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Recomeço

Estado define como será o retorno das aulas nas escolas estaduais atingidas pela enchente

Na área da 2ª CRE, composta por 167 escolas e 62 mil matriculados, 141 já voltaram a receber alunos

Débora Ertel
Publicado em: 30/05/2024 às 13h:26 Última atualização: 30/05/2024 às 13h:26
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Depois do processo de aprendizagem escolar ter sido fortemente atingido pela pandemia, as escolas têm um novo desafio pela frente. Há colégios destruídos, outros funcionando parcialmente e estabelecimentos que ainda não são acessíveis por conta de alagamentos.

A realidade ainda leva em conta o impacto emocional das perdas trazidas pela catástrofe climática e um cenário de futuro déficit de mão de obra educacional.

 Escola Estadual Maria Saturnina Ruschel de Feliz  | abc+



Escola Estadual Maria Saturnina Ruschel de Feliz

Foto: Divulgação

Por isso, montar o quebra-cabeça para fazer a roda da educação girar novamente não tem sido tarefa fácil. Nesta semana, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) emitiu uma série de orientações a partir da realidade de cada uma das escolas atingidas, chamado de acolher e educar.

Na rede estadual, segundo o subsecretário de Desenvolvimento da Educação, Marcelo Jerônimo, 1,2 mil unidades não tiveram a infraestrutura impactada e já retomaram as aulas. No entanto, há 500 escolas ainda sem atividades desde 1º de maio, quando tudo foi suspenso.

Na área da 2ª Coordenadoria Regional de Educação, composta por 167 instituições e 62 mil matriculados, 141 já voltaram a receber alunos.

Enchente deixou estragos na Escola Estadual no Bairro Santo Afonso  | abc+



Enchente deixou estragos na Escola Estadual no Bairro Santo Afonso

Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

Conforme Jerônimo, são quatro modos previstos de retomada: presencial, híbrido, por revezamento e remoto.

No modelo híbrido, as aulas são presenciais, apesar das limitações de infraestrutura externas, como a falta do transporte escolar para alguns alunos ou o rompimento de pontes, por exemplo. Neste caso, como explica o subsecretário, retorna presencialmente quem pode e quem não consegue recebe os conteúdos de outra maneira, conforme a realidade.

Já o revezamento foi pensado para as escolas que tiveram parte das suas estruturas afetadas, ou seja, não tem todas as salas e espaços disponíveis. A ideia aqui é revezar os espaços alternativos, em combinação com algum ajuste de horário.

“A proposta é garantir ao máximo a presença deles na escola”, pontua Jerônimo. Ele informa que os grupos em modelo híbrido e de revezamento são acompanhados por grupos de trabalho da Seduc.

Por fim, há um último grupo de alunos: são aqueles que não voltam para as escolas porque os espaços colapsaram e que serão atendidos de maneira remota.

“Para nós este impacto foi muito mais complexo, pois há essa diversidade de cenários. Ainda tem a vida dos estudantes e a vida dos professores e precisamos mitigar tudo. Priorizar o planejamento pedagógico de uma escola que precisa saber acolher”, salienta. Jerônimo comenta que muitos traumas ficam não apenas por conta do episódio vivido, mas porque quando se chega não há acolhimento.

Uma próxima etapa que a Seduc deve trabalhar em breve é a recomposição da aprendizagem, priorizando as habilidades essenciais. “Pode ser que alguns casos se estenda (a recuperação) para mais de um ano letivo”, avalia.

Por fim, Jerônimo destaca que o evento climático enfrentado pelo Rio Grande do Sul precisa virar conteúdo em sala de aula. “Precisamos de uma abordagem sobre isso, de o que ensinar e como ensinar”, conclui.

Escola Estadual Maria Saturnina Ruschel, de Feliz

Devastada pela cheia do Rio Caí, a Escola Estadual Maria Saturnina Ruschel, de Feliz, no Vale do Caí, luta para voltar à normalidade. A enchente tomou o primeiro andar da instituição e deixou o prédio sem condições de uso, derrubando muros e causando um sério problema sanitário no colégio.

 Escola Estadual Maria Saturnina Ruschel de Feliz  | abc+



Escola Estadual Maria Saturnina Ruschel de Feliz

Foto: Divulgação

A fossa foi arrancada e não há como utilizar os banheiros, já que o encanamento está tomado por lodo e novas tubulações serão instaladas. Com 121 anos de história, a escola tem 215 alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, com 50 matriculados em turno integral.

 Escola Estadual Maria Saturnina Ruschel de Feliz  | abc+



Escola Estadual Maria Saturnina Ruschel de Feliz

Foto: Divulgação

Neste momento, os estudantes recebem atividades para fazer em casa e se dirigem até o colégio para esclarecer dúvidas com os professores.

 Escola Estadual Maria Saturnina Ruschel de Feliz  | abc+



Escola Estadual Maria Saturnina Ruschel de Feliz

Foto: Divulgação

Segundo a diretora Iara Melotto, pais se revezam no mutirão de limpeza e conserto dos espaços. De acordo com ela, a intenção é deixar a escola organizada até segunda-feira da próxima semana para que, na terça-feira seguinte, uma sanitização completa seja realizada no espaço.

Escola Maria Saturnina Ruschel de Feliz  | abc+



Escola Maria Saturnina Ruschel de Feliz

Foto: Divulgação

“Na quarta, vamos retornar e verificar se o sistema de banheiros e a cozinha estão funcionando. Na quinta-feira, vamos receber o turno da manhã e, na sexta, o turno da tarde. Tudo com muito acolhimento”, destaca Iara, explicando que há alunos ainda assustados com o que aconteceu na escola.

Escola Estadual no bairro Santo Afonso

Em Novo Hamburgo, quem ainda está em processo de faxina é a Escola Estadual no bairro Santo Afonso, na Rua Buenos Aires. O colégio atende 420 alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Conforme o diretor Cristiano Silva, as atividades deverão ser retomadas no prazo de dez dias, já que todas as instalações ficaram inundadas por semanas. A limpeza é realizada por uma empresa contratada.

Enchente deixou estragos na Escola Estadual no Bairro Santo Afonso  | abc+



Enchente deixou estragos na Escola Estadual no Bairro Santo Afonso

Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

De acordo com ele, antes o espaço será avaliado por técnicos do Estado para verificar se não houve algum dano estrutural, de modo a garantir a segurança dos estudantes.

Emei Tio Riba, de Montenegro, em novos endereços

Em Montenegro, a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Tio Riba, no bairro Ferroviário, não tem condições de receber alunos. O prédio ficou destruído pela enchente. Nesta segunda-feira (27), depois de 26 dias sem aula, as atividades foram retomadas, com as 222 crianças divididas em dois espaços.

Emei Tiba Riba funciona em novos espaços em Montenegro | abc+



Emei Tiba Riba funciona em novos espaços em Montenegro

Foto: Divulgação

Duas turmas foram realocadas na Emei Áurea Marize dos Santos Noval, no bairro Centenário. As demais estão na Escola Estadual Delfina Dias Ferraz, no Centro.

De acordo com a diretora, Laís da Rosa Conceição, tudo que foi possível recuperar do prédio original foi levado para a Escola Delfina.

“Perdemos móveis, cadeiras, material pedagógico. Mas estamos construindo uma nova escola, com muito carinho, do jeito que é possível. Agradecemos a todos funcionários e pais pela compreensão”, declarou. 

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