PUNK ROCK ESTÁ VIVÍSSIMO

ENTREVISTA: Duda Calvin lança primeira música após pausa da Tequila Baby; confira

Músico segue em carreira solo e busca se reinventar dentro do punk rock. Em conversa com a reportagem, ele falou sobre a carreira solo e se existe possibilidade da Tequila Baby voltar aos palcos

Publicado em: 10/11/2023 19:24
Última atualização: 13/11/2023 14:24

Surgida em 1994, a banda Tequila Baby, uma das maiores do Brasil no estilo punk rock, pausou suas atividades no final de 2021, após 27 anos de estrada. Desde então, o vocalista Duda Calvin tem se dedicado à sua carreira solo e recentemente lançou sua primeira música, Rose (Ouça no final da matéria).

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A obra, que está disponível em todas as plataformas de streaming, conta com a participação de Thiago Heinrich (integrante da última formação da Tequila), de Raphael Miranda (Ego Kill Talent), e Rodrigo Deltoro (ex-produtor da Fresno). A letra é uma composição da produtora de Duda Calvin, Glauce Silvacky.


Duda Calvin concedeu entrevista no estúdio da Rádio ABC Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

O vocalista conversou com a reportagem sobre este novo momento em sua carreira, música nova, processo de composição, entre outros assuntos. Atualmente, a carreira solo de Duda Calvin é acompanhada pela banda The Punk Rockers, que sobe aos palcos sem necessariamente ter integrantes fixos.

“O objetivo do projeto é dar oportunidade a outros músicos, a partir do casting que eu assessoro”, comenta a produtora. “Às vezes tem músicos super carimbados, às vezes são músicos locais de onde vou tocar. E essa interação é muito boa, porque dá oportunidades a muita gente, uma oportunidade que eu queria ter quando comecei minha carreira, de tocar com músicos consagrados”, complementa Duda.

Confira a entrevista:

Sobre o que fala a música “Rose”, que leva o nome da tua mãe? É uma homenagem a ela ou tem algo a mais?

Duda Calvin: Quando minha mãe estava nos últimos dias, a Glauce, que é minha produtora, fez um poema pra ela. Eu li pra minha mãe, ela achou muito bonito e falou “nossa, isso parece uma música”, mas não tinha passado pela minha cabeça. Um mês depois, a gente começou a musicar o poema e, em um dia, foi feita a música.

Mas o bacana é que, a partir do momento que tu lança, já não é a música da mãe do Duda, é a música das pessoas. Cada um tem uma interpretação, completamente diferente daquilo que foi escrito na hora. Isso é muito legal porque a música vai ganhando vida própria. Tem gente que fala que é sobre uma perda, sobre um amor, mas sempre com um jeito positivo, de seguir em frente, vamos pra cima.

Uma vez eu mostrei o adesivo [com a frase da música], que diz “olho para o céu e sinto você”, e o cara falou que ia dar para a esposa, porque é romântico. Então cada um pega um fragmento e é uma resposta pro sentimento das pessoas.

Cada um tem uma interpretação, completamente diferente daquilo que foi escrito na hora.


Duda Calvin em show com The Punk Rockers Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

E além desta música, vem outras pela frente?

Duda Calvin: A gente quer lançar um disco, mas não posso dizer quando. Porque é uma surpresa. Algumas músicas já estão sendo tocadas nos shows, então as pessoas que vão no show, conferem antes. Isso acontecia muito antigamente, quando a gente queria saber uma novidade de uma banda, a gente ia no show e conferia antes das músicas serem lançadas. Então isso gera uma vontade de “quero mais” nas pessoas. Essa música, Rose, a gente faz o pessoal cantar com luzes do celular durante o show, é uma interatividade que a gente cria com o público.]

E como é o teu processo de composição, o que te inspira?

Duda Calvin: Às vezes surge uma ideia, tipo um refrão, que é o que o pessoal mais lembra e fica com o tempo. Mas às vezes estou na rua e falam uma frase que eu penso que pode ser uma música. Às vezes escuto uma batida, de um ritmo completamente diferente, e eu faço essa conexão de trazer para o rock.

