ECONOMIA
Energia solar ainda atrai clientes mesmo com taxação
Nova legislação, em vigor desde o dia 7 de janeiro, adiciona novos custos ao uso dos sistemas fotovoltaicos no Brasil
Última atualização: 22/01/2024 14:00
A notícia da chamada "taxação do sol", que entrou em vigor no dia 7 de janeiro de 2023, levou a uma corrida por placas solares em empresas prestadoras deste serviço no final do ano passado. Por meio da Lei 14.300/2022, que criou o Marco Legal da Geração Distribuída, os créditos gerados agora serão taxados.
No entanto, quem homologou o projeto até 6 de janeiro ainda enquadra sua produção nas regras antigas e só terá alteração em relação a cobranças em 2045. Conforme a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os percentuais de cobrança sobre componentes tarifários para sistemas de geração solar distribuída serão gradativos: 15% em 2023, 30% em 2024, 45% em 2025, 60% em 2026, 75% em 2027 e 90% em 2028.
Na prática, com a nova legislação, quem optar pelo investimento em energia solar passará a pagar pelo uso da infraestrutura disponibilizada pela distribuidora nos períodos em que não há geração simultânea, ou seja, momentos em que só consome e não produz. Mesmo com o início da cobrança, empresas prestadoras do serviço na região não percebem diminuição na procura em decorrência da taxação. Diretor-técnico da EGP Energy, de São Leopoldo, Wolmar Leindecker, conta que a busca pelo serviço teve leve baixa em janeiro, o que normalmente é esperado para os primeiros meses de cada ano.
Alta procura em 2022
"Não tem como saber se o reflexo é por conta de taxação, ou férias, ou ainda cenário político e econômico do País. Mas, na minha opinião, está muito parecido com este período no ano passado", conta. Na empresa onde Leindecker trabalha, as instalações triplicaram em 2022. As buscas pelo modo alternativo de geração de energia cresceram ainda mais nos quatro últimos meses do ano, uma corrida contra o tempo para escapar das taxas.
Conforme Leindecker, a grande parte dos clientes da empresa é formada por pequenos projetos, como os residenciais, que não serão tão impactados pela nova lei quanto as grandes usinas, que têm contas de energia elétrica de R$ 15 mil mensais, por exemplo. De acordo com ele, em projetos residenciais são instalados, em média, quatro painéis, um investimento de R$ 10 mil que o cliente consegue recuperar, em economia na conta de luz, em cinco anos.
Investimento é bom negócio
Proprietário da Fatto Luce, de Sapucaia do Sul, Egídio Cembrani trabalha há quatro anos no ramo de soluções em energia solar e diz também não ter notado influência da nova legislação nos negócios até agora. “Normalmente, nos meses de janeiro e fevereiro a procura geral por serviços que prestamos além da energia fotovoltaica reduz um pouco. Mesmo com a lei 14.300 tendo entrado para regulamentar o setor, a procura foi bem maior que a esperada”, garante.
Apesar da cobrança, Cembrani destaca que apostar na energia solar continua sendo um bom negócio.“Mesmo que tenha taxação em vigor, ainda é um negócio vantajoso para ambas as partes, pelo lado social e sustentável. Além disso, o oportunista, que está no negócio visando apenas o lucro do momento, vai sair do mercado, ficando apenas as empresas com compromisso social e ambiental”, opina.
Coordenadora estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar) no Rio Grande do Sul, Mara Schwengber também destaca que a redução de negócios nos últimos dias não se dá em função da mudança regulatória. “Janeiro e fevereiro são meses em que normalmente há uma procura menor. No entanto, há muitas pessoas que estão aproveitando o momento para fazer orçamentos”, diz. “Mesmo com a taxação, a conta continua fazendo sentido.”
Um dia para casa se transformar em uma pequena usina elétrica
Conforme Mara, o serviço é “extremamente atrativo”, e pode compensar até 100% da tarifa. Para ela, a previsão é de vendas em alta neste ano. “Temos a expectativa de realizarmos 80% do que foi instalado no ano passado”, conta. Presidente executivo da ABSolar, Rodrigo Sauaia aponta que o crescimento dos projetos em residências, pequenos negócios e prédios públicos está ligado a fatores como o alto custo da energia elétrica, a queda dos preços da energia solar e facilidade de financiamento com taxas atrativas.
“A energia solar ajuda a população e as empresas a se protegerem dos fortes aumentos nas contas de luz e contribui para a sustentabilidade. Graças à versatilidade e agilidade da tecnologia fotovoltaica, basta um dia de instalação para transformar uma residência em uma pequena usina geradora de eletricidade limpa”, diz.
RS responde por mais de 10% da modalidade
Segundo mapeamento feito pela ABSolar, o RS está entre os três estados brasileiros com maior potência instalada de energia solar na geração própria em telhados e pequenos terrenos. Conforme a associação, o Estado possui mais de 1,8 gigawatt em operação nas residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos. Conforme a entidade, o território responde sozinho por 10,9% de toda a potência instalada de energia solar na modalidade. O RS possui mais de 207 mil conexões operacionais, espalhadas por 100% dos seus 497 municípios.
Atualmente são mais de 273 mil consumidores de energia elétrica que já contam com redução na conta de luz com o sistema. Desde 2012, a geração própria de energia solar já proporcionou ao RS a atração de mais de R$ 9,7 bilhões em investimentos, geração de 54,1 mil empregos e a arrecadação de mais de R$ 2,9 bilhões aos cofres públicos.
