TRECHO METROPOLITANO
Engarrafamentos na BR-116 causam prejuízo de até R$ 4 milhões por dia
Fiergs afirma que perdas com a tranqueira na rodovia federal que cruza o Vale do Sinos afetam a competitividade das empresas
Última atualização: 02/02/2024 15:59
Quem trafega pela BR-116 já se habituou a perder algum tempo do seu dia parado nos engarrafamentos que se repetem diariamente, principalmente nos horários de pico. A sobrecarga da rodovia impacta os moradores que precisam dela para seu deslocamento cotidiano.
O trânsito lento impacta também a circulação de mercadorias, gerando um aumento no custo logístico, que vai impactar no preço final dos produtos e, consequentemente, na competitividade desse produto no mercado.
Esse prejuízo pode ser traduzido em números, que assustam. Todos os dias, são desperdiçados entre R$ 3,5 milhões e R$ 4 milhões, que queimam com o diesel dos caminhões parados nos engarrafamentos da BR-116. A estimativa é da Fiergs e tem como base a velocidade média dos veículos na rodovia e o consumo de combustível dos veículos parados.
Para o Coordenador do Conselho de Infraestrutura e vice-presidente da FIERGS, Ricardo Portella, o trecho Norte da estrada, que cruza o Vale dos Sinos, é o gargalo de maior impacto na logística do Estado.
"A BR-116 é o principal entrave logístico que temos hoje no Estado do Rio Grande do Sul. É onde se tem mais tranqueira e onde mais se perde dinheiro", afirma.
Em termos de custo, o impacto maior é sobre os produtos primários, de menor valor agregado. Portella cita como exemplo o caso da soja, que tem um dos menores custos de produção do mundo no Brasil, mas que, quando exportada para a Europa, perde em competitividade em relação ao grão produzido nos Estados Unidos,
No fim das contas, o custo da logística afeta toda a cadeia produtiva e chega ao bolso do consumidor final na forma de preços mais altos.
"O Brasil não cresce mais, porque não tem logística. O consumidor não quer saber se o calçado fabricado em Novo Hamburgo é barato na fábrica, ele quer saber quanto custa esse calçado na loja próxima de sua casa. Ou, de preferência, entregue na sua porta", diz Portella.
O Vale dividido pela ponte do Sinos
Para o setor de logística, o Vale do Sinos é dividido em duas sub-regiões, tendo como limite a ponte sobre o Rio dos Sinos. O ponto é considerado o principal gargalo logístico do Estado pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no RS (Setcergs).
O vice-presidente de Transportes do sindicato, Diego Tomasi, afirma que algumas empresas de transporte chegam a dividir a estrutura de coleta e entrega em duas, para evitar os engarrafamentos, o que impacta no custo e na qualidade da logística.
"Transportadores pequenos poderiam atender todo o Vale do Sinos com apenas um caminhão. Mas esse gargalo trava tanto a operação que é necessário botar dois. Dá para dizer que dobra o custo da coleta e entrega na região", afirma.
O prejuízo é maior para transportadores de distribuição fracionada, que trabalham com diversas coletas e entregas diárias, o que demanda mais deslocamentos.
Na avaliação de Tomasi, as obras das BRs 116 e 448 precisam andar juntas para, assim, darem uma resposta consistente aos problemas de trânsito nesta região.
Para ele, a construção da RS-010 é menos urgente, mas não menos necessária. Ele destaca que grandes polos, como São Paulo e Belo Horizonte, contam com uma ampla estrutura de rodovias, o que reduz o custo logístico. "No futuro vamos olhar para essa rodovia e agradecer por termos feito de tudo para tirá-la do papel."
Três obras fundamentais em debate
Três obras, em projeto ou execução, visam destravar a mobilidade na Região Metropolitana: a ampliação da capacidade de tráfego da BR-116, com três pistas em cada sentido entre a capital e Estância Velha e o projeto de duplicação de Estância até Dois Irmãos; a extensão da Rodovia do Parque até a RS-240, em Portão, com futura ligação em direção a Caxias do Sul; e a construção da Rodovia do Progresso (RS-010), que ligará a BR-290, em Porto Alegre, à RS-239, em Sapiranga.