Por exemplo, Velhas Fotos da Tequila Baby. Essa música a gente fez a letra duas vezes e não deu certo. A versão que todo mundo conhece, foi uma letra que nós recebemos na semana da gravação. Nunca é uma coisa só, são fragmentos que a gente vai juntando. Às vezes tu faz a letra, tem uma ideia, mas quando coloca no instrumental, ela não encaixa. Então tem que mudar pra poder encaixar melhor. Se a música chega para as pessoas, cada uma de uma forma, com uma mensagem diferente, é uma música boa.

Glauce Silvacky: A gente tenta passar para o público, uma história. Quando escrevi “Rose”, eu também estava tocada pela pandemia, vi muita gente perdendo pessoas e seguindo em frente. Então eu pensei que a gente tinha que pegar os valores daquela pessoa e transformar em uma história bonita. O Duda estava deprê, e eu disse que ela continuava viva no corpo e no sangue dele.


Duda Calvin Foto: Divulgação

E depois de mais de 30 anos de carreira, ainda tem a mesma vontade de pegar a estrada e subir no palco?

Duda Calvin: Eu gosto muito de viajar, pegar a estrada, fazer o show. Às vezes é uma terça-feira e eu penso “hoje tá um dia bom pra fazer um show”. Então eu gosto dessa energia. Cada show, em cada lugar, é diferente. Se hoje tem um problema, amanhã vai ser melhor. E shows muito legais e shows ruins vão moldando os músicos.

A Tequila Baby ainda pode retornar?

Duda Calvin: Nós tivemos algumas divergências internas e também um processo. Então temos que resolver tudo isso pra um dia se falar em voltar. Uma banda com problemas, na estrada, vira uma bola de neve, eles só vão aumentando. Quando a gente resolver essas pendências, quem sabe?

Eu sei que a galera curte pra caramba a Tequila. Então, uma dica que eu dou, é: vá nos shows, porque lá tem Tequila, tem música nova, tem muito mais. Tem versões de outras bandas. Eu tô muito contente com o meu trabalho. E o público tá renovado também, tá vindo pessoas mais novas e agora estou tendo a oportunidade de trazer muita coisa pro palco.

Eu nunca na minha vida falei mal do emo, do trash, de outros estilos, porque tudo é rock. Fresno, NX Zero são umas baitas bandas. Eu sou amigo dos meninos da Fresno e aquilo que eles fazem é rock, é punk, e eles merecem todo o respeito. Tem muita coisa boa surgindo, se renovando, e acredito que Duda Calvin e The Punk Rockers é uma renovação.

Quando a gente resolver as pendências, quem sabe? Eu sei que a</p><p>galera curte pra caramba a Tequila

Você já tocou para um público superior a 60 mil pessoas, já tocou com os Ramones. O que te falta realizar como músico?

Duda Calvin: Eu gostaria de tocar com todos os Ramones juntos, que estão vivos. Ano que vem eles completam 50 anos. Também gostaria de tocar com o Green Day, acho muito bom. Uma coisa que nunca fiz, é tocar na Europa, então uma turnê por lá e pela América Latina, porque eu só toquei na Argentina, também é um desejo meu. Um show em Israel e outro na Palestina. Agora não é o momento, mas quem sabe um dia. Como dizia a Cólera: “eu me importo, eu me importo pela paz em todo o mundo.”

Em Novo Hamburgo, tem alguma história que te marcou?

Duda Calvin: Tinha um bar chamado, nos anos 90, perto do Nacional, e nós fomos fazer um show lá em 1995. Ainda nem tinha lançado o primeiro disco, e eu falei pro cara desligar o ar condicionado porque perco a voz. Só que tinha dois ventiladores, que pareciam hélices de avião. Aí cantei duas músicas e perdi a voz. O Rodrigo, que era baixista da Tequila, teve que assumir os vocais.

Depois, eu fiz um show muito legal em um boliche que tinha na Pedro Adams. Era Tequila Baby, Replicantes e Wander Wildner, um lugar para 800 pessoas. Só que venderam 1.200 ingressos e as pessoas ficaram espremidas. Era verão e aquilo virou um forno humano. Foi uma experiência muito punk, mas foi muito legal. Recentemente fiz um show no Lorde, foi um dia de chuva e compareceu muita gente. O público de Novo Hamburgo sempre comparece.

Ouça Rose, música nova de Duda Calvin:

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