PROTESTO
Familiares e vítimas do médico João Couto Neto cobram ações do Cremers
Médico é investigado por mutilações e mortes em cirurgias realizadas em Novo Hamburgo
Última atualização: 23/01/2024 11:50
Um grupo de familiares de pacientes do médico João Couto Neto estiveram em Porto Alegre na tarde desta quarta-feira (8) para cobrar ações do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) em relação ao profissional que é investigado mortes e mutilações em cirurgias realizadas no Hospital Regina, de Novo Hamburgo. O grupo cobra ações mais efetivas por parte do Conselho em relação aos casos que envolvem Couto.
"Pedimos que o Cremers tomasse uma ação pró-ativa", conta Carlos Diego de Oliveira, filho de uma dos pacientes que faleceu após cirurgia realizada pelo investigado. Na avaliação dele, a reunião foi pouco produtiva. "Não nos trouxe nada conclusivo, é aquilo que qualquer atendimento nos diria", avaliou.
A ideia inicial do grupo era poder entrar com uma ação coletiva. Entretanto, os três representantes do Cremers que receberam os familiares orientaram a abertura de processos individuais. Além de entrar com novos processo, os familiares cobram a reabertura de casos antigos já julgados pelo Cremers.
Caso símbolo
A estudante Katrine Faria de Vargas tinha apenas 12 anos quando a mãe, Elizabete Faria de Vargas, então com 43, faleceu em decorrência de complicações devido a uma cirurgia de hérnia com Couto. Moradora de Porto Alegre, ela foi encaminhada para Novo Hamburgo porque queria fazer a operação a laser para não ficar com cicatriz. "Ela era muito vaidosa", lembra Katrine.
De acordo com a estudante, não demorou para surgirem complicações resultantes da cirurgia. "Ele perfurou o intestino dela em sete lugares e mandou ela para casa. Entramos em contato com ele nos outros dois dias e ele disse que era tudo normal. No terceiro dia, resolvemos levar ela em outro médico e não deixaram ela sair porque já estava com infecção generalizada, ela foi então encaminhada ao Hospital São Lucas e de lá não saiu mais", lembra Katrine.
Elizabete faleceu no dia 17 de janeiro de 2012. Sua operação havia sido realizada no ano anterior. A família então procurou o Cremers e denunciou o caso, que só foi julgado sete anos depois. "Ele foi acusado, teve a audiência em 2019 aqui no Cremers e eles ganharam de 7x0, falaram que a cirurgia tinha risco e isso podia acontecer", conta Katrine. Mesmo passado tanto tempo, a família não esquece o caso. "Já faz 10 anos que estamos tentando na justiça justamente para que não acontecesse outras vítimas."
Sindicato diz que vai procurar famílias
Corregedor do Cremers, Carlos Isaia Filho, afirma que o Conselho fará contato com os familiares das vítimas nos próximos dias. De acordo com ele, isso não foi possível antes porque ainda não havia sido disponibilizado o nome dos envolvidos. "Ontem [terça-feira] recebemos, em sigilo, todo o processo onde consta o nome de todas as pessoas. Então sabendo quem foram as pessoas, vamos fazer contato para saber quem quer fazer a denúncia no Conselho."
De acordo com Isaia, Couto já responde a um processo no Cremers e ainda há duas outras sindicâncias abertas para investigar o médico. "Mas não são de fatos relacionados a esses colocados agora", afirma ele, referindo-se aos casos que se tornaram públicos. Couto já foi suspenso pela Justiça, mas para que o Cremers tome uma atitude é preciso que os processos sejam abertos no próprio Conselho.
Em relação a processos passados, Isaia diz que eles só podem ser reabertos caso surjam fatos novos ou novas denúncias.
Inquérito criminal em andamento
Desde que as primeiras denúncias contra Couto vieram à tona só se fez aumentar o número de pessoas que se dizem vítimas do médico. O inquérito criminal, comandado pelo delegado Tarcísio Kaltbach, já tem 114 ocorrências contra o médico. Mais de 80 pessoas foram ouvidas durante as investigações. De acordo com Kaltbach, o próximo passo será por parte da perícia. “Em breve estaremos encaminhando ao IGP de POA os depoimentos, laudos, prontuários médicos e relatórios médicos para fins de análise pela junta médica do IML-IGP.”
Kaltbach diz que ainda não é possível determinar um prazo para o encerramento do inquérito, já que dependerá justamente de outros órgãos. “Logo mais as diligências que passarão a ser feitas é pelo IGP e daí eles têm o tempo deles”, explica. Mas mesmo antes do encerramento do inquérito criminal, as famílias acionaram Couto na área cível. Mais de 50 ações contra o médico já foram protocoladas.
