AGRONEGÓCIO

Entenda por que a captura de insetos contribui para monitorar doença que ataca pomares

Defesa Vegetal do RS instala armadilhas em pomares de citros para ampliar controle sanitário

Publicado em: 31/10/2023 17:35
Última atualização: 31/10/2023 17:36

 O período entre o início da primavera e o fim do verão está sendo de reforço no monitoramento dos pomares de frutas cítricas no Rio Grande do Sul. Municípios da região, produtores de cítricos, como Montenegro, Pareci Novo, Harmonia e São Sebastião do Caí integram um integram um grupo de um total de 43 cidades que receberam as armadilhas adesivas, instaladas pelo Departamento de Defesa Vegetal (DDV), instaladas para capturar vetores do HLB/Greening.


A cada 15 dias os fiscais estaduais agropecuários farão monitoramento a campo Foto: Julia Chagas/Seapi

O Plano de Monitoramento de Diaphorina citri, vetor da doença, foi ampliado agora porque esse é o período de maior ocorrência de insetos, o que impõe um controle maior sobre o HLB/Greening, doença considerada devastadora para a citricultura.

Essa praga é causada por uma bactéria cujo vetor é um inseto muito comum em pomares. Apesar de até hoje a doença não ter sido detectada na citricultura gaúcha, o HLB/Greening está, atualmente, rondando o Estado.

A doença mata a planta e torna os frutos inservíveis. Originado na China, por volta da década de 1940, HLB/Greening teve registro da primeira ocorrência no Brasil, no estado de São Paulo, em 2004. No ano seguinte, houve registro em Minas Gerais.

Em 2007, no Paraná. Mas chegou perto em 2002, quando houve registros da praga em Santa Catarina. Uruguai e Argentina, que fazem fronteira com o Rio Grande do Sul, também já acusaram a doença.

A proximidade geográfica dos casos e o período do ano mais propício à proliferação dos insetos culminaram com o reforço no monitoramento de campo. A chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura , Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Rita Antochevis, explica que as armadilhas são trocadas a cada 15 dias.

O material vai para análise em busca de insetos da espécie transmissora da doença. Caso seja de detectada a presença o vetor, será feita análise em laboratório para verificar se o mosquito está contaminado com a bactéria que causa do HLB/Greening.

Ainda de acordo com Rita, até hoje o RS não teve registro desta enfermidade nos pomares de citros. E a ocorrência da espécie de inseto vetor da doença é muito baixa no Estado.

O que é o HLB/Greening

Greening ou HLB (abreviação Huanglongbing, nome dado na China, onde se originou a doença , ainda na década de 1940) ataca pés de laranja, limão e bergamota. A doença mata a planta. Não existe um produto que possa recuperá-la.

Os sintomas são o amarelamento dos ramos e das folhas, frutos deformados e mais ácidos. A qualidade fica tão afetada que não se aproveita nem para a indústria. Em estados onde há ocorrência de Greening, como São Paulo, é utilizado inseticida nos pomares.

Há ainda utilização de predadores naturais, como vespas, como forma de prevenção.Caso haja uma contaminação no RS, será estudado o melhor recurso para aplicar nos pomares. Equipes do Departamento de Defesa Vegetal (DDV) visitaram o estado de São Paulo e o Uruguai, para conhecer os recursos que são aplicados por lá.

 

Doença causada por bactéria

 HLB/Greening é causado principalmente pela bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus


Info Agro bactéria Foto: Arte Alan Machado/GES

 

Pomares no Vale do Caí receberam armadilhas de insetos

Com cerca de 15 hectares cobertos por pomares de laranja, bergamota e limão, a propriedade da família Gossler, em São Sebastião do Caí, é uma das que receberam as armadilhas de monitoramento. A produção no sítio começou entre as décadas de 1970 e 1980.

Hoje a produção é comandada por pai e filho, Alicio e Rodrigo Gossler, respectivamente. Conforme divulgado pela Seapi no último dia 13, Rodrigo Gossler autorizou a instalação das armadilhas nos pomares da propriedade.

O citricultor considera positiva a iniciativa adotada pela Defesa Vegetal. "Eu vejo como um trabalho preventivo. Porque se essa doença vier para cá nós vamos ter que mudar de ramo. E vai ser bem difícil. A gente não está acostumado a trabalhar com outras coisas. Foi a vida inteira só trabalhando em citros", garante.


Alicio e o filho Rodrigo estão com os pomares monitorados Foto: Seapi/Divulgação

 Medidas adotadas

  • Se for constatada a presença desta espécie de mosquito, a amostra vai para laboratório para verificar se o inseto está infectado pela bactéria.
  • Se o resultado der positivo para a presença da bactéria que causa o Greening, a equipe da fiscalização da Seapi faz a supressão das plantas.

Notificação de casos suspeitos

Caso os citricultores ou pessoas que tenham árvores de citros em pomares domésticos encontrem sintomas semelhantes, podem entrar em contato com a Divisão de Defesa Sanitária Vegetal, através do e-mail defesavegetal@agricultura.rs.gov.br ou pelo telefone (51) 3288-6294. Desta maneira, a Secretaria da Agricultura poderá enviar uma equipe de fiscalização para proceder à coleta de material para análise fitossanitária.

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