A partir desta quarta-feira (8), os alunos da rede estadual de ensino que no ano passado tiraram notas inferiores à média anual ou tiveram frequência menor que 75% terão uma nova chance de passar de ano.
O projeto Estudos de Recuperação, desenvolvido pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc), é uma oportunidade extra para que o estudante absorva as aprendizagens que necessita para o ano letivo que se aproxima, possibilitando a sua aprovação, caso alcance os índices necessários. Será uma semana de aula especial e, no fim deste período, vem a aprovação ou reprovação.
Na área da 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), com sede em São Leopoldo, são, ao todo, 64 mil alunos nas 38 cidades de abrangência. Novo Hamburgo, com 28 escolas estaduais, tem 6.634 alunos, e em São Leopoldo são 27 escolas e 8.557 alunos. “Em toda a nossa regional, são cerca de 20% de alunos com necessidade de recuperação de aprendizagem ou com baixa frequência. Esperamos atingir o máximo possível de alunos”, diz a coordenadora da 2ª CRE, Ileane Bravo.
Na área da 27ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), com sede em Canoas, mais de 5.900 alunos reprovaram em 2022 e estão aptos a participar do programa. “Este número representa 18% de reprovação nas cidades de abrangência da 27ª CRE. É um número muito alto e esperamos baixar esses índices”, salienta a coordenadora, Mara Valandro.
Do número total de reprovados, Canoas tem 3.522 alunos, com percentual municipal de 19%; Esteio tem 722 reprovados, o que representa 18%; Sapucaia do Sul tem 1.208 repetentes, sendo 17%; e Nova Santa Rita, 208, isto é, 23% do total dos estudantes. “Se olharmos para o número de alunos e a proporção do município, Nova Santa Rita liderou o índice de reprovação”, reforça Mara. A 27ª CRE também abrange Triunfo.
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Projeto desobriga frequência mínima
Antes, estudante com frequência escolar inferior a 75% era reprovado automaticamente. Mas, em 30 de dezembro passado, a Seduc publicou portaria alterando as formas de avaliação. Por isso, com o Estudos de Recuperação, mesmo quem rodou por frequência pode aproveitar a chance de passar de ano.
Segundo Ileane, depois da pandemia, nada foi igual. O déficit no aprendizado foi muito grande. “Queremos recuperar as aprendizagens dos alunos que reprovaram”, reforça.
A coordenadora da 27ª CRE destaca que em 2020/21 os alunos foram aprovados automaticamente e que 2022 foi o primeiro ano, pós-pandemia, que as aulas voltaram na sua proposta de sempre. “Foi um ano desafiador, com aprendizagem comprometida e como cada aluno aprende de um jeito diferente, o projeto vai, agora, focar no ensino, com objetivo de acolher o aluno, para que mesmo ele passando de ano ou não, possa frequentar as aulas em 2023”, destaca Mara Valandro.
Aulas diferenciadas e avaliação com trabalhos
A orientação da Seduc é que as aulas do projeto Estudos de Recuperação sejam diferenciadas das ministradas durante o ano letivo e acolhedoras, mas cada escola pode aplicar sua didática. “Nossa escola espera 10% dos alunos, que são os reprovados e infrequentes. A dúvida são os infrequentes, se vão de fato vir, já que evadiram o ano todo”, diz Fraga, diretor da André Leão Puente, de Canoas.
Outro diferencial dos Estudos de Recuperação é que os alunos serão submetidos a trabalhos e não a provas. “Teremos uma semana de aulas de todas as disciplinas para a oferta da revisão referente às habilidades essenciais de cada disciplina com atividades de avaliação definidas por cada professor de forma a perceber o aproveitamento dos estudantes”, explica a vice-diretora do Instituto Pedro Schneider (Pedrinho), de São Leopoldo, Eduarda Bonnora.
Oportunidade de aprendizagem
Coordenador pedagógico da 2ª Coordenadoria Regional da Educação (2ª CRE), Elson Selch diz que a iniciativa visa a dar mais oportunidade de estudos para os alunos que ficaram com alguma defasagem de aprendizagem no último ano e para alguns que, porventura, estiveram infrequentes ao longo de 2022. “A palavra-chave é justamente essa: oportunidade de aprendizagem”, enfatizou.
Durante a semana passada, a 2ª CRE promoveu formação sobre o projeto para educadores de toda a região, com o objetivo de orientar as escolas para como realizar a iniciativa nas suas comunidades.
A diretora do Instituto Paulo Freire, de São Sebastião do Caí, Vanessa Radke Padilha, diz que os estudos serão feitos em componentes curriculares com a intenção de suprir as defasagens.
'Que não se torne rotineira', critica diretor de escola
Diretor da Escola André Leão Puente, no Centro de Canoas, Felipi Fraga não enxerga a iniciativa como algo positivo. “Na minha opinião, a ação vai mitigar quem já havia reprovado e desmotivar os que frequentaram as aulas o ano todo. Que não se torne rotineira essa atividade”, pondera Fraga.
A diretora do Colégio 25 de Julho, em Novo Hamburgo, Andreia Müller, comenta que os professores sabiam, desde o final do ano letivo, que teriam que oferecer uma nova oportunidade a alunos com baixo rendimento. “Tínhamos um cronograma pronto, e quase no fim de janeiro avisaram que seria diferente. Precisamos nos organizar para conseguir desenvolver a nova proposta.”
O pouco tempo de organização também atingiu a escola de Canoas. “O reforço vai até dia 16, dia 17 teremos o conselho de classe. Depois vem carnaval e teremos só o dia 22 para incluir os novos alunos, que passaram de ano, nas turmas, pois dia 23 já começam as aulas.
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