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INVESTIGAÇÃO

Família afirma que corpo encontrado no Rio dos Sinos é de homem desaparecido há mais de uma semana

Adan Ubatuba Cesca, de 40 anos, teria saído da casa do irmão para trabalhar e desde então não deu mais notícias; Polícia Civil aguarda resultado da necropsia

Ubiratan Júnior
Publicado em: 04/12/2023 às 18h:14 Última atualização: 25/01/2024 às 20h:59
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A família de Adan Ubatuba Cesca afirma que o corpo encontrado às margens do Rio dos Sinos, no limite entre São Leopoldo e Novo Hamburgo, no domingo (3), é do homem de 40 anos que estava desaparecido há mais de uma semana.

Adan Ubatuba Cesca, de 40 anos, sumiu no dia 24 de novembro após deixar a casa de um irmão em Campo Bom | abc+



Adan Ubatuba Cesca, de 40 anos, sumiu no dia 24 de novembro após deixar a casa de um irmão em Campo Bom

Foto: Arquivo pessoal

Por volta das 18 horas, o corpo de Adan foi achado em estava avançado de decomposição. Estava parcialmente submerso. Ele foi avistado por pessoas que passavam pelo local e chamaram o Corpo de Bombeiros, que fez a retirada da água pelo lado de Novo Hamburgo, na Prainha de Lomba Grande, por causa da dificuldade de acesso pela área do município vizinho. À princípio, não havia sinais de violência no corpo.

“No final da tarde, recebemos ligações e ‘Whats’ de amigos e conhecidos, informando então que passaram pelo local e haviam viaturas da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros na região da prainha”, conta Eder Ubatuba Cesca, irmão do homem que estava desaparecido desde 24 de novembro.

Segundo Eder, os familiares foram até o local onde o cadáver foi encontrado. Porém, quando chegaram por volta das 19h30, não havia mais ninguém. Como era uma região onde o sinal telefônico é escasso e tem pouco movimento, foram até um posto de gasolina para tentar sinal e se comunicar com outros parentes. “Chegando no posto, me informaram que o policial militar ao qual tivemos contato no mutirão do sábado, estava atendendo a ocorrência e ligou então para o meu irmão, perguntando se o Adan tinha tatuagens”, lembra.

“Ao passar as tatuagens do Adan por telefone, nos informou então que as informações eram condizentes com a do corpo encontrado, e que eles poderiam se deslocar então para a Delegacia da Polícia Civil”, detalha o irmão da vítima. “Chegando lá [delegacia], ao visualizar as fotos, identificamos que se tratava mesmo de nosso irmão. Pelas tatuagens, pelas vestimentas”, lamenta.

O corpo encontrado foi levado para necropsia, para confirmar a identificação e esclarecer a causa da morte. “Há possibilidade de ser o Adan devido as tatuagens. Porém, só com o resultado da necropsia poderemos confirmar”, afirma a delegada Mariana Studart, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Leopoldo.

Dificuldade na identificação

O irmão de Adan explica que foi informado à família que devido ao estado de putrefação do corpo, não foi possível fazer identificação pelas digitais. “Tivemos que entrar em contato com a Polícia Civil para que encaminhassem a coleta de dados dos parentes de primeiro grau”, esclarece Eder.

Eder alega dificuldades no contato com o Departamento Médico Legal (DML) para informações sobre as coletas. De acordo com ele, desde o começo da tarde desta segunda-feira (4) tentam contato telefônico com o órgão, mas ninguém atende. “Precisamos saber quantas pessoas de primeiro grau temos que levar? Qual setor específico temos que ir? Qual o horário de funcionamento?”, questiona. “Horrível por si só, mas muito mais por ser um momento em que estamos tão fragilizados emocionalmente”, pontua.

“Optamos por estarmos indo presencialmente amanhã (5), pela manhã, bem cedo, mesmo que não tenhamos agendado horário e sem sabermos se seremos atendidos”, destaca Eder.

Segundo o Instituto-Geral de Perícias (IGP), responsável pelo DML, “tanto no DML quanto na Divisão de Genética Forense é possível fazer o contato. Quanto mais parentes de primeiro grau puderem doar (mãe, pai e irmãos) melhor é”. Nesses casos, o órgão orienta contato com a Secretaria do Necrotério pelos telefones (51) 3288- 2661 ou (51) 3188-2659. Também é possível fazer o contato para esclarecer dúvidas com a Divisão de Genética Forense, pelo telefone  (51) 3288-5150, ramal 6477.

Adan deixa dois filhos, um de quatro anos, do relacionamento mais recente, e outro de 16, de relacionamento anterior. De acordo com a família, não será possível realizar velório por conta do procedimento de identificação, que pode levar até um mês. Só após a conclusão o corpo será liberado, em caso da confirmação da identidade.

Relembre o caso

Desde 24 de novembro, a família não tinha contato com Adan. O morador de Sapiranga, teria passado aquela semana na casa do seu irmão caçula, na cidade vizinha Campo Bom, no bairro Imigrante Norte. O homem realizava serviços na casa do parente.

Na noite da quinta-feira (23), um dia antes de desaparecer, teria comentado que teria serviços para fazer “para os lados de Lomba Grande”, sem informar o local e quem seria o contratante. Adan fazia serviços de construção, limpeza de terrenos e reparos elétricos. No dia seguinte, teria ficado dormindo até mais tarde. O caçula e a cunhada saíram para trabalhar pela manhã. Por conta disso, não se sabe o horário que deixou a residência.

Adan havia combinado de buscar o filho de quatro anos na casa da ex-companheira. Com quem mantinha contato, apesar do processo recente de separação. A mulher viajaria e ele ficaria com a criança no final de semana. Como não apareceu para buscá-lo, a mãe do menino o deixou na casa de outro irmão do homem, que reside em frente a casa dele em Sapiranga.

Ela ainda teria enviado uma mensagem ao ex-companheiro no fim da tarde do dia 24. O texto foi recebido e apenas visualizado. A família estranhou o comportamento, estiveram na casa dele e não encontraram nada fora do lugar.

A motocicleta usada por Adan foi achada trancada em uma casa nos fundos da residência do irmão de Campo Bom. O local, que costuma ser alugado mas está vazio, estava trancado pelo lado fora.

Adan teria saído de casa de outro irmão, no bairro Imigração Norte, em Campo Bom, no dia 24 de novembro, alegando que trabalharia em “para os lados de Lomba Grande”. Desde então, não fez mais contato com a família.

Como sofria com convulsões e crises de epilepsia, a ex-companheira mantinha com ele um aplicativo de localização. Ao acessar, constatou que o último registro havia sido na quinta-feira à noite, quando Adan ainda estava na casa do irmão em Campo Bom.

Buscas e desfecho

Sem notícias e preocupados, a família iniciou mobilização nas redes sociais e na imprensa. A única informação que surgiu, foi que em um grupo de motoboys de Novo Hamburgo, um profissional teria visto Adan caminhando próximo a ponte da Estrada da Integração, em Lomba Grande, no dia em que deixou de dar notícias após sair da casa do irmão.

No último final de semana, a família contou com apoio de amigos e voluntários para um mutirão de buscas em Campo Bom e em Lomba Grande. Não encontraram nenhum vestígio, até que a notícia de um encontro de cadáver chegou.

“Infelizmente, nosso querido Adan se foi, não era o desfecho que gostaríamos, mas foi o desfecho que precisávamos para acabar com as incertezas e a angústia de não ter notícias de alguém que tanto amamos”, lamenta Eder.

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