CRIME ORGANIZADO
Facção do Vale do Sinos adota táticas e fardas militares para matar
Execuções parecidas, com último caso em Parobé, vão de desavenças do narcotráfico a extorsões a comerciantes
Última atualização: 05/09/2024 17:08
Trajes militares camuflados, coletes balísticos, algemas, toucas ninjas e armas longas. Execuções parecidas, do Vale do Sinos à Serra, fazem a Polícia acreditar que a maior facção do Estado, nascida na década de 1990 em Novo Hamburgo, formou um exército da morte. O narcotráfico está por trás da rede de crimes, que impulsiona roubos de toda ordem até a cobrança de pedágio a comerciantes.
A investigação sobre o homicídio mais recente atribuído à organização, no início desta semana em Parobé, avançou nesta quarta-feira (22) com novas informações. “A gente apurou que a vítima promovia festas raves, com venda de drogas sintéticas e lança-perfume, sem permissão da facção. Isso possivelmente foi a motivação”, declara o delegado da cidade, Gustavo Menegazzo da Rocha.
60 tiros
Charles Popik Dias, 24 anos, foi tirado à força de casa, no bairro Empresa, em Taquara, e executado com pelo menos 60 tiros a oito quilômetros de distância dali, na Rua Beira Rio, bairro Santa Cristina, em Parobé. Dois encapuzados fardados, com um comparsa ao volante de um HB20 preto, sequestraram Charles por volta das 23h30 de domingo. O corpo foi encontrado quatro horas depois, no meio da rua, pela Brigada Militar. “No levantamento dos locais, apreendemos frascos de lança-perfume na casa dele”, observa o delegado.
Em liberdade provisória desde o fim de 2018, Charles aguardava júri por tentar matar a tiros um assaltante e também respondia por roubos e receptação. “Essa execução em Parobé tem características muito semelhantes com outras na região”, diz o delegado.
Homicídio foi gravado para intimidar donos de revendas
Uma das execuções parecidas com a desta semana aconteceu na madrugada de 12 de outubro também no Vale do Paranhana. Só que no sentido inverso. Um grupo com mesmos trajes e demonstração de experiência sequestrou o morador de Parobé Kevyn Alcides de 18 anos, e o levou em um carro preto, que seria um Grand Siena, até uma revenda de veículos na RS-239, em Taquara. Ele foi fuzilado na frente da loja de veículos.
Kevyn foi posicionado no ângulo de uma câmera do prédio antes de ser alvejado pelas costas. Os executores planejaram a gravação. Os carros e a frente da revenda também foram perfurados. As imagens mostram que o motorista também gravou, em um celular.
A loja vinha sendo extorquida para pagar pedágio à facção. O jovem executado, conforme o delegado Gustavo, já tinha sido identificado como pequeno traficante.
Em outro sequestro, homem foi decapitado
Com habilidades militares, três fardados com fuzis invadiram uma casa na Rua Luís Castro, bairro Paulista, em Campo Bom, e sequestraram o morador, Ricardo Elias Prates Guedes de 24 anos, na noite de 26 de maio. O jovem foi levado algemado até o interior de Taquara, onde os encapuzados o fuzilaram e decapitaram. A cabeça foi deixada ao lado do corpo, na localidade de Pega Fogo, próximo à saibreira. Ricardo não tinha antecedentes criminais. “Pelas características do crime, acreditamos que tenha relação com droga”, comenta a delegada de Taquara, Rosane de Oliveira.
Outra execução parecida atribuída ao “exército da morte”, com fuzil, aconteceu em Nova Petrópolis na noite de 21 de setembro. Alan Friedrich Becker de 21 anos, foi assassinado por quatro encapuzados fortemente armados. Há pelo menos mais quatro assassinatos semelhantes sob investigação na região.
Medo se espalha no comércio da região
Na manhã desta quarta, a delegacia de Portão cumpriu nove prisões preventivas por extorsão a comerciantes. Quatro criminosos já estavam na cadeia, de onde coordenavam o esquema de pedágio a revendas de veículos, distribuidoras de gás e outros negócios.
Nesta segunda (20), outra operação prendeu um homem de 24 anos em Sapiranga que estava ameaçando comerciantes de Ivoti. O criminoso, por meio de mensagens de WhatsApp, usava a execução na frente da revenda de Taquara para chantagear as vítimas. A prisão foi em flagrante por posse ilegal de arma, porque o Judiciário havia negado a preventiva e concedido apenas mandado de busca na casa do suspeito.
Na mesma operação, da Delegacia de Roubo e Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo, foram feitas buscas em Parobé e Nova Hartz. No entanto, segundo o delegado do órgão, Ayrton Figueiredo Júnior, o sapiranguense preso não seria membro da facção.
“A facção que predomina é a mesma que está cobrando pedágio em toda a região. Tudo que vai contra as investidas deles se torna alvo, seja quem trafica na área deles ou é ameaçado com pedágio”, expõe o delegado de Parobé.
Gustavo da Rocha reitera características semelhantes de execução e comenta obstáculos de investigação. “Em Parobé, tivemos apenas um caso de extorsão registrado, mas dias depois a vítima voltou à delegacia pedindo para apagar a ocorrência. Tivemos que explicar que não era possível.”
