Toda vez que chove, a angústia e o medo aumentam. Os prejuízos do mau tempo são visíveis na Escola Estadual 10 de Setembro, em Dois Irmãos. Em 2015, a direção do colégio pediu ao governo do Estado um projeto para conserto do teto do ginásio, que alaga com frequência, e para troca da rede elétrica, que, defasada, não dá conta de atender a instituição. Oito anos depois, os trabalhos, contudo, ainda não começaram.
“Temos ar-condicionado e não podemos usar. A gente faz um revezamento das salas que podem ligar o ar, senão a luz cai. No ginásio, a chuva desce nas paredes como cachoeira e inunda o chão, infiltrando para as salas que ficam embaixo do ginásio. Ano passado, prejudicou nossa festa junina e, em 2021, choveu no meio da formatura do terceiro ano”, relata a vice-diretora da 10 de Setembro Andrea Blume.
Ela reforça que, somente em 2022, foram gastos R$ 32 mil com pequenos reparos na rede elétrica, como na substituição de lâmpadas. “É um dinheiro que poderíamos ter investido em outras coisas, se a fiação fosse nova.”
Segundo a diretora da escola, Tereza Mayumi Orita, a prática de esportes está sendo prejudicada. “Tínhamos tênis de mesa, tivemos aluno campeão estadual e paramos porque não tem onde colocar a mesa de tênis. Se colocamos no ginásio, vem a chuva e destrói. Até o vôlei é prejudicado, porque muitos treinos não podem ocorrer aqui. Sem contar que o piso do ginásio é de parquet e, vira e mexe, ele solta com a chuva. As crianças acabam se machucando quando tropeçam. É bem triste”, lamenta Tereza.
Por conta dos problemas de infraestrutura, o fim de semana nem sempre é de descanso para alunos e professores. “A gente torce para não chover. Quando chove, já ficamos pensando em como está o ginásio. Por diversas vezes viemos até a escola para limpar e ajudar a tirar a água do chão”, conta a vice.
Comunidade engajada
Além dos professores e da direção da 10 de Setembro, os pais também estão mobilizados para encontrar uma solução.
“Estamos perdendo talentos quando precisa diminuir treinos de tênis, por exemplo. A gente corre atrás de solução, ajudamos como dá, mas é complicado. Agora a gente vê as obras prioritárias nas escolas, e a 10 [de Setembro], do jeito que está, não está na lista [de reformas anunciadas pelo Estado]. Sem contar, que o laboratório de informática deve ser evitado, porque fica na parte de baixo do ginásio, onde infiltra”, destaca Carlos Pinheiro, pai envolvido nas causas do Conselho Escolar.
Segundo a diretora, a instituição conta com Círculo de Pais e Mestres (CPM) e Conselho Escolar atuante. Muitas das verbas para ‘tapar’ o prejuízo partem do CPM. “Chegamos a cogitar a ideia de juntar verba para realizar o conserto do ginásio e troca da elétrica, mas, uma vez que o CPM faz isso, ele fica a cargo de manutenções e não mais o governo, então não é viável”, explica a diretora.
Custo estimado supera R$ 500 mil
Em 2015, o primeiro projeto que incluía o telhado do ginásio e a rede elétrica era estimado em R$ 229.901,06. “Na época, chegou uma empresa a vencer a licitação e até deixou uns materiais aqui, mas, em seguida, deu algum erro na documentação e, desde então, estamos esperando. Em novembro do ano passado, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) nos disse que o projeto estava em fase de revisão e que, ainda em 2022, seria aberto um novo projeto, mas fica bem difícil acreditarmos”, desabafa a diretora.
A Seduc confirma que o projeto da Escola 10 de Setembro, região da 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) encontra-se em fase de revisão de valores e dos elementos técnicos para execução da obra.
“O valor estimado do investimento é de R$ 544 mil. Ela não entrou entre as 176 escolas em situação de urgência, pois, como divulgamos à época, para se encaixar nesses critérios, as demandas poderiam impactar no uso dos espaços até o início das aulas, interferir de alguma forma no uso dos espaços”, justifica a secretária estadual de Educação do Rio Grande do Sul, Raquel Teixeira.
Eixo intermediário
A secretária de Obras do RS, Izabel Matte, diz, ainda, que a 10 de Setembro está no eixo intermediário do plano do governo, que é composto por instituições de ensino que apresentam necessidades graves e complementares, mas cujos problemas não comprometem o uso dos espaços ou do início das aulas.
As ações deste eixo contam com recursos do Agiliza, programa que está distribuindo R$ 30 milhões para obras nas escolas. “Lembrando que os eixos são simultâneos, não precisa encerrar as 176 obras para começar as demais escolas”, frisa Izabel.
O Estado, porém, não repassou previsão de quando a verba deve ser destinada à instituição. Também vice-diretora da escola, Hellen Cristine Berro Agostta Martins aguarda com ansiedade o início das obras. “A escola recebe crianças do primeiro ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio, e o que queremos é que os estudantes tenham uma educação em um ambiente de qualidade, porque eles são o futuro.”
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