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ESPERANÇA

Família de mulher com doença rara faz apelo para doação de órgãos; entenda o caso da jovem mãe

Jovem de 26 anos sofre da Síndrome de Budd-Chiari, uma doença que obstrui o fluxo de sangue do fígado e precisa de um doador

Débora Ertel
Publicado em: 14/11/2023 às 11h:15 Última atualização: 14/11/2023 às 11h:29
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A medicina ensina que um doador de órgãos pode salvar mais de oito vidas, mas o gesto de solidariedade impacta a história de muitas pessoas, muito além do que as estatísticas podem contabilizar. Bruna de Souza Santos, 26 anos, sofre da Síndrome de Budd-Chiari, uma doença rara que obstrui o fluxo de sangue do fígado.

Bruna e o filho Miguel  | Jornal NH



Bruna e o filho Miguel

Foto: Arquivo pessoal

A moradora de Campo Bom, mãe de Miguel de Souza (7), descobriu que sofria do problema quando teve dengue, há um pouco mais de um ano e meio. Hoje, Bruna luta pela vida em um leito da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Nora Teixeira da Santa Casa de Porto Alegre. Ela necessita de um transplante de fígado, mas ainda aguarda um doador compatível.

Conforme a mãe dela, a costureira Mara de Souza, 50, por conta doença que Bruna tem, não é possível receber apenas um pedaço do órgão. “As veias do fígado dela estão obstruídas, por isso precisa ser um inteiro, de um doador cadáver. Caso contrário, os irmãos dela poderiam ter doado”, explica Mara. Ela é de uma família que tem oito irmãos.

A situação da jovem é grave e já causou complicações nos rins e no pulmão. Ela já passou por procedimentos cirúrgicos e, somente no ano passado, passou por 64 internações. Atualmente, Bruna enfrenta ainda um quadro de infecção generalizada e está entubada. O filho Miguel é cuidado por um das tias e, quando há possibilidade, visita a mãe no hospital.

A família decidiu compartilhar o drama da moradora de Campo Bom para sensibilizar a comunidade sobre a importância de permitir a captação de órgãos de familiares. “O caso dela foi se agravando porque demorou muito para ter um doador compatível. Quero alertar o quão importante é uma doação de órgãos. Que a família não deixe de fazer, que doe para salvar a vida de outro”, apela Mara.

Quantas pessoas aguardam por doação no RS

Conforme a Central de Transplantes do Estado, até setembro deste ano, das 617 notificações de morte encefálica registradas, 214 resultaram em doação efetiva, um percentual de 35%. Já a lista de pessoas que aguardam na fila para receberem um órgão no Rio Grande do Sul tinha ao menos 2.681 até o dia 27 de outubro, sendo 149 para um fígado, como é o caso de Bruna. Além disso, 15 esperam por um coração, 1.186 para córnea, 61 para pulmão e 1.270 para rim.

O procedimento de doação de órgãos só é realizado com a autorização da família do doador. Por isso, a Central de Transplantes reforça que é essencial avisar as pessoas próximas da vontade de ser um doador. “Isso é muito importante, pois ainda é alto o índice de não autorização por parte das famílias de possíveis doadores”, destaca a Central.

Neste momento, mesmo que surja um doador para Bruna, ela não tem condições de receber pela gravidade do seu quadro clínico, embora ela permaneça na fila. “É claro que a gente tem esperança. Assim que ela melhorar, torcemos para que apareça o fígado”, declara a mãe.

Com a intenção de aumentar o número de doadores de órgãos e tecidos foi criada a Central Notarial de Doação de Órgãos. No serviço, disponibilizado gratuitamente pelos tabelionatos de notas de todo o Estado, qualquer pessoa pode deixar registrado que é doadora de órgãos. Basta solicitar gratuitamente a realização da escritura pública declaratória com natureza de doação de órgãos. Os dados serão compartilhados com a Central de Transplantes de forma sigilosa. 

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