PRESO PREVENTIVAMENTE
EMPRESÁRIO DESAPARECIDO: Quem é o vendedor de carros do RS que deu golpe milionário e matou sócio mineiro
Polícia Civil encontrou o corpo de Samuel Eberth de Melo neste final de semana após dias de buscas
Última atualização: 16/06/2024 11:28
O vendedor de Novo Hamburgo, parceiro comercial de Samuel Eberth de Melo, foi preso pela morte do empresário mineiro. Segundo informações divulgadas pela Polícia Civil durante coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (12), Diego Gabriel da Silva, de 30 anos, foi detido temporariamente no dia 4 deste mês. Posteriormente, a prisão foi convertida em preventiva pela Justiça.
Conforme o diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Mário Souza, o homicídio foi "um caso gravíssimo que foi solucionado". Segundo Souza, dois homens foram presos durante a investigação. Além de Silva, um comparsa dele foi detido no dia 3. O nome do segundo preso não foi divulgado.
O parceiro comercial é apontado como o autor do crime. "O sócio que assassinou o Samuel", afirma o delegado. De acordo com uma apuração anterior do Jornal NH, o preso tem 30 anos e é conhecido como habilidoso vendedor de automóveis. Ele recebia carros de Melo e tinha procuração para negociação e transferência de posse no Rio Grande do Sul.
Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na residência do sócio. Foram encontrados dois carregadores com diversas munições calibre 380.
Dois veículos passaram por perícia do Instituto-Geral de Perícias (IGP), com uso de luminol, que apontaram a presença de sangue nos automóveis. Dessa forma, a Polícia constatou que o sócio teria participação no crime.
Denúncia de que corpo estava em casa abandonada
O corpo de Melo foi encontrado na madugada de sábado (10) para domingo (11) em área de mata de Santo Antônio da Patrulha. Ele foi achado em uma propriedade rural. O cadáver estava em meio a folhas e telhas, o que faz com que a Polícia acredite que os suspeitos pretendiam enterrá-lo no local, próximo a um barranco, que fica perto de um riacho.
O empresário foi morto com ao menos nove tiros, um na cabeça e os demais nas costas. A investigação aponta que ele foi levado para o local, onde foi executado. Ele teria sido morto na sexta-feira, dia 2, após as 16 horas, horário em que foi visto pela última vez.
Após receber uma denúncia, os policiais e o Corpo de Bombeiros fizeram buscas em propriedades de Santo Antônio da Patrulha.
A delegada Marcela Ehler, titular da Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, conta que a equipe fez contato com o parceiro de negócios de Melo no dia em que o desaparecimento foi registrado na delegacia.
Inicialmente os familiares tinham a informação de que a vítima iria para a Serra gaúcha. "A partir de depoimentos inconsistentes, nós verificamos que o Samuel jamais teria ido a Gramado já que o veículo que teria sido utilizado por ele para ir a Gramado não rodava há mais de dois meses, de acordo com as câmeras de monitoramento", diz Ehler.
A delegada relata que, a partir da análise das redes sociais de Melo, a Polícia descobriu que ele havia passado por Santo Antônio da Patrulha. "Foi identificada por um de nossos policiais, que conhecia bem a região, como sendo uma igreja muito próxima à residência do suspeito [Silva], ficaria, inclusive, na mesma rua". Conforme ela, Silva teria como endereço principal uma casa naquela região.
A hipótese de homicídio se comprovou ao verificarem uma compra de materiais que seriam usados para ocultar o corpo. "Descobriram que ele [suspeito] teria comprado três metros de lona, duas pás, uma enxada e dois pares de luva", diz Ehler.
"Em análise de dados coletados, verificamos se trata de um crime extremamente cruel, pois tudo indicava que os dois tinham uma boa relação", conclui a delegada.
Relembre o caso
O empresário era proprietário de uma revendedora de carros em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ele estava desaparecido desde o dia 2 de junho. Ele veio para Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, para se encontrar com o parceiro com quem negociava há alguns meses. A visita era para cobrar uma dívida milionária.
Gustavo Dido, amigo de Melo que acompanha as buscas de BH, contou à reportagem que a família e os amigos estavam angustiados com o sumiço do empresário. Ele falou com o mineiro pela última vez na manhã do dia 2. "Ele já mostrou que estava desconfiado, que estava acontecendo alguma coisa."
Dido explica que o vendedor do Vale do Sinos ganhou a confiança do amigo, que enviava diversos veículos, avaliados em cerca de R$ 80 mil cada, para serem revendidos na região. "Porém, nesses últimos tempos, ele não estava recebendo o valor dos veículos que foram vendidos."
Na quarta-feira (31), Melo resolveu vir a Novo Hamburgo para se reunir com esse parceiro e resolver a situação dos pagamentos atrasados. Ele se hospedou em um hotel no bairro Hamburgo Velho.
Antes de sumir, ele teria ido visitar uma revenda de carros em Santo Antônio da Patrulha com o parceiro de negócios. Naquela tarde, familiares viram um story dele na carona de um veículo.
Na manhã do dia 3, o pai, o irmão e o cunhado de Melo chegaram a Novo Hamburgo e registraram o desaparecimento na Polícia Civil.