“A tecnologia fotovoltaica representa enorme potencial de geração de emprego e renda, atração de investimentos privados e colaboração no combate às mudanças climáticas”, diz Mara.
A notícia da chamada "taxação do sol", que entrou em vigor no dia 7 de janeiro de 2023, levou a uma corrida por placas solares em empresas prestadoras deste serviço no final do ano passado. Por meio da Lei 14.300/2022, que criou o Marco Legal da Geração Distribuída, os créditos gerados agora serão taxados.
No entanto, quem homologou o projeto até 6 de janeiro ainda enquadra sua produção nas regras antigas e só terá alteração em relação a cobranças em 2045. Conforme a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os percentuais de cobrança sobre componentes tarifários para sistemas de geração solar distribuída serão gradativos: 15% em 2023, 30% em 2024, 45% em 2025, 60% em 2026, 75% em 2027 e 90% em 2028.
Na prática, com a nova legislação, quem optar pelo investimento em energia solar passará a pagar pelo uso da infraestrutura disponibilizada pela distribuidora nos períodos em que não há geração simultânea, ou seja, momentos em que só consome e não produz. Mesmo com o início da cobrança, empresas prestadoras do serviço na região não percebem diminuição na procura em decorrência da taxação. Diretor-técnico da EGP Energy, de São Leopoldo, Wolmar Leindecker, conta que a busca pelo serviço teve leve baixa em janeiro, o que normalmente é esperado para os primeiros meses de cada ano.
Alta procura em 2022
"Não tem como saber se o reflexo é por conta de taxação, ou férias, ou ainda cenário político e econômico do País. Mas, na minha opinião, está muito parecido com este período no ano passado", conta. Na empresa onde Leindecker trabalha, as instalações triplicaram em 2022. As buscas pelo modo alternativo de geração de energia cresceram ainda mais nos quatro últimos meses do ano, uma corrida contra o tempo para escapar das taxas.
Conforme Leindecker, a grande parte dos clientes da empresa é formada por pequenos projetos, como os residenciais, que não serão tão impactados pela nova lei quanto as grandes usinas, que têm contas de energia elétrica de R$ 15 mil mensais, por exemplo. De acordo com ele, em projetos residenciais são instalados, em média, quatro painéis, um investimento de R$ 10 mil que o cliente consegue recuperar, em economia na conta de luz, em cinco anos.
Investimento é bom negócio
Proprietário da Fatto Luce, de Sapucaia do Sul, Egídio Cembrani trabalha há quatro anos no ramo de soluções em energia solar e diz também não ter notado influência da nova legislação nos negócios até agora. “Normalmente, nos meses de janeiro e fevereiro a procura geral por serviços que prestamos além da energia fotovoltaica reduz um pouco. Mesmo com a lei 14.300 tendo entrado para regulamentar o setor, a procura foi bem maior que a esperada”, garante.
Apesar da cobrança, Cembrani destaca que apostar na energia solar continua sendo um bom negócio.“Mesmo que tenha taxação em vigor, ainda é um negócio vantajoso para ambas as partes, pelo lado social e sustentável. Além disso, o oportunista, que está no negócio visando apenas o lucro do momento, vai sair do mercado, ficando apenas as empresas com compromisso social e ambiental”, opina.
Coordenadora estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar) no Rio Grande do Sul, Mara Schwengber também destaca que a redução de negócios nos últimos dias não se dá em função da mudança regulatória. “Janeiro e fevereiro são meses em que normalmente há uma procura menor. No entanto, há muitas pessoas que estão aproveitando o momento para fazer orçamentos”, diz. “Mesmo com a taxação, a conta continua fazendo sentido.”
Um dia para casa se transformar em uma pequena usina elétrica
Conforme Mara, o serviço é “extremamente atrativo”, e pode compensar até 100% da tarifa. Para ela, a previsão é de vendas em alta neste ano. “Temos a expectativa de realizarmos 80% do que foi instalado no ano passado”, conta. Presidente executivo da ABSolar, Rodrigo Sauaia aponta que o crescimento dos projetos em residências, pequenos negócios e prédios públicos está ligado a fatores como o alto custo da energia elétrica, a queda dos preços da energia solar e facilidade de financiamento com taxas atrativas.
“A energia solar ajuda a população e as empresas a se protegerem dos fortes aumentos nas contas de luz e contribui para a sustentabilidade. Graças à versatilidade e agilidade da tecnologia fotovoltaica, basta um dia de instalação para transformar uma residência em uma pequena usina geradora de eletricidade limpa”, diz.
RS responde por mais de 10% da modalidade
Segundo mapeamento feito pela ABSolar, o RS está entre os três estados brasileiros com maior potência instalada de energia solar na geração própria em telhados e pequenos terrenos. Conforme a associação, o Estado possui mais de 1,8 gigawatt em operação nas residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos. Conforme a entidade, o território responde sozinho por 10,9% de toda a potência instalada de energia solar na modalidade. O RS possui mais de 207 mil conexões operacionais, espalhadas por 100% dos seus 497 municípios.
Atualmente são mais de 273 mil consumidores de energia elétrica que já contam com redução na conta de luz com o sistema. Desde 2012, a geração própria de energia solar já proporcionou ao RS a atração de mais de R$ 9,7 bilhões em investimentos, geração de 54,1 mil empregos e a arrecadação de mais de R$ 2,9 bilhões aos cofres públicos.
“A tecnologia fotovoltaica representa enorme potencial de geração de emprego e renda, atração de investimentos privados e colaboração no combate às mudanças climáticas”, diz Mara.