A solidariedade aos atingidos pela enchente histórica de São Sebastião do Caí não se restringiu somente a pessoas de fora do município. Na cidade, um supermercado se mostrou solidário a outro que teve cerca de 70% do estoque impactado pela água. Mesmo sendo concorrentes no mesmo segmento, a empatia e o coleguismo se colocaram à frente quando o assunto era reconstruir a comunidade caiense.
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A atitude foi feita pelo Supermercado Ledur, que possui duas unidades em São Sebastião do Caí. Mesmo com a filial atingida, a matriz era um dos únicos mercados abertos para atender a população. Com isso, o Mercado Super Cruz, que fica a poucos metros da filial e foi fortemente atingido pela cheia, ofereceu as frutas do comércio para serem vendidas e não perderem a mercadoria.
Para ajudar o concorrente, então, o Supermercado Ledur decidiu comprar o estoque que não havia sido atingido pela água, entre alimentos, frutas e produtos de higiene, o valor chegou a R$ 15 mil, conforme conta uma das proprietárias do Super Cruz, Alessandra da Cruz.
“Eles levaram as frutas para nós e a gente já fez o pagamento, para que eles também não tivessem prejuízo”, relembra Ana Taís Ledur, proprietária do comércio Ledur. Depois, o supermercado também auxiliou com a doação de lanches para a equipe do Super Cruz, enquanto estivessem se reerguendo da enchente.
“Foi bem importante a parceria, pois, agora na reta final, além de toda a ajuda de alimentos comprados, de lanches doados que trouxeram para a gente, assim como outros comércios e muitos outros amigos, eles nos emprestaram máquinas de cartão para que pudéssemos reabrir nesta segunda-feira (4)”, conta Alessandra.
Para Ana, a solidariedade e a presença na comunidade é um dos lemas da empresa. “Eu não considero ninguém como concorrente, somos colegas de trabalho, estamos no mesmo segmento. Se colocar no lugar do outro é o mínimo, pois trabalhamos da mesma forma e atendemos o mesmo público. Vou estar sempre a disposição em qualquer necessidade, e não seria para outro supermercado que daríamos as costas”, destaca.
Em estoque perdido, Alessandra estima que o Super Cruz tenha perdido mais de R$ 800 mil, além dos 15 dias em que ficaram fechados. “Chegou um dado momento de desespero meu que achei que não conseguiríamos mais reabrir, mas meu pai e minha irmã seguiram firmes de que iríamos retomar”, relembra a proprietária.
A cidade, que teve 80% do território afetado pela água, segue se recuperando dos estragos da cheia. “Todo mundo acaba ficando abalado nessa situação. A cidade vai demorar para voltar à rotina. A gente torce para que tudo volte o mais rápido possível. A cidade vai se recuperar. Nós acreditamos na força que São Sebastião do Caí tem”, afirma Ana.
Comunidade torceu pela reabertura
Em relação à reabertura do Super Cruz, que foi bastante aguardada pela comunidade, a proprietária do comércio Ledur enfatiza a torcida que havia para a volta do negócio. “Torcemos para que o retorno deles fosse o mais rápido possível, tanto financeiramente como psicologicamente, pois é difícil ver uma coisa que tu construiu uma vida inteira, um patrimônio, uma segurança, e ver água levando tudo de vez. Eles são uma família muito batalhadora, dedicada, e a cidade tem muito orgulho”, diz Ana.
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