Um grupo de familiares de pacientes do médico João Couto Neto estiveram em Porto Alegre na tarde desta quarta-feira (8) para cobrar ações do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) em relação ao profissional que é investigado mortes e mutilações em cirurgias realizadas no Hospital Regina, de Novo Hamburgo. O grupo cobra ações mais efetivas por parte do Conselho em relação aos casos que envolvem Couto.
"Pedimos que o Cremers tomasse uma ação pró-ativa", conta Carlos Diego de Oliveira, filho de uma dos pacientes que faleceu após cirurgia realizada pelo investigado. Na avaliação dele, a reunião foi pouco produtiva. "Não nos trouxe nada conclusivo, é aquilo que qualquer atendimento nos diria", avaliou.
A ideia inicial do grupo era poder entrar com uma ação coletiva. Entretanto, os três representantes do Cremers que receberam os familiares orientaram a abertura de processos individuais. Além de entrar com novos processo, os familiares cobram a reabertura de casos antigos já julgados pelo Cremers.
Caso símbolo
A estudante Katrine Faria de Vargas tinha apenas 12 anos quando a mãe, Elizabete Faria de Vargas, então com 43, faleceu em decorrência de complicações devido a uma cirurgia de hérnia com Couto. Moradora de Porto Alegre, ela foi encaminhada para Novo Hamburgo porque queria fazer a operação a laser para não ficar com cicatriz. "Ela era muito vaidosa", lembra Katrine.
De acordo com a estudante, não demorou para surgirem complicações resultantes da cirurgia. "Ele perfurou o intestino dela em sete lugares e mandou ela para casa. Entramos em contato com ele nos outros dois dias e ele disse que era tudo normal. No terceiro dia, resolvemos levar ela em outro médico e não deixaram ela sair porque já estava com infecção generalizada, ela foi então encaminhada ao Hospital São Lucas e de lá não saiu mais", lembra Katrine.
Elizabete faleceu no dia 17 de janeiro de 2012. Sua operação havia sido realizada no ano anterior. A família então procurou o Cremers e denunciou o caso, que só foi julgado sete anos depois. "Ele foi acusado, teve a audiência em 2019 aqui no Cremers e eles ganharam de 7x0, falaram que a cirurgia tinha risco e isso podia acontecer", conta Katrine. Mesmo passado tanto tempo, a família não esquece o caso. "Já faz 10 anos que estamos tentando na justiça justamente para que não acontecesse outras vítimas."
Sindicato diz que vai procurar famílias
Corregedor do Cremers, Carlos Isaia Filho, afirma que o Conselho fará contato com os familiares das vítimas nos próximos dias. De acordo com ele, isso não foi possível antes porque ainda não havia sido disponibilizado o nome dos envolvidos. "Ontem [terça-feira] recebemos, em sigilo, todo o processo onde consta o nome de todas as pessoas. Então sabendo quem foram as pessoas, vamos fazer contato para saber quem quer fazer a denúncia no Conselho."
De acordo com Isaia, Couto já responde a um processo no Cremers e ainda há duas outras sindicâncias abertas para investigar o médico. "Mas não são de fatos relacionados a esses colocados agora", afirma ele, referindo-se aos casos que se tornaram públicos. Couto já foi suspenso pela Justiça, mas para que o Cremers tome uma atitude é preciso que os processos sejam abertos no próprio Conselho.
Em relação a processos passados, Isaia diz que eles só podem ser reabertos caso surjam fatos novos ou novas denúncias.
Inquérito criminal em andamento
Desde que as primeiras denúncias contra Couto vieram à tona só se fez aumentar o número de pessoas que se dizem vítimas do médico. O inquérito criminal, comandado pelo delegado Tarcísio Kaltbach, já tem 114 ocorrências contra o médico. Mais de 80 pessoas foram ouvidas durante as investigações. De acordo com Kaltbach, o próximo passo será por parte da perícia. “Em breve estaremos encaminhando ao IGP de POA os depoimentos, laudos, prontuários médicos e relatórios médicos para fins de análise pela junta médica do IML-IGP.”
Kaltbach diz que ainda não é possível determinar um prazo para o encerramento do inquérito, já que dependerá justamente de outros órgãos. “Logo mais as diligências que passarão a ser feitas é pelo IGP e daí eles têm o tempo deles”, explica. Mas mesmo antes do encerramento do inquérito criminal, as famílias acionaram Couto na área cível. Mais de 50 ações contra o médico já foram protocoladas.