Os projetos serão debatidos no Seminário de Mobilidade da Região Metropolitana do RS, que será realizado no dia 24 de março, na Unisinos, em São Leopoldo. O seminário é promovido pelo Grupo Sinos, com patrocínio de Sicredi Pioneira e apoio da Pavicon, e reunirá autoridades federais, estaduais e municipais para discutir os projetos e obras necessárias.
O governador Eduardo Leite e outras autoridades já confirmaram presença. São aguardados também ministros do governo federal.
Da região até o Porto de Rio Grande
O impacto das tranqueiras diárias da 116 vai muito além do tempo perdido em deslocamento pelos moradores da região. Vice-presidente de Logística da Federasul, Antônio Carlos Bacchieiri, que é de Rio Grande, argumenta que o impacto dos empecilhos à logística chegam ao porto do município da região sul.
"Os maiores reflexos desses engarrafamentos não são somente para as empresas e para os empresários, e sim para a população de modo geral. Resolvidos os gargalos, facilita o trânsito e por consequência diminui o frete, então podemos também diminuir os preços dos produtos", avalia Bacchieiri.
Há dois anos, a entidade promoveu reuniões de integração nas unidades regionais e abriu votação sobre quais obras eram consideradas prioritárias. As obras da BR-116, a extensão da BR-448, além da construção da RS-010, foram escolhidas como prioritárias na Região Metropolitana.
Bacchieri acredita que o momento de início de governo é propício para o avanço das obras e cita o exemplo da BR-116 Sul, em direção a Pelotas, onde a duplicação avança. "Foi uma luta feita por toda a região, com a união de todos, entidades, prefeituras e universidades. Temos que fazer o mesmo trabalho com esta região."
Corredor logístico e industrial
Além da importância para desafogar as demais rodovias da Região Metropolitana, as entidades apontam que a construção da RS-010 tem potencial também para atrair negócios. Em função de sua localização e da facilidade de acesso, quando sair do papel a rodovia pode receber indústrias e empresas de logística, a exemplo do que ocorreu na RS-118, após a duplicação. "Quando for construída, a rodovia não só terá um grande uso para o transporte, como deve receber um grande parque industrial e logístico instalado. No momento em que tem logística, o pessoal vem e se instala", afirma Ricardo Portella, da Fiergs.
Quem trafega pela BR-116 já se habituou a perder algum tempo do seu dia parado nos engarrafamentos que se repetem diariamente, principalmente nos horários de pico. A sobrecarga da rodovia impacta os moradores que precisam dela para seu deslocamento cotidiano.
O trânsito lento impacta também a circulação de mercadorias, gerando um aumento no custo logístico, que vai impactar no preço final dos produtos e, consequentemente, na competitividade desse produto no mercado.
Esse prejuízo pode ser traduzido em números, que assustam. Todos os dias, são desperdiçados entre R$ 3,5 milhões e R$ 4 milhões, que queimam com o diesel dos caminhões parados nos engarrafamentos da BR-116. A estimativa é da Fiergs e tem como base a velocidade média dos veículos na rodovia e o consumo de combustível dos veículos parados.
Para o Coordenador do Conselho de Infraestrutura e vice-presidente da FIERGS, Ricardo Portella, o trecho Norte da estrada, que cruza o Vale dos Sinos, é o gargalo de maior impacto na logística do Estado.
"A BR-116 é o principal entrave logístico que temos hoje no Estado do Rio Grande do Sul. É onde se tem mais tranqueira e onde mais se perde dinheiro", afirma.
Em termos de custo, o impacto maior é sobre os produtos primários, de menor valor agregado. Portella cita como exemplo o caso da soja, que tem um dos menores custos de produção do mundo no Brasil, mas que, quando exportada para a Europa, perde em competitividade em relação ao grão produzido nos Estados Unidos,
No fim das contas, o custo da logística afeta toda a cadeia produtiva e chega ao bolso do consumidor final na forma de preços mais altos.
"O Brasil não cresce mais, porque não tem logística. O consumidor não quer saber se o calçado fabricado em Novo Hamburgo é barato na fábrica, ele quer saber quanto custa esse calçado na loja próxima de sua casa. Ou, de preferência, entregue na sua porta", diz Portella.
O Vale dividido pela ponte do Sinos
Para o setor de logística, o Vale do Sinos é dividido em duas sub-regiões, tendo como limite a ponte sobre o Rio dos Sinos. O ponto é considerado o principal gargalo logístico do Estado pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no RS (Setcergs).
