CULTURA
Espetáculo destaca formas de afeto entre mulheres
Peça de teatro retrata diferentes formas de amor entre o sexo feminino
Última atualização: 04/03/2024 10:19
Concebido e encenado por duas mulheres, o espetáculo Acorda y Canta retrata histórias sobre as diversas formas de afeto entre o sexo feminino. Relações e laços que envolvem família, amizade e amor romântico são abordados entre o drama e a comédia na atração teatral em cartaz nos dias 14, 15, 16, 21, 22 e 23 de abril às 20 horas, no Centro Municipal de Cultura - na sala Álvaro Moreyra (Avenida Érico Veríssimo, 307 - Azenha, Porto Alegre). Os ingressos custam entre R$ 20 (meia) e 40 (inteira), mais taxa de conveniência no site da Sympla.
A canoense Lara Vitoria, de 22 anos, é cocriadora da peça em conjunto com a amiga e ex-colega de universidade Luana Milidiu. Em 2022, a dupla se formou em licenciatura em teatro, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
Na metade do ano passado, Luana convidou Lara para integrar oo processo de criação da peça Acorda y Canta que originou o coletivo pertencente ao Departamento de Arte Dramática da Ufrgs, Las Otras. "A Luana precisava fazer a montagem de um espetáculo para concluir o curso, então, começamos a amadurecer e construir juntas a ideia de contar por meio da arte as várias formas de amor entre duas mulheres", detalha a jovem canoense.
Lara explica que as histórias contadas no palco foram escritas com base nas vivências e experiências de ambas. A peça apresentada pelas duas atrizes promete fazer o espectador ir do choro ao riso. "É misto de sentimentos, uma explosão. Mas no final, quem assiste sai com o coração mais quentinho. Cada personagem revela a dor e a delícia de ser o que se é. Costuramos com músicas, palhaçadas e lágrimas. Afinal, de muitas somos constituídas", afirma.
A classificação indicativa da peça é 12 anos. Estudantes, idosos e classe artística têm direito a meia entrada.
Nova temporada
Temas como gênero e sexualidade são o fio condutor da peça. O coletivo fez a temporada de estreia do espetáculo dentro da Mostra Dad/Ufrgs, em 2022. "Esta 'nova' temporada simboliza a primeira vez que vamos apresentar fora da universidade. Estamos felizes e ansiosas", enfatiza Lara.
A direção do espetáculo é de Luiza Escandiel. "Temos uma equipe muito dedicada e fiel, somos em torno de dez pessoas, entre produção, operação, orientação cênica e demais funções fundamentais para fazer a peça acontecer. Embora, a maioria de nós ainda não consiga viver da arte, seguimos. Eu trabalho como auxiliar administrativa e dou aulas de teatro."
Desafios e dificuldades no cenário artístico do País
O cenário da arte local e nacional é definido por Lara como complicado. A jovem aponta a falta de incentivo público como o principal empecilho. "A arte não acontece sem fomento do Governo [Federal, Estadual e Municipal]. Projetos independentes como o nosso são os que sofrem mais dificuldades para conseguir incentivos por meio de programas da gestão pública", desabafa.
Lara diz que artistas conhecidos possuem mais chances de ter seus projetos aprovados. "Não vou citar nomes, mas é só pesquisar pela lei Rouanet. Temos diversos famosos que conseguiram colocar em prática seus projetos por meio da lei. Quanto mais desconhecido, mas difícil", lamenta.
Em relação ao cenário local, a canoense enfatiza que deseja conseguir apresentar a peça nos espaços culturais do município Sesc e na Villa Mimosa. "Essa breve temporada que faremos em Porto Alegre só está acontecendo porque conseguimos por meio de edital público o espaço para o espetáculo. Vamos pagar um valor simbólico para usar o local. Caso contrário, não seria possível", revela.
Origem inusitada do nome da atração
A origem do nome "Acorda y Canta" surgiu de uma história verídica contada pela diretora da peça, Luiza Escandiel. "Um dia a Luiza nos relatou que uma amiga dela foi em uma sessão de autógrafos do lançamento do livro biográfico da Fernanda Montenegro. Quando ela chegou na frente da Fernanda disse que estava se sentido triste por conta dos problemas que enfrentava naquele momento. Então, a Fernanda escreveu no livro em forma de dedicatória 'para fulana, acorda e canta', ou seja, em outras palavras 'sacode a poeira', sai desse momento depressivo", relembra Lara.
A jovem conta que a Fernanda sem querer deu o nome da peça. "Só fizemos a troca do 'e' pelo 'y' por queríamos algo relacionado ao espanhol, pois a Luana tem descendência espanhola. É um nome a partir de muitas histórias e significados", finaliza Lara.