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NAS MÃOS DELAS

FESTA DA CUCA: Conheça as mulheres que dão vida à Kuchenfest

Kuchenfest chega a 2024 graças ao trabalho dedicado das mulheres, grandes estrelas do evento, em mais de duas décadas

Eduardo Amaral
Publicado em: 08/03/2024 às 11h:43 Última atualização: 08/03/2024 às 11h:43
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Quando as portas do Parque da Kuchenfest foram abertas às 13 horas de quinta-feira (7), para mais uma edição do evento que celebra a cuca de Rolante, um marco foi alcançado. Em 1997, a Associação de Cuqueiras e Cuqueiros de Rolante (Ascur) realizou a primeira edição da Kuchenfest, apenas três anos após a fundação, e um depois da formalização da entidade, que veio em 1996.

A receita de cuca original se tornou um patrimônio da cidade de Rolante nestes 25 anos | abc+



A receita de cuca original se tornou um patrimônio da cidade de Rolante nestes 25 anos

Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

Extensionista da Emater/RS em Rolante, Janelise Wuaden esteve desde o início no processo que culminou com a festa símbolo da cidade. Tudo começou quando o município buscava destacar a sua identidade. “Nos envolvemos em identificar inicialmente as cuqueiras, fazer a capacitação com elas [as cuqueiras]. Queríamos criar uma identidade para o município e identificamos que o nosso potencial era muito em cima da etnia alemã”, lembra Janelise.

Foi pelas mãos das mulheres que traziam a tradição culinária aprendida em casa que se chegou ao elemento representativo do município. O primeiro desafio foi unificar as ideias de diferentes grupos que já produziam cucas e alcançar uma receita única.

“Nossa cuca chamamos de original porque conseguimos fazer um consenso de massa, já que existem inúmeros tipos de massa. Ter uma padronização de uma massa única é bem complexo, então quando conseguimos chegar nesse nível, nós tivemos um avanço”, destaca Janelise, apontando este momento como fundamental para fortalecer o trabalho. “Tudo era por disputa, quando a gente conseguiu chegar num nível assim as pessoas começaram a trabalhar em equipe.”

Precursora

Helena Teresa Fico, 60, mais conhecida como Neca, é uma das cuqueiras que participa da Ascur desde a fundação. E nestes anos, diz ter encontrado na Ascur muito mais do que uma ocupação. “Para mim é a maior alegria, é por amor à camiseta, não tenho nem palavras, porque eu tenho muita amizades, e é demais pra ajudar a cidade também.”



O sentimento de Neca é outra das conquistas que Janelise, que lembra a mudança que o envolvimento na festa proporcionou às mulheres envolvidas. “A autoestima das pessoas que trabalham aqui, principalmente das mulheres, mudou muito com esse evento ao longo dos anos”, relembra ela contando que a ansiedade pelos dias da festa não era uma exclusividade de Neca.

Todo esse ânimo acabou causando ciúmes em alguns dos esposos, só que isso serviu de impulso para que a festa aumentasse e os homens enciumados também tomassem parte no evento. “Elas ficavam eufóricas para vir e os homens começaram a ter ciúmes. Daí nós convidamos eles para virem e ver o que acontecia e viam que a gente fazia daqui um clima bacana, elas eram reconhecidas. E daí começaram a participar também.”

Mas mesmo com a participação dos homens, o protagonismo é todo delas, que seguem como as responsáveis pelas receitas que chegam aos consumidores. E a produção de cucas não se resume aos dias de festa, mas se estende também ao longo do ano.

Tradição mantida

Neste 2024 toda a coordenação das cuqueiras passa pela batuta da presidente da Ascur, Lígia Laux, 62. “Comecei aqui nas cuqueiras num domingo de tarde durante uma festa, a Janelise me chamou dizendo que estava faltando alguém para quebrar ovos. Estava recém-aposentada, em casa, eu disse ah vou lá, pois vim e nunca mais saí”, lembra Lígia.

Do mesmo modo que a maioria das outras colegas de produção de cucas, Lígia também aprendeu a receita em casa. O envolvimento comunitário acabou se tornando sua principal ocupação desde que deixou o trabalho do departamento pessoal de uma empresa calçadista. “Gosto muito, é quase uma cachaça diária.”

Quem foge à regra de trazer a receita de casa é a vendedora Carmen Godoi, 28 anos, que se mudou de Santa Catarina para Rolante e a apenas dois anos se envolveu com as cuqueiras e a Kuchenfest. “Comecei ano passado a ir lá na Casa da Colônia, onde elas produzem todos os dias a cuca, daí me chamaram para ir lá ajudar, fui final de semana e acabei gostando e agora fico ansiosa para começar a festa pra vir e ajudar.”

Foi junto com as outras cuqueiras que Carmen inseriu a tradição da cuca em sua vida. “Não era costume da minha família, aprendi realmente aqui com as cuqueiras, pois antes não tinha essa relação em fazer cuca, mas hoje parece que já trabalhava anos e tinha esse contato, então quero manter e incentivar.”

Cronograma

No seu primeiro dia a Kuchenfest abriu as portas gratuitamente para os estudantes de todas as redes de ensino da cidade. De sexta-feira (8) até domingo (10) os visitantes precisarão comprar ingressos. Para um dia o custo é de R$ 15, mas também é possível adquirir um passaporte para os três dias a R$ 30.

O valor arrecadado vai em parte para pagar pelo trabalho das cuqueiras, e outra parte vai ser doada para instituições da cidade, como o Hospital.

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