Rodar mais de 20 mil quilômetros para provar que é possível dar um destino correto ao óleo de cozinha, a partir de uma experiência com uma pipoqueira, valeu a pena para três estudantes de Sapiranga.
O trio de adolescentes da Escola Luterana São Mateus fez bonito na KIYO 4i 2024, na Coreia do Sul, e recebeu o prêmio de Hong Kong de melhor invenção internacional.
“Fomos premiados com ouro!!!”, comemoram os colegas do 2º ano do ensino médio Maitê Wingert, 17 anos, Matheus Gabriel de Souza, 16, e Tiago Rafael Wasen, 16.
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Eles foram a única equipe representante da América na Olimpíada Internacional da Juventude da Coreia, evento promovido pela Associação Mundial de Mulheres Inventoras e Empreendedoras (WWIEA).
O reconhecimento veio na noite de ontem (6), na companhia do professor orientador Romulo Cândido de Souza. O certificado diz que a pesquisa Biodisel, transformando um resíduo em biocombustível é “a melhor das melhores invenções”.
“Estamos amando toda essa experiência. Uma cultura bem diferente e rica. É um país muito lindo”, diz Maitê.
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A Coreia do Sul é a maior produtora de chips de memória do mundo e é reconhecida por investir em tecnologia. O país é sede de empresas gigantes como a Hyunday, Daewoo, Samsung, LG e Kia. Em abril, o governo sul-coreano anunciou um investimento de 66,94 bilhões de dólares em inteligência artificial, como parte de um plano estratégico para o país se manter na liderança global em chips de ponta. Eles ficam no país asiático até dia 11 de agosto.
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Essa não foi a primeira vez que o projeto da gurizada de Sapiranga recebe reconhecimento internacional. No ano passado, eles foram Genius Olympiad, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, destacando-se entre 1,5 mil trabalhos, onde trouxeram a medalha de prata para o Brasil. Foi neste evento que veio o convite para apresentarem a pesquisa na Coreia do Sul.
Mas antes disso, já em 2024, Maitê representou o grupo na I-Fest2 2024 realizada na Tunísia, uma das feiras mais importantes do continente africano, ficando entre os dez melhores trabalhos.
A pesquisa surgiu em 2021 durante a Multifeira São Mateus. “A gente reaproveita o óleo de cozinha, que é um resíduo que as pessoas estão descartando de maneira incorreta, e reutiliza ele para produzir um biocombustível”, explica Maitê.
A motivação para a pesquisa foram os diversos problemas ambientais que o descarte incorreto do produto traz, como a morte de animais, contaminação dos lençóis freáticos e o entupimento de tubulações nas cidades.
“Na época era pandemia, então a gente fez tudo em casa, pegamos uma pipoqueira, hidróxido de sódio, metanol e fizemos a nossa produção”, explica Maitê. O material foi levado para a Ulbra, em Canoas, para testes. Com o auxílio do professor de química Luiz Antonio Mazzini Fontoura foram realizadas análises químicas, em especial, a ressonância Magnética Nuclear.
O procedimento constatou que a experiência dos jovens tinha produzido um biodiesel com 99,7% de pureza. “A partir dali a gente foi se aprofundando mais, pesquisando e fizemos entrevistas. A gente criou também um projeto de lei para que fosse aplicada ali na nossa cidade uma estrutura para fazer essa coleta do óleo de cozinha”, conta Maitê.
A proposta foi apresentada ao Legislativo e ao poder Executivo da Cidade das Rosas.
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