O vice-presidente de Transportes do sindicato, Diego Tomasi, afirma que algumas empresas de transporte chegam a dividir a estrutura de coleta e entrega em duas, para evitar os engarrafamentos, o que impacta no custo e na qualidade da logística.
"Transportadores pequenos poderiam atender todo o Vale do Sinos com apenas um caminhão. Mas esse gargalo trava tanto a operação que é necessário botar dois. Dá para dizer que dobra o custo da coleta e entrega na região", afirma.
O prejuízo é maior para transportadores de distribuição fracionada, que trabalham com diversas coletas e entregas diárias, o que demanda mais deslocamentos.
Na avaliação de Tomasi, as obras das BRs 116 e 448 precisam andar juntas para, assim, darem uma resposta consistente aos problemas de trânsito nesta região.
Para ele, a construção da RS-010 é menos urgente, mas não menos necessária. Ele destaca que grandes polos, como São Paulo e Belo Horizonte, contam com uma ampla estrutura de rodovias, o que reduz o custo logístico. "No futuro vamos olhar para essa rodovia e agradecer por termos feito de tudo para tirá-la do papel."
Três obras fundamentais em debate
Três obras, em projeto ou execução, visam destravar a mobilidade na Região Metropolitana: a ampliação da capacidade de tráfego da BR-116, com três pistas em cada sentido entre a capital e Estância Velha e o projeto de duplicação de Estância até Dois Irmãos; a extensão da Rodovia do Parque até a RS-240, em Portão, com futura ligação em direção a Caxias do Sul; e a construção da Rodovia do Progresso (RS-010), que ligará a BR-290, em Porto Alegre, à RS-239, em Sapiranga.
Os projetos serão debatidos no Seminário de Mobilidade da Região Metropolitana do RS, que será realizado no dia 24 de março, na Unisinos, em São Leopoldo. O seminário é promovido pelo Grupo Sinos, com patrocínio de Sicredi Pioneira e apoio da Pavicon, e reunirá autoridades federais, estaduais e municipais para discutir os projetos e obras necessárias.
O governador Eduardo Leite e outras autoridades já confirmaram presença. São aguardados também ministros do governo federal.
Da região até o Porto de Rio Grande
O impacto das tranqueiras diárias da 116 vai muito além do tempo perdido em deslocamento pelos moradores da região. Vice-presidente de Logística da Federasul, Antônio Carlos Bacchieiri, que é de Rio Grande, argumenta que o impacto dos empecilhos à logística chegam ao porto do município da região sul.
"Os maiores reflexos desses engarrafamentos não são somente para as empresas e para os empresários, e sim para a população de modo geral. Resolvidos os gargalos, facilita o trânsito e por consequência diminui o frete, então podemos também diminuir os preços dos produtos", avalia Bacchieiri.
Há dois anos, a entidade promoveu reuniões de integração nas unidades regionais e abriu votação sobre quais obras eram consideradas prioritárias. As obras da BR-116, a extensão da BR-448, além da construção da RS-010, foram escolhidas como prioritárias na Região Metropolitana.
Bacchieri acredita que o momento de início de governo é propício para o avanço das obras e cita o exemplo da BR-116 Sul, em direção a Pelotas, onde a duplicação avança. "Foi uma luta feita por toda a região, com a união de todos, entidades, prefeituras e universidades. Temos que fazer o mesmo trabalho com esta região."
Corredor logístico e industrial
Além da importância para desafogar as demais rodovias da Região Metropolitana, as entidades apontam que a construção da RS-010 tem potencial também para atrair negócios. Em função de sua localização e da facilidade de acesso, quando sair do papel a rodovia pode receber indústrias e empresas de logística, a exemplo do que ocorreu na RS-118, após a duplicação. "Quando for construída, a rodovia não só terá um grande uso para o transporte, como deve receber um grande parque industrial e logístico instalado. No momento em que tem logística, o pessoal vem e se instala", afirma Ricardo Portella, da Fiergs.
O trânsito lento impacta também a circulação de mercadorias, gerando um aumento no custo logístico, que vai impactar no preço final dos produtos e, consequentemente, na competitividade desse produto no mercado.