos em tempos para que as pessoas pudessem ocupar as duas pistas e chamar a atenção dos motoristas que, em apoio, buzinavam.
A cobrança, de R$ 12,30 nos dois sentidos, deve passar a vigorar neste mês, o que tem causado preocupação na população que cruza o trecho diariamente. Há pessoas que projetam gastar mais que um quarto da sua renda com o pagamento da tarifa.
Mari Suzana dos Santos, 58, mora em Parque Campestre, próximo ao bairro Conceição, e marcou presença no protesto. Ela segurava uma placa escrito “Buzina”, que pedia o apoio dos motoristas que cruzavam a rodovia durante o ato deste sábado.
Com o pai de 80 anos morando em Portão, um filho residindo em São Leopoldo e ainda trabalhando como diarista também em São Leopoldo, passa pelo ponto onde foi instalado o pórtico de pedágio quase todos os dias. “Vai dar R$ 600 de pedágio por mês, sem dúvida. Isso é um quarto do meu salário. Não sei o que vai dar”, desabafa.
Situação semelhante tem a professora Mirian Soares, 55, que questiona quais contas o governo fez para autorizar o valor de R$ 12,30, a tarifa mais alta das estradas concedidas à CSG. Moradora da localidade do Angico, ela leciona na Escola Dr Alberto Pasqualini, bairro Areião. “Nós não temos direito a isenção. Eu não sei se não vou desistir de trabalhar”, diz.
Segundo ela, há ao menos oito funcionários da escola na mesma situação. “Imagina uma pessoa ganhando R$ 2 mil e pagando R$ 500 de pedágio? É inviável!”, critica. “Governador não tá sabendo fazer conta. Eu sou professora de matemática. Eu já coloquei no papel e sei que a coisa vai ficar feia para um monte de gente”, declara.
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Sem fazer uso diário da rodovia, a professora aposentada Elisete Maria da Silva, 63, participou da manifestação representando a sobrinha Eva Lidiane da Silva, 28, que estava trabalhando. “Ela trabalha no Hospital da Unimed e vai todo o dia para Novo Hamburgo. Como que vai pagar todo esse dinheiro de pedágio”, questiona. Fazendo tratamento médico em Porto Alegre, a professora aposentada Rosane Isabel Hallmann Weyh, 69, também fez coro às vozes que reclamavam o custo da tarifa.
Com uma tenda localizada em frente ao local do protesto, a comerciante Lessi Vargas, 61, está apreensiva com início do funcionamento do free flow. Além de prejudicar o seu negócio, ela lembra do custo do transporte de hortifrugranjeiros, que será afetado com o pedágio, do reajuste dos aplicativos de transportes e dos vizinhos do bairro São Martim, que também sobrevivem de vendas à beira da estrada. “Eu acho que isso será muito ruim para todos nós”, projeta.
Segundo a Concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), a empresa aguarda a decisão da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Estado (Agergs) para dar início à operação do free flow. Além do pórtico caiense, na região há também o pedágio no quilômetro 31 da RS-240, em Capela de Santana, no valor de R$ 9, em ambos os sentidos. Já a Agergs, informa que o processo deve chegar ao órgão nos próximos dias, sem precisar uma data.
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