FRAUDE
Fraude do Auxílio Reconstrução: Homem vendia endereços para não-atingidos pelas enchentes no RS
Ele também se cadastrou para receber o auxílio, afirmando morar em Canoas, mas casa era de outra pessoa
Última atualização: 13/07/2024 14:59
"Tu faz um pix para mim de R$ 50 pelo endereço. [...] Quando sair, aí R$ 500 é meu e R$ 4,6 mil é teu, entendeu?", disse Junior Cechinel, ao Jornal Nacional, programa da TV Globo, nesta sexta-feira (12).
O homem não sabia que estava sendo gravado. Ele foi contatado pela reportagem, que fingiu se interessar em comprar um endereço para receber o Auxílio Reconstrução de forma indevida.
O benefício, no valor de R$ 5,1 mil, é dado pelo governo federal para quem foi atingido pelas enchentes históricas de maio no Rio Grande do Sul. Para conseguir, quem foi afetado precisou fazer um cadastro nas prefeituras, afirmando que moravam nos locais inundados.
A Prefeitura de Canoas afirmou ao jornal que ele tentou burlar o sistema. Cechinel fez um cadastro afirmando que morava em uma casa em Canoas. Entretanto, ela tinha outro dono.
Além disso, ele estava preso por furto em Osório durante o período da enchente, no litoral norte, conforme a Polícia Penal RS. O homem permaneceu preso até o dia 28 de maio. A equipe de reportagem do conseguiu localizá-lo em outra praia: Quintão.
Cechinel afirmou que, durante as enchentes, ele morava em Canoas. E negou ter intermediado a venda dos endereços para pessoas obterem o benefício de forma irregualr.
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Irregularidades no Auxílio Reconstrução
Segundo o relatório do governo federal, que o jornal teve acesso, são mais de 300 mil as solicitações que continuam em análise por suspeita de irregularidade.
Ainda, 150 mil pessoas que se cadastraram para receber o auxílio nem sequer moram em áreas alagadas e 2,7 mil pediram em mais de uma cidade. O prazo para as prefeituras cadastrarem famílias para receberem o benefício foi prorrogado e termina no dia 26 de julho.*
O ministro da Secretaria de Apoio à Reconstrução do RS, Paulo Pimenta explicou que o governo federal utiliza os dados do Censo e da Receita Federal, contas de luz e água, cartão do Serviço Único de Saúde (SUS) e o Cadastro Único (CadÚnico).
"Se a pessoa não comprovar, através de um documento público, que aquele endereço é o endereço onde ela efetivamente reside, ela não recebe”, afirmou.
*Informação foi atualizada às 13 horas deste sábado (13).