SALVE O JOAQUIM
Família luta contra o tempo para salvar criança com doença rara em São Leopoldo
Remédio inovador dá esperança para os pais de Joaquim, mas custa mais de R$ 10 milhões; menino precisa ser medicado antes de fazer oito anos, em fevereiro de 2025
Última atualização: 06/08/2024 08:16
Três casos a cada 100 mil pessoas no mundo. Esta é a prevalência da Distrofia Muscular de Duchenne, segundo a Pfizer, doença genética rara que acomete o leopoldense Joaquim de Neque Neves, de apenas 7 anos.
Para combater o problema, que não tem cura, causa fraqueza muscular e pode afetar os batimentos cardíacos, os pais de Joaquim só precisam de um medicamento: o Elevidys, que se trata de um tratamento gênico de dose única.
Embora ele já seja aprovado emergencialmente pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador dos Estados Unidos, ainda não é liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - o que impede a distribuição no Brasil, pelo SUS ou para venda em farmácias. Além disso, o remédio custaria mais de R$ 10 milhões de reais.
CLIQUE PARA LER: Ataque de pulgas suspende aulas em escola da região metropolitana: "Poderia ser pior"
Campanha arrecada recursos no Instagram
Na esperança de viabilizar o tratamento, a família criou o perfil no Instagram @salveojoaquim, onde colocaram um link para a vaquinha on-line para arrecadar fundos e comprar o remédio. De início, o objetivo era lutar pelo registro da medicação na Anvisa, para que ela pudesse ser comprada no próprio Brasil - ou até mesmo passar a ser fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
"Nós venderíamos nossa casa e nosso carro para comprar, mas ainda não seria o suficiente. Além disso, precisamos do carro para levá-lo às consultas e terapias", afirma Magda. Como a medicação ainda não foi liberada no Brasil, a família terá que arcar também com os custos de importação do medicamento.
Diagnosticado desde os dois anos
A mãe e empresária Magda de Neque Neves, 42, conta que o diagnóstico precoce foi fundamental para evitar a rápida progressão da doença, que poderia reduzir o tempo de vida do menino para até os 20 anos, além de fazê-lo depender de uma cadeira de rodas a partir dos 11. "A distrofia faz com que os músculos percam força. E os que foram perdidos, não podem ser recuperados", explica.
"Percebemos que havia algo errado quando ele tinha 1 ano e 7 meses e ainda não caminhava, cansava fácil... então levamos ao pediatra, fizemos alguns exames e obtivemos o diagnóstico", continua. Desde então, tomar remédios para fortalecer o pulmão e fazer fisioterapia duas vezes por semana para os músculos são hábitos que fazem parte da rotina de Joaquim.
Leia também: Serviço de Atendimento Especializado volta a atender em sede própria a partir desta terça
Apesar de ser uma criança ativa, o menino sofre quando o desgaste é muito grande. "Em dezembro do ano passado, ele ficou mais de três horas sem caminhar depois de ter passado um tempo nadando na piscina. Foi horrível, foi a pior sensação que eu tive", lembra.
Contagem regressiva para salvar a vida de Joaquim
Temerosos pela vida de Joaquim, Magda e o pai do menino, Alessandro Foletto Neves, 43, buscaram ajuda em outro continente. "Durante a pandemia, nós tivemos uma consulta on-line com médicos dos Estados Unidos", conta a mãe.
Na consulta internacional, eles conheceram o Elevidys: remédio via infusão que combate o enfraquecimento de novos músculos, cujo efeito tem duração de 15 anos. A terapia gênica, que a princípio era indicada até os 5 anos, teve expansão da bula pela FDA para todas as idades em junho.
Em uma consulta digital com um neurologista de São Paulo, no dia 15 de julho, o casal conseguiu a prescrição. "O médico disse que precisamos usar o remédio o quanto antes, a gente não pode perder mais tempo", ressalta, acrescentando que o remédio pode ser contraindicado para crianças com mais de oito anos (idade que Joaquim fará em fevereiro).
Acompanhe: PREVISÃO DO TEMPO: Como a "onda de calor" na Antártida vai afetar as temperaturas no Brasil
Alessandro explica que, a empresa que pretende trazer o medicamento ao Brasil solicitou à Anvisa a liberação para crianças de 4 a 7 anos, gerando incertezas. "Não sabemos o que vai ser feito, se quando a Anvisa der o parecer, vai ser respeitando o pedido da empresa ou se vai ser conforme o FDA, para todas as idades."
RESUMO DAS NOTÍCIAS UMA VEZ POR DIA NA NEWSLETTER DO ABCMAIS; CLIQUE PARA SE INSCREVER