METEOROLOGIA

Entenda o que pode agravar o risco de formação de ciclone extratropical

Confira ainda o que esperar do tempo para os próximos 15 dias no Rio Grande do Sul

Publicado em: 04/07/2023 10:05
Última atualização: 16/06/2024 11:15

O ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul e Santa Catarina na metade de junho coincidiu justamente com a queda do que se chama de Oscilação Antártica. Conforme a MetSul Meteorologia, essa variável é uma das mais importantes a impactar as condições climáticas no Brasil e no Hemisfério Sul, assim como agravar o risco de formação de ciclones extratropicais nas latitudes médias da América do Sul. Consequentemente, impacta a parte meridional do território brasileiro.


Ponte que dá acesso a Caraá ficou interditada após passagem de ciclone extratropical em junho Foto: CRBM/Divulgação

Segundo a meteorologista Estael Sias, trata-se de um índice de variabilidade relacionado ao cinturão de vento e de baixas pressões ao redor da Antártida. A Oscilação Antártica tem duas fases: a positiva, quando esse cinturão de vento se intensifica e se contrai em torno do Polo Sul; e a negativa, quando enfraquece e se desloca para norte, no sentido do Equador, sem atingir a faixa equatorial.

"Com a maior ondulação da corrente de jato na fase negativa, crescem as chances de episódios de chuva mais volumosa e ciclones. Estudos mostram que na fase negativa há uma maior propensão para chuva no Sul e Sudeste do Brasil", esclarece a meteorologista. Estael salienta que não significa que sempre que a oscilação adentrar em valores negativos um ciclone intenso será formado. Os sistemas também podem ser fracos e moderados.

O que esperar para julho

Ainda segundo a meteorologista, modelos de previsão do tempo indicam que a Oscilação Antártica nesta primeira metade do mês vai estar em território negativo (AAO-). Estael esclarece que, pela climatologia histórica da AAO-, a tendência é de aumento da chuva e de um padrão mais favorável à formação de baixas pressões, ou seja, ciclones.

Independentemente da condição do Pacífico – seja em El Niño, neutralidade ou La Niña –, períodos de AAO- têm potencial de aumentar a precipitação no Sul do País. "Com um El Niño atuando, como ocorre agora, a soma das duas variáveis (teleconexões) agravam ainda mais o risco de episódios de chuva volumosa ou excessiva."

"Assim, nos próximos 15 dias, considerando a limitação temporal dos prognósticos de modelos para a oscilação, as condições de circulação da atmosfera no Hemisfério Sul serão mais propícias para que no Sul do Brasil chova mais, até com risco de excessos em algumas áreas, e uma maior propensão também para formação de ciclones no Atlântico Sul em latitudes mais perto do Brasil", esclarece a meterologista.

LEIA TAMBÉM: O que esperar do novo ciclone que pode se formar nesta semana

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