SITUAÇÃO PREOCUPANTE
Fiscalização intensificada no combate à dengue na região
Casas com piscinas estão no foco da Vigilância em Saúde em São Leopoldo; a cidade já contabiliza 108 casos confirmados em 2024
Última atualização: 07/02/2024 07:49
"Pensei que fosse morrer. É uma sensação horrível, uma dor intensa na cabeça, uma fraqueza. Nunca me senti tão mal". O relato é da dona de casa Magda Soares, 52 anos. Moradora do bairro Vicentina, ela foi diagnosticada com dengue no começo deste ano. Nem todos os cuidados tomados em casa foram capazes de afastar da residência o mosquito Aedes aegypti, transmissor, além da dengue, também do zika vírus e da febre chikungunya.
"Faço todas as ações de prevenção, evito acúmulo de água em qualquer cantinho que seja do pátio e estou sempre com repelente. Depois de tudo o que passei, estou temendo mais a dengue do que qualquer outra doença", diz.
Se na casa de Magda a preocupação em evitar focos de mosquito é constante, em muitos lugares o acúmulo de água parada faz com que surjam locais propícios para a proliferação destes insetos. Exemplo disso são as piscinas sem o tratamento adequado da água. Pensando nisso, a Vigilância em Saúde reforçou estratégias de fiscalização nas residências leopoldenses, em especial, naquelas que possuem piscinas.
“Percebemos um aumento das denúncias na Ouvidoria SUS relatando descaso de moradores que possuem piscinas. Orientamos nossos agentes de combate às endemias a visitar estes locais. O primeiro passo é orientação e notificação. Mas não estão descartadas medidas mais duras”, destaca a secretária de Saúde Andréia Nunes.
Segundo ela, a maioria dos casos é solucionada com contato telefônico ou notificação. Mas, em caso de reincidência, é possível a aplicação de multas. “Precisamos da colaboração da nossa população, não só com piscinas, mas com água parada também em pequenos recipientes pneus ou pote de água dos animais de estimação".
São Leopoldo já contabiliza 108 casos confirmados
Até a manhã desta terça-feira (6) São Leopoldo contabilizava 108 casos confirmados de dengue em 2024. Nestes primeiros dias do ano, a cidade soma, ainda, 187 notificações e outros 54 casos em investigação. Os dados são do painel de casos de dengue, que é atualizado diariamente pela Secretaria Estadual da Saúde (SES). Em 2023, São Leopoldo teve 114 casos confirmados no ano inteiro.
Na região, segundo o painel, Sapucaia do Sul conta neste início de ano com seis casos confirmados e outros 29 em investigação. Um número ainda bem abaixo do registrado em 2023, quando o município teve 489 casos da doença e terminou o ano como 12o município com mais casos em todo o RS. Em Capela de Santana já são dois casos confirmados, número baixo, mas que representa, por exemplo, 50% de todo o ano passado, quando dois casos foram confirmados.
São Leopoldo, em sua edição mais recente do Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), divulgada no final do mês passado, apontou alto índice de contaminação para a dengue na cidade. A ação percorreu, por amostragem, todos os bairros do Município. Em todo o ano passado, segundo a SES, foram 115 casos confirmados na cidade, sem nenhum óbito.
Em 2022, foram 2.553 casos confirmados e quatro óbitos. Sem casos Esteio e Portão não tem casos confirmados até o momento. Mas o município esteiense tem 21 notificações, sendo 14 casos em investigação e 7 descartados. No caso de Portão são apenas dois casos sob investigação até agora.
Pneus preocupam vizinhos de borracharia
Morador do bairro Jardim Viaduto, que pede para não ser identificado, se diz preocupado com os pneus no pátio de uma borracharia próxima à sua residência. Ele alega já ter denunciado o caso na Ouvidoria. Até a última semana, no entanto, a Prefeitura informava não ter recebido reclamação sobre o endereço.
“Meu medo é porque tenho um filho pequeno. Já tive dengue há um ano e fiquei muito mal por uma semana, quase morri. Minha imunidade ficou muito baixa. Meu sogro e meu cunhado, que moram ao lado da minha casa, também tiveram dengue. É uma situação horrível.” Borracharias, assim como ferros-velhos, floriculturas e cemitérios são pontos estratégicos no combate e são vistoriados diariamente pelos agentes.
Canais de denúncias
Em São Leopoldo, moradores que tiverem denúncias de água parada devem contatar a Ouvidoria SUS pelo telefone 2200- 0736, de segunda a sexta-feira, das 9h às 14 horas ou pelo e-mail ouvidoria.sus@ saoleopoldo.rs.gov.br. Outra opção é o atendimento presencial na Prefeitura, na Avenida Dom João Becker, 754, Centro, das 9 às 14 horas. Este ano, cerca de 25 denúncias já foram registradas.
Em Sapucaia do Sul, os contatos são com a Ouvidoria pelos fones (51) 3451-8011 ou 3451 8044. Já em Esteio, o contato é com a Vigilância Ambiental (51) 2700-4364, ramal 2309.