SOLIDARIEDADE

ENCHENTE: Professores se unem e escola é transformada em ponto de ajuda no Caí

Moradores do bairro Vila Rica relatam que a cheia jamais tinha atingido imóveis com tanta força como desta vez

Publicado em: 20/11/2023 16:15
Última atualização: 20/11/2023 16:15

Em vez de geografia, matemática ou português, o conteúdo que é ensinado nesta semana na Escola Estadual Josefina Jaques Noronha é a solidariedade. A região, que costuma ter alagamentos no ponto mais próximo ao Rio Caí, desta vez ficou abaixo d’água em Sebastião do Caí. Por isso, professores e funcionários da instituição do bairro Vila Rica se uniram para prestar ajuda a quem teve a casa atingida.


Escola Josefina Jaques Noronha, bairro Vila Rica, virou QG de ajuda às famílias Foto: Débora Ertel/GES-Especial

O colégio se tornou em uma espécie de QG, e lá os moradores encontram comida, roupas, produtos de limpeza e também conforto para o momento difícil que estão passando. “Pessoas que nunca precisaram de ajuda e agora estão nesta situação. A gente não sabe nem o que dizer. É muito triste. Acho que metade das famílias da escola foram atingidas”, diz a diretora Cláudia Kich, de 49 anos. A Josefina atende quase 400 alunos. Todas as escolas suspenderam as aulas no município.


Cláudia Kich, Paula Bohn e Leila Heidrich cozinhando para as famílias atingidas Foto: Débora Ertel/GES-Especial

A escola se preparava para fazer um brechó, evento que foi cancelado, e as roupas que seriam vendidas estão todas sendo doadas. Segundo Cláudia, pais têm ligado preocupados com o andamento dos estudos dos filhos. “Pois eles perderam todos os cadernos na enchente e agora não têm como estudar para fazer a prova. Teremos que adaptar depois. Ainda não sabemos como vamos fazer”, comenta.


Cadernos de chamadas e de anotações dos professores ficaram abaixo d'água Foto: Débora Ertel/GES-Especial

A enchente não provocou estragos apenas em moradias próximas da várzea do Rio Caí, como historicamente ocorre todos os anos no bairro Vila Rica. Mas áreas mais longínquas, consideradas como parte “mais alta” e mais nobre, também foram afetadas.

O imóvel onde Michele de Paula, 40, tem um salão de beleza, fica na esquina da Rua Feliz com a Avenida Osvaldo Aranha há mais de 40 anos. Até então, a cheia apenas tinha atingido o térreo do local. “Desta vez, a água alcançou 1,3 metro lá em cima. Nunca tinha acontecido de chegar no segundo piso. Molhou tudo lá em cima”, lamenta.


Altura da enchente alcançou 1,3 metro no segundo piso do prédio na Avenida Osvaldo Aranha, em São Sebastião do Caí Foto: Débora Ertel/GES-Especial


Mesmo relato tem Valdir Kunrath, 51, que mora no mesmo endereço desde o nascimento. Ele também reside na Osvaldo Aranha, cerca de um quilômetro acima. Neste ponto, a água alcançou mais de 2 metros de altura. “Ergui tudo achando que seria como das outras vezes, mas não adiantou nada. Agora é limpar e batalhar para recuperar”, declara. 


Altura da enchente ficou acima da janela na Avenida Osvaldo Aranha, bairro Vila, em São Sebastião do Caí Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Doações de móveis podem ser realizadas na Rua Pinheiro Machado, 625. Já alimentos, produtos de higiene pessoal e limpeza, colchões, roupas de cama e travesseiros devem ser encaminhados para o Salão Paroquial da Igreja Católica, na Rua Marechal Floriano Peixoto, das 8 às 20 horas.

Nesta segunda-feira (20) foi criada uma chave Pix oficial da prefeitura exclusivamente para receber doações em dinheiro para os atingidos pela enchente do último final de semana. Interessados em ajudar podem enviar valores para o CNPJ 88370879000104. 

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