TRIBUNAL DO JÚRI

ESCRIVÃO ASSASSINADO: A surpresa da juíza ao dar a sentença para a companheira da vítima

Magistrada tomou decisão inesperada, com base em parecer do STF, na noite desta terça-feira em Novo Hamburgo

Publicado em: 01/11/2023 00:13
Última atualização: 01/11/2023 17:13

Em júri tenso de dois dias, a dúvida se a ré seria ou não condenada pela morte do companheiro persistiu até sair a decisão dos jurados. Seja qual fosse, não surpreenderia. Afinal, se tratava de um crime ocorrido há 17 anos com muitas dúvidas e fatos esquecidos.

ADRIANA GUINTHNER É CONDENADA E PRESA PELA MORTE DO ESCRIVÃO PAULO RUSCHEL


Juíza Anna Alice Schuh conduziu sessão com normas rígidas Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

O corpo de jurados, formado por quatro homens e três mulheres, considerou Adriana Guinther culpada pelo assassinato de Paulo Cesar Ruschel. E cravou voto nas duas qualificadoras – motivo torpe, que seria a intenção de ficar com pensão e bens do escrivão, e recurso que impossibilitou defesa da vítima, pois Ruschel estava dormindo quando levou os tiros fatais.

BASTIDORES: JURADOS DORMIRAM EM HOTEL SOB VIGILÂNCIA DE OFICIAIS DE JUSTIÇA

Coube à juíza Anna Schuh definir o tempo de pena. Ela determinou o período condizente com o crime imputado. Aplicou 15 anos e oito meses no regime fechado. Era praticamente consenso, entre acusação e defesa, que Adriana poderia recorrer em liberdade, mas a magistrada decretou a prisão.

Anna decidiu pela execução imediata da pena com base em parecer do Supremo Tribunal Federal (STF), que considera viável a medida para condenação igual ou superior a 15 anos. Ou seja, a execução é praticável, mas não obrigatória.

Adriana, que já tinha sido até absolvida e aguardava longos anos em liberdade em processo de reviravoltas, saiu presa do fórum. Um duro golpe para ela e sua banca de advogados.

Ficou também prejuízo no bolso. “Condeno a ré ao pagamento das custas processuais”, decidiu também a juíza. Anna conduziu o júri sob rígidas normas de acesso e comportamento do público. Seguranças chegaram a abordar pessoas na plateia, avisando que o celular seria apreendido se insistissem no uso. Não foram permitidas fotos da ré.


Ruschel e Adriana viviam juntos em 2006 no bairro Pátria Nova Foto: Arquivo-GES

Entenda o Caso Ruschel

  • O escrivão de Justiça Paulo Cesar Ruschel, 48 anos, foi morto com dois tiros na cabeça e um no tórax por volta das 2 horas de 22 outubro de 2006. Ele dormia quando uma pessoa entrou no quarto e disparou.

  • O homicídio aconteceu na residência onde o casal morava, na Avenida Pedro Adams Filho, bairro Pátria Nova. Poucos dias depois, policiais civis e peritos fizeram a reconstituição do crime, com a participação da companheira, a principal suspeita, e apontaram contradições dela.

  • Adriana Guinthner, na época com 36 anos, foi presa na tarde de 8 de novembro, ao sair da Prefeitura de Novo Hamburgo, onde trabalhava. Seis dias depois, ganhou habeas corpus e passou a responder em liberdade. Agora volta para a prisão após condenação.

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