A forte chuva que atingiu o estado de Santa Catarina no começo de outubro trouxe consequências também para empresários da região. De acordo com empresas que atuam com comércio exterior, de cidades como Novo Hamburgo e Campo Bom, há cargas de exportação paradas em portos catarinenses, como o da cidade de Imbituba, há quase 2 meses.
A situação começou quando o porto de Navegantes precisou ser fechado por duas semanas e as cargas acabaram sendo levadas para portos menores. Entre os setores afetados estão calçadista, químico, metalmecânico e de eletrônicos.
“Várias empresas da região foram afetadas devido a cargas que desceriam no porto Navegantes, mas pela chuvarada não conseguiram atracar. Aí, o dono do navio largou as cargas em Imbituba, mas é um porto pequeno. Temos clientes com cargas paradas há quase 2 meses e o pessoal do porto não dá satisfação nenhuma. É um descaso. Tem um operador deles que falou que em 3 meses vão resolver, tem carga com nobreak que se não se colocar em tomada logo perderá a utilidade”, relata o diretor comercial da Asia Cargo Logistics, Rafael Schelle.
O diretor comercial também lembra de custos adicionais que estão sendo pagos pelas empresas. “Tem gente já pagando aluguel pelo conteiner. Tudo isso gera custos no final também, acaba aumento o valor das mercadorias. O pessoal do porto disse que não estavam preparados para o aumento da demanda. Mas a Santos Brasil (empresa que administra o porto) ficou de mandar máquinas e e contratar mais funcionários para agilizar, resolver. Mas nada foi feito. Ainda não conseguimos avaliar o prejuízo, mas com certeza são grandes cifras”, lamenta Schelle.
A situação envolve exportações e importações. “Está um caos. O porto estava fechado, então, a fábrica de calçado que tinha um contêiner para exportar não conseguiu entregar enquanto durou essa situação. Da mesma forma, as cargas que tinham conseguido entrar no porto, ficaram lá dentro, esperando, porque nenhum navio entrava pra operar. Isso sem falar de cargas de importação que deveriam chegar em Navegantes e não chegavam porque o porto estava fechado e o navio não atracou. Teve navio que desviou a rota para outros portos, descarregou as cargas e o cliente teve que se virar”, conta a representante de uma empresa logística com sede em Novo Hamburgo e que prefere não se identificar.
A reportagem do Grupo Sinos procurou a Secretaria de Portos, Aeroportos e Ferrovias de Santa Catarina. Por meio da assessoria de imprensa, a secretaria informou que os portos são administrados por empresas privadas e que, por isso, não possui poder de fiscalizar e gerenciar os serviços.
O que diz o porto de Imbituba
A Santos Brasil, que opera o porto de Imbituba (TeCon Imbituba), falou sobre o aumento na demanda. Segundo a empresa, o porto, que recebe em média, 4,1 mil contêineres por mês, com o redirecionamento dos navios, recebeu em pouco mais de uma semana, cerca de 7 mil contêineres.
“O volume inesperado de contêineres que precisou ser operado e armazenado no terminal em um mesmo espaço de tempo provocou dificuldades no atendimento e na liberação das mercadorias. Para agilizar a liberação de cargas, a empresa está adotando várias medidas emergenciais. Entre elas, destacam-se: operação 24 horas por dia; contratação de pátio de triagem emergencial; transferência de pessoal e equipamentos de outras unidades para o Tecon Imbituba; e solicitação da lista de contêineres parametrizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)”, diz a nota oficial da Santos Brasil.
A empresa não informou quando a situação será normalizada, mas destacou, também em nota, que “não está medindo esforços para sanar a situação o mais rapidamente possível.”
LEIA TAMBÉM