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Família de Novo Hamburgo busca ajuda para menino de 8 anos não ficar cego

Por causa da catarata congênita, Esdras Gabriel não consegue ler e visão do olho direito está 90% comprometida. Por estar há mais de um ano na fila do SUS, família agora tenta arrecadar valor para cirurgia particular através de doações

Carla Fogaça
Publicado em: 24/03/2023 às 18h:44 Última atualização: 26/02/2024 às 09h:10
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A família de Esdras Gabriel Silva dos Santos, de 8 anos, vive o drama da espera por uma cirurgia de catarata congênita para o menino, morador de Novo Hamburgo. Enquanto aguarda na fila de espera pelo Sistema Único de Saúde, (SUS) há mais de um ano, a mãe do pequeno Esdras, Solange Batista da Silva, vive o pesadelo e a incerteza do dia de amanhã. “Ver meu filho nesta situação corta o coração. E estamos de mãos atadas, toda semana eu ligo para o Município e Estado e a resposta é sempre a mesma: tem que esperar. Mas até quando? Até ele ficar cego?”, desabafa Solange.

 Esdras Gabriel sonha em conseguir ler



Esdras Gabriel sonha em conseguir ler

Foto: Carla Fogaça/GES-ESPECIAL

A bicicleta foi deixada de lado, o patinete só pode ser usado na companhia de um adulto, os brinquedos nem sempre são encontrados, o café posto no copo às vezes é derrubado. Na escola a dificuldade de ler aumenta a cada dia. E é assim que se resume a rotina de Esdras. “Ele é super inteligente e esperto, mas não consegue ler porque não enxerga, mesmo sentado na primeira classe na escola. Esdras está na terceira série e não é alfabetizado por causa da visão. Ele brinca como qualquer criança, mas existem limitações e coisas básicas como encontrar um brinquedo no quarto”, explica Solange.

Para muitas crianças na idade de Esdras o maior sonho é poder voar, ganhar o brinquedo da moda, ser youtuber ou até mesmo fazer uma viagem. Mas para ele essas coisas não são tão importantes como poder enxergar totalmente. “Se eu fecho meu olho esquerdo, não enxergo nada, só ‘sombras’. Adoro livros e não posso ler porque as letras são bem pequenas. Tenho medo de ficar sem enxergar e meu maior sonho é poder ler e não ter mais catarata”, declara Esdras.

A luta que dura dois anos

Segundo Solange, aos 4 anos de Esdras ela percebeu que ele estava com problemas na visão e procurou um oftalmologista, que na época receitou óculos. “Perto dos 6 anos eu notei que estava piorando e voltamos para consultar, foi quando descobrimos que ele não tinha problema de visão e sim catarata congênita que consequentemente fazia ele perder a visão, com risco de cegueira. Meu mundo caiu neste momento, foi bem doloroso esse diagnóstico”, relembra Solange.

Apesar do menino ter a chance de ficar 100% cego, a catarata congênita é uma doença que tem solução através da cirurgia. “Esta condição tem cura, mas o ideal é que o tratamento seja realizado o quanto antes, para evitar complicações de visão da criança. Em consultas com oftalmos, eles alegam que ele deveria ter sido submetido a cirurgia há muito tempo”, explica a mãe, que ressalta, ainda, que essa espera pode atrasar ele na escola. “Já não consegue ler e daqui a pouco terá que repetir de ano e tudo isso poderia ser evitado se ele tivesse feito a cirurgia”.

Cirurgias de média e alta complexidade 

Segundo a Secretaria de Saúde de Novo Hamburgo, o Município não é referência para exames e cirurgias de média e alta complexidade na área de oftalmologia. Em nota, a Secretaria diz ainda que durante o processo de consulta especializada oftálmica do Esdras, foi diagnosticado o quadro de catarata congênita bilateral pediátrica, necessitando de atendimento em média e alta complexidade, o que é realizado apenas por referência do Estado.

“O paciente foi inserido no sistema de gerenciamento estadual de consulta (Gercon) no dia 12 de novembro de 2021 e aguarda definição da Secretaria Estadual de Saúde (SES) de local com capacidade técnica para realização do procedimento que o paciente necessita. Todas as informações no que diz respeito a pacientes inseridos no sistema Gercon são de competência da SES”, completa a nota.

Estado alega que não regula cirurgias

Já a Secretaria Estadual de Saúde (SES), ao ser questionada sobre a demora da cirurgia de Esdras, afirmou que a SES não regula cirurgias, somente a primeira consulta especializada. “Não temos como informar sobre fila interna dos prestadores, cabe ver com o município e o hospital que vai realizar o procedimento. A SES/RS é responsável pelo acesso à primeira consulta especializada. Realização de exames e procedimentos cirúrgicos, se necessários, são definidos e agendados em nível municipal posteriormente pelos prestadores (hospitais, clínicas e laboratórios)”, diz a nota.

Voltando o questionamento ao Município, a Secretaria Municipal de Saúde reforçou que cirurgias de média e alta complexidade estão com o Estado. Em contato com o Hospital São Roque, possível anfitrião da cirurgia de Esdras, foi dito que nenhuma informação a respeito pode ser dada por telefone. “Quando eu ligo para a Prefeitura de Novo Hamburgo, me dizem que ele é a segunda criança na fila, mas isso tem meses”, diz Solange. Sobre a especulação do andamento da fila de espera, a Prefeitura diz que tem acesso ao sistema do Estado.

Família tenta soluções através de vakinha online

Além de aguardar a cirurgia pelo SUS, Solange diz que a família chegou a criar uma vakinha online para tentar arrecadar o valor necessário para a cirurgia no sistema particular, porém, até agora não conseguiram chegar nem perto da quantia necessária. “Conversamos com o oftalmologista que disse que a cirurgia dele varia entre R$ 10 a R$ 15 mil por cada olho, pois como ele é criança será necessário anestesia geral”, explica.

Outra alternativa que Solange pensou, mas não seguiu adiante devido à questão financeira, foi contratar um advogado para tentar agilizar o processo. “Tudo o que eu quero é ver meu filho bem, poder correr sem cair, andar de bicicleta e choro só de pensar que ele pode ficar sem enxergar, porque se daqui meses a situação se agrava ele vai ficar sem visão até chegar a cirurgia, isso não consigo aceitar”, fala, emocionada, Solange.

Quem tiver interesse em ajudar, pode acessar a vakinha online pelo site: https://www.vakinha.com.br/3523819. ou contato pelo telefone (51) 98111-8297.

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