CRIME ORGANIZADO

Fardas da Brigada Militar, cinco armas e 46 quilos de droga são apreendidos em Novo Hamburgo

Polícia apurou que quadrilha do Vale do Sinos se preparava para executar rivais em Tramandaí no fim de semana

Publicado em: 13/01/2023 19:35
Última atualização: 15/01/2024 15:32

Em operação na manhã desta sexta-feira (13), a 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo abalou os negócios de uma quadrilha do Vale do Sinos que está se expandindo no litoral, onde vende droga com logomarca exclusiva. Três foram presos com armas, munições, 46 quilos de drogas e fardas da Brigada Militar. Os agentes também apreenderam quatro carros usados no transporte. A suspeita é que o bando se preparava para executar rivais em Tramandaí.

“Ao descobrir o depósito e outros dois pontos da organização criminosa, que estávamos monitorando há duas semanas, solicitamos os mandados de busca e apreensão que cumprimos hoje em três bairros de Novo Hamburgo”, declara o delegado da 1ª DP, Tarcísio Kaltbach. Pelas conexões e assassinatos recentes no litoral, o inquérito recebeu o nome de Operação Tramandaí, desencadeada por volta das 10 horas.

O almoxarifado do grupo

Um apartamento em condomínio residencial na Rua Antônio Roberto Kroeff, bairro Santo Afonso, servia como espécie de almoxarifado da quadrilha. É onde os agentes encontraram fardas completas, entre trajes camuflados, coturnos, coletes balísticos com inscrição da Força Tática da BM, duas pistolas calibre 9 milímetros e um giroflash para simular viatura. O imóvel escondia ainda 46 quilos de maconha, um quilo de crack, anotações e outros objetos do tráfico.

Conforme o delegado, dois membros da quadrilha, de 35 e 26 anos, foram presos no apartamento. Pouco depois, um comparsa foi pego quando chegava para buscar droga. Único com antecedentes criminais, ele tem 36 anos e é morador de Tramandaí.

Trio foi preso em condomínio no bairro Santo Afonso Foto: Polícia Civil

Outro mandado foi cumprido em uma casa na Rua Capitão Montanha, no bairro Operário, onde os policiais encontraram duas espingardas calibre 12, uma pistola igual às duas do depósito e 22 comprimidos de ecstasy. Ao mesmo tempo, em apartamento de condomínio na Rua Beno Hugo Haack, bairro Canudos, foram apreendidos R$ 4 mil em dinheiro e outros materiais. É a residência de um dos presos. Nessas duas últimas, não tinha ninguém.

Carros de passeio da droga

Os automóveis identificados no transporte da droga também foram apreendidos. São um Honda Civic preto emplacado em Camboriú (SC), um Chevrolet Prisma branco de Viamão, um Renault Sandero azul de Novo Hamburgo e um Nissan March prata de Porto Alegre. Não estavam em ocorrência de furto ou roubo. Os donos serão investigados. Cinco celulares, 12 balanças de precisão e uma touca ninja também estão entre o material recolhido nos três pontos.

Logomarca com referências bíblicas

Cada tijolo de maconha tem logomarca em embalagem preta que remete à intimidação e demonstração de poder na guerra do tráfico. É uma balança, com um olho em cada prato, e uma frase no meio: “lei de talião”. A mensagem tem referências bíblicas e de outros registros da era antiga. Representa a vingança como forma de justiça, ao pregar que a pessoa que fere outra deve ser penalizada em grau semelhante, com punição aplicada pela parte lesada. Já foi apreendida em Imbé e Tramandaí, nos últimos dias, droga com a estampa hamburguense.

Grupo vende droga com logomarca exclusiva Foto: Polícia Civil

Delegado indiciou trio por cinco crimes

Tarcísio autuou o trio em flagrante por cinco delitos: tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico, receptação, posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e organização criminosa. Ele observa que as investigações continuam. “Apesar de não termos apreendido cocaína, sabemos que traficam todo tipo de droga.” Os nomes não são informados por conta da Lei de Abuso de Autoridade. O delegado destaca a agilidade com que os mandados foram autorizados. Os pedidos foram feitos às 18 horas de quinta-feira e, meia hora depois, já estavam expedidos pelo juiz da 2ª Vara Criminal de Novo Hamburgo, Guilherme Machado da Silva.

Fardados para matar

Várias execuções ligadas ao tráfico de drogas, algumas documentadas com imagens, mostram que os matadores usam trajes militares e demonstram habilidade no manuseio de armas de grosso calibre. Maior organização criminosa do Estado, a facção do Vale do Sinos teria um grupo de extermínio com essas características. “Nessa investigação, apuramos que iriam fardados de policiais militares para executar rivais em Tramandaí”, comenta Tarcísio. 

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