SAÚDE
Filha faz denúncia de negligência no atendimento da mãe idosa em hospital da Serra gaúcha
Após cair e fraturar joelho, moradora da Região das Hortênsias não teria recebido o atendimento adequado; Brigada Militar foi acionada na casa de saúde
Última atualização: 26/03/2024 15:00
Quatorze dias após sofrer uma queda na chácara em que mora, em Nova Petrópolis, Maria Dolores Cardoso Silveira, de 65 anos, ainda sofre com a dor e as consequências do ferimento. A filha da idosa, Micheli da Silveira Corrêa, acusa a casa de saúde do município da Serra gaúcha de negligência no atendimento da mãe.Tudo começou em 16 de maio depois que Maria caiu um tombo enquanto pegava gravetos de lenha. Levada ao Hospital de Nova Petrópolis, passou pela emergência e foi liberada. “Foram feitos os exames e disseram que ela não tinha nada e mandaram embora. Avisaram que era para esperar e ir no posto de saúde, se não melhorasse”, conta a Micheli.
Ainda seguindo com o incômodo e sem conseguir caminhar direito, a idosa foi até uma unidade de saúde e teve o mesmo retorno. “Pediram para ela monitorar e esperar mais uns dias para fazer novos exames”, relata a filha.Na última sexta-feira (26), Maria passou mal e buscou atendimento no posto de saúde do Centro de Nova Petrópolis. “Quando ela chegou lá, o médico só olhou e viu que ela estava com o joelho fraturado e avisou que isso tinha ocasionado uma hemorragia. Com o pedido do médico, tivemos acesso ao primeiro laudo dela, de 16 de maio, e lá já mostrava a gravidade do caso”, destaca Micheli, que mora em Campo Bom, mas está em Nova Petrópolis acompanhando a mãe.
Brigada Militar foi acionada
“Levamos ela para o hospital e foi bem complicado, tive que insistir para que ela tivesse atendimento. Queriam que ela fosse para casa para depois voltar e realizar o exame. A atendente que estava falando comigo no início estava sendo atenciosa, mas outra se intrometeu dizendo que eu estava ensinando ela a trabalhar”, frisa.
Foi, então, que a Brigada Militar foi acionada pela funcionária da casa de saúde para averiguar um caso de injúria. Conforme a ocorrência, a mulher teria sido ofendida por Micheli. Um termo circunstanciado foi confeccionado para dar segmento na denúncia.
“Depois que a Brigada chegou, em dez minutos a minha mãe estava dentro do quarto”, pondera. “A minha mãe estava correndo risco de vida. O médico falou para a gente da gravidade”, aponta Micheli.
Maria precisava fazer um exame mais elaborado, chamado ecodoppler, que permite a visualização do fluxo sanguíneo. A idosa aguardou até a segunda (29) de tarde quando conseguiu o exame.
Com o resultado, Maria teve alta do Hospital de Nova Petrópolis ainda na segunda e continuará o atendimento no Hospital Arcanjo São Miguel, em Gramado, pois precisará de cirurgia. “Achamos que ela ficaria no hospital até a transferência, mas mandaram ela para casa. Ela não pode caminhar e nem pôr o pé no chão por ordens médicas”, pondera Micheli.
“Ela está com a perna imóvel, sente muita dor, tem a fratura no joelho e mais a infecção. Foram muitos dias e tudo poderia ter sido solucionado se tivessem dado o atendimento adequado”, ressalta a filha da idosa.
"Não foi prejudicada"
Conforme o gerente administrativo do Hospital de Nova Petrópolis, Henrique Gomes, a paciente foi atendida na emergência, ficou em supervisão e, posteriormente, foi internada. “Sobre as acusações [de negligência], a gente abriu uma sindicância interna para apurar os fatos e descobrir realmente o que aconteceu”, destaca.
Ainda de acordo com Gomes, não foi possível agendar o exame na sexta-feira. “Foi solicitada uma ecodoppler e, na sexta-feira, a gente não dispunha no hospital, teríamos que agendar em outro estabelecimento e não conseguimos. Não tinha o médico que realiza o exame no hospital, pois ele faz os atendimentos dois dias por semana”, explica.
Henrique atesta também que a disponibilidade independe do exame ser pago de forma particular ou não. “Ela não foi prejudicada em nada. Recebeu o tratamento e assistência médica o tempo todo”, conclui.