O advogado Jader Marques, que atua na defesa da ex-mulher de Paulo Ruschel, acusada de participar da morte do escrivão judicial, avisou que deve pedir a anulação do julgamento pela participação do promotor Eugênio Paes Amorim. Para o defensor, Amorim teria relação com o caso e, por isso, teria interesse em prejudicar a ré.
Marques destaca que Eugênio Amorim tinha amizade com a vítima e é acusado de questões de foro íntimo por Adriana Guinthner. Durante seu interrogatório, a ré Adriana afirmou que as atitudes reprováveis do promotor já ocorriam antes do relacionamento dela com Ruschel. “Estou constrangida por ter que estar aqui. Sou vítima de perseguição, ele [promotor Amorim] é meu inimigo, quer me prejudicar para além da acusação dos fatos”, declarou.
O promotor, que participou do primeiro dia de julgamento, não estava presente no júri no momento em que Adriana faz as acusações. Conforme colegas, ele está atuando em um júri em Porto Alegre. Na metade da tarde, após a conclusão da primeira parte dos debates, Amorim voltou ao salão do júri.
Acusação explora dinâmica dos fatos e contradições da ré
Na primeira fase dos debates, em que acusação e defesa apresentam as provas ou evidências do fato aos jurados, o promotor Robson Jonas Barreiro aproveitou para explorar a dinâmica dos fatos e apontar contradições de Adriana. “Ela é uma mulher inteligente, mas há pontos de uma investigação que fugiram da capacidade intelectual dela”, sinaliza o promotor.
O promotor tentou sensibilizar os jurados no sentido de que Adriana sabia que Ruschel iria morrer naquela noite. “Como alguém que vê seu marido ser morto consegue ir para um quarto ao lado fumar?”, perguntou Barreiro.
Nas interceptações telefônicas feitas pela Polícia na época dos fatos – e apresentadas pelo Ministério Público -, há falas da ré para terceiros dizendo que se encheu de confiança depois de um exame não ter detectado pólvora em suas mãos.
Outro ponto atacado pelo Ministério Público foram as acusações feitas por Adriana contra o promotor Amorim e ao inspetor Luz, da Polícia Civil. “Quando ela percebeu que estava começando a se complicar, passou a acusar todo mundo para criar um fato novo de que era agredida, assediada”, assinala.
Após uma hora e meia de atuação da acusação, iniciou a segunda fase dos debates com a manifestação dos advogados de defesa da ré. O advogado Leonardo Santiago iniciou os trabalhos falando bem da ré e enfatizando testemunhos de amigos de que Paulo Ruschel e Adriana se davam bem e que ela não tinha motivos para encomendar a morte ou querer matar o marido.
Decisão deve sair às 21 horas
A juíza Anna Alice da Rosa Schuh, que conduz os trabalhos, explicou que após a primeira fase dos debates, cada uma das partes [acusação e defesa] terá direito a mais uma hora para a réplica e tréplica.
Na sequência, os jurados serão reunidos na sala secreta para decidirem se Adriana é culpada e merece cumprir pena por participar da morte de Ruschel ou se ela é inocente e deve ser absolvida.
A expectativa é de que a sentença seja anunciada por volta das 21 horas.
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