A Câmara de Indústria e Comércio e Serviços (CICS) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Canoas avaliam queda no saldo de postos de trabalho com carteira assinada em setembro no município. O mês fechou com saldo negativo de 318 postos.
Foto: PAULO PIRES/GES
Os dados divulgados pelo Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) apontam redução significativa em comparação ao mês de agosto, quando o saldo foi positivo com 1.106 novos postos de trabalho. O presidente da CICS Canoas, André Guindani, atribui o resultado negativo ao cenário local, político e fiscal.
“Estamos preocupados em razão da atual conjuntura. Há uma desorganização nas contas públicas. Para o próximo ano, o déficit municipal deve superar os R$ 400 milhões. A melhoria nos negócios tem relação direta com a responsabilidade fiscal e a estabilidade política”, avalia.
Guindani explica que o aumento da dívida pública pode ter consequências como aumento de impostos e redução de investimentos públicos e incentivos fiscais para as empresas. “Isso afasta os investidores e reverbera na manutenção e criação de postos de trabalho na cidade. O cenário é de incerteza. É importante frisar que no cenário nacional, temos uma taxa de juros alta, que está caindo lentamente, isso impede estímulos imediatos na economia”, enfatiza.
Embora o sentimento seja de insatisfação, o presidente da CICS revela esperança para o último trimestre do ano. “Teremos dois eventos comerciais grandes, a Black Friday e o natal. Entramos em um período de contratações temporárias. O setor de comércio será o mais beneficiado”, destaca.
Já no setor da indústria local, Guindani fala sobre redução no faturamento. “A indústria está com redução de 10% no faturamento. É um setor que não está contratando”, diz.
Qualificação
O presidente da CDL Canoas, Éverton Netto, fala sobre a falta de qualificação como principal empecilho na hora de contratar. “O saldo de postos negativos é também reflexo da alta rotatividade no quadro de colaboradores no comércio. Isso é ruim para a empresa e para o trabalho, pois há investimento de tempo e dinheiro para qualificar, mas não há retenção. A exigência aumenta e o número de vagas reduz”, salienta.
Fatores que influenciam
Os juros, a inflação e a inadimplência são citados por Netto como corresponsáveis para a queda de postos de trabalho em setembro. “Em 2022, tivemos uma demanda reprimida da pandemia de Covid-19. Neste ano, os resultados estão mais realistas, ou seja, estamos presenciando a normalidade plena do mercado. O índice de inadimplentes e a alta taxa de juros são altamente prejudiciais para o comércio”, diz o presidente da CDL.
Expectativa para os próximos meses
A expectativa é de otimismo para os dois últimos meses de 2023, aponta o presidente da CDL Canoas. “Nosso compromisso enquanto entidade é informar, orientar e capacitar os empresários. Seguimos confiantes que haverá aumento no número de postos de trabalho temporários e crescimento nas vendas do setor. A data comercial mais importante para o comércio canoense é o Natal”, explica. “É essencial que o consumidor faça compras dentro da cidade, isso fortalece o comércio local.”
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