Pelas ruas e espaços dedicados a organização de doações, os voluntários se multiplicam em São Sebastião do Caí. Conforme o coordenador da Defesa Civil, Ênio dos Santos, são pessoas vindas de várias cidades, integrantes de diversos grupos sociais, ONG’ e igrejas. “As pessoas chegam, se apresentam e encaminhamos eles. Já perdi até as contas de quantos são”, diz. Apesar disso, sobra o que fazer na cidade que teve 80% do seu território atingido pela cheia histórica de 16 metros do Rio Caí.
Dentre os espaços públicos destruídos pela enchente em São Sebastião do Caí está o Centro Integrado Navegantes. O ginásio acolhe no contraturno 80 crianças, alunas da Escola Municipal Alencastro Guimarães, que também ficou abaixo d’água, perdendo quase tudo.
Na manhã deste sábado, um grupo de voluntários trabalhava na limpeza de mesas, cadeiras e dos brinquedos. Como o lodo ficou impregnado, era preciso muita paciência e escovação para conseguir garantir que os objetos ficassem limpos.
A professora Márcia Regina de Mello, 61, não consegue conter a tristeza ao olhar para o local devastado. “Vamos conseguir salvar as classes, alguns brinquedos e as caminhas”, relata.
Com a casa também atingida pela cheia, chegando à marca de 1,8 metro, a técnica em enfermagem Camila Papa, 24, dedicou o dia para ajudar na limpeza do Centro Integrado. Ela faz parte do Grupo Escoteiro Taquató, que também auxiliou no serviço. “Essa foi a quarta enchente do ano, mas foi muito além do que esperávamos. É muito triste ver a tua comunidade perdendo tudo. É desolador”, resume.
Vindos de Portão, os voluntários Josué Toebe, 41, Miguel Otaiza, 28, são do Grupo Mãos que Ajudam da Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Durante a toda semana, o grupo tem se revezado com ajudantes no município. “A gente se sente feliz de se colocar à disposição. Este é um lugar que recebe criança. É triste ver como ficou”, comentou.
Já a ONG Nono Giacomelli, com sede em Caxias do Sul, mobiliza doações e mão de obra oriundas da serra. O trailer foi instalado no bairro Navegantes e serve como depósito aos voluntários que se revezam na distribuição de cestas básicas, água e na produção de refeições. Neste sábado, um grupo preparava cachorro-quente em uma cozinha improvisada. Outra equipe passava pelas ruas mais afastadas, com caminhão e uma Kombi, entregando comida. O empresário Jair Flores, 59, cedeu água e energia elétrica para os voluntários trabalharem. “Nós ficamos sem chão. É uma coisa muito boa essas pessoas que aparecem aqui para nos ajudar”, agradece.
Moradora de Dois Irmãos, a industriária Gabriela Américo Bloss, 37, é do grupo Pescadores Raiz, que também mobilizou voluntários para ajudar no município. Eles separavam os kits de produtos de limpeza e higiene para serem entregues às famílias.
Para quem deseja prestar ajuda com mão de obra, um dos pontos de informação é o Salão Paroquial da Igreja São Sebastião (Rua Marechal Floriano), no Centro. Basta chegar ao local e se apresentar para o voluntariado.
Foi criada uma chave PIX oficial da prefeitura exclusivamente para receber doações em dinheiro, para os atingidos pela enchente, CNPJ: 88370879000104, beneficiário Município de São Sebastião do Caí.
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