Trajes militares camuflados, coletes balísticos, algemas, toucas ninjas e armas longas. Execuções parecidas, do Vale do Sinos à Serra, fazem a Polícia acreditar que a maior facção do Estado, nascida na década de 1990 em Novo Hamburgo, formou um exército da morte. O narcotráfico está por trás da rede de crimes, que impulsiona roubos de toda ordem até a cobrança de pedágio a comerciantes.
A investigação sobre o homicídio mais recente atribuído à organização, no início desta semana em Parobé, avançou nesta quarta-feira (22) com novas informações. “A gente apurou que a vítima promovia festas raves, com venda de drogas sintéticas e lança-perfume, sem permissão da facção. Isso possivelmente foi a motivação”, declara o delegado da cidade, Gustavo Menegazzo da Rocha.
60 tiros
Charles Popik Dias, 24 anos, foi tirado à força de casa, no bairro Empresa, em Taquara, e executado com pelo menos 60 tiros a oito quilômetros de distância dali, na Rua Beira Rio, bairro Santa Cristina, em Parobé. Dois encapuzados fardados, com um comparsa ao volante de um HB20 preto, sequestraram Charles por volta das 23h30 de domingo. O corpo foi encontrado quatro horas depois, no meio da rua, pela Brigada Militar. “No levantamento dos locais, apreendemos frascos de lança-perfume na casa dele”, observa o delegado.
Em liberdade provisória desde o fim de 2018, Charles aguardava júri por tentar matar a tiros um assaltante e também respondia por roubos e receptação. “Essa execução em Parobé tem características muito semelhantes com outras na região”, diz o delegado.
Homicídio foi gravado para intimidar donos de revendas
Uma das execuções parecidas com a desta semana aconteceu na madrugada de 12 de outubro também no Vale do Paranhana. Só que no sentido inverso. Um grupo com mesmos trajes e demonstração de experiência sequestrou o morador de Parobé Kevyn Alcides de 18 anos, e o levou em um carro preto, que seria um Grand Siena, até uma revenda de veículos na RS-239, em Taquara. Ele foi fuzilado na frente da loja de veículos.
Kevyn foi posicionado no ângulo de uma câmera do prédio antes de ser alvejado pelas costas. Os executores planejaram a gravação. Os carros e a frente da revenda também foram perfurados. As imagens mostram que o motorista também gravou, em um celular.
A loja vinha sendo extorquida para pagar pedágio à facção. O jovem executado, conforme o delegado Gustavo, já tinha sido identificado como pequeno traficante.
Em outro sequestro, homem foi decapitado
Com habilidades militares, três fardados com fuzis invadiram uma casa na Rua Luís Castro, bairro Paulista, em Campo Bom, e sequestraram o morador, Ricardo Elias Prates Guedes de 24 anos, na noite de 26 de maio. O jovem foi levado algemado até o interior de Taquara, onde os encapuzados o fuzilaram e decapitaram. A cabeça foi deixada ao lado do corpo, na localidade de Pega Fogo, próximo à saibreira. Ricardo não tinha antecedentes criminais. “Pelas características do crime, acreditamos que tenha relação com droga”, comenta a delegada de Taquara, Rosane de Oliveira.
Outra execução parecida atribuída ao “exército da morte”, com fuzil, aconteceu em Nova Petrópolis na noite de 21 de setembro. Alan Friedrich Becker de 21 anos, foi assassinado por quatro encapuzados fortemente armados. Há pelo menos mais quatro assassinatos semelhantes sob investigação na região.
Medo se espalha no comércio da região
Na manhã desta quarta, a delegacia de Portão cumpriu nove prisões preventivas por extorsão a comerciantes. Quatro criminosos já estavam na cadeia, de onde coordenavam o esquema de pedágio a revendas de veículos, distribuidoras de gás e outros negócios.
Nesta segunda (20), outra operação prendeu um homem de 24 anos em Sapiranga que estava ameaçando comerciantes de Ivoti. O criminoso, por meio de mensagens de WhatsApp, usava a execução na frente da revenda de Taquara para chantagear as vítimas. A prisão foi em flagrante por posse ilegal de arma, porque o Judiciário havia negado a preventiva e concedido apenas mandado de busca na casa do suspeito.
Na mesma operação, da Delegacia de Roubo e Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo, foram feitas buscas em Parobé e Nova Hartz. No entanto, segundo o delegado do órgão, Ayrton Figueiredo Júnior, o sapiranguense preso não seria membro da facção.
“A facção que predomina é a mesma que está cobrando pedágio em toda a região. Tudo que vai contra as investidas deles se torna alvo, seja quem trafica na área deles ou é ameaçado com pedágio”, expõe o delegado de Parobé.
Gustavo da Rocha reitera características semelhantes de execução e comenta obstáculos de investigação. “Em Parobé, tivemos apenas um caso de extorsão registrado, mas dias depois a vítima voltou à delegacia pedindo para apagar a ocorrência. Tivemos que explicar que não era possível.”
A investigação sobre o homicídio mais recente atribuído à organização, no início desta semana em Parobé, avançou nesta quarta-feira (22) com novas informações. “A gente apurou que a vítima promovia festas raves, com venda de drogas sintéticas e lança-perfume, sem permissão da facção. Isso possivelmente foi a motivação”, declara o delegado da cidade, Gustavo Menegazzo da